quinta-feira, 6 de março de 2008

Um bilião para o Kosovo

A Madeira está numa situação de “aperto” do governo da República portuguesa tal como estava o Kosovo em relação ao governo da República Sérvia. Os governantes da República estão-se nas tintas para com a Madeira. José Sócrates, na qualidade de primeiro-ministro nunca veio à Região, o que só vem confirmar o desprezo que o governo socialista de Portugal tem para com os madeirenses e porto-santenses


A passagem da antiga província da Sérvia a Estado independente começa a estabelecer ligações inter-países e instituições internacionais compensadoras. A União Europeia aprovou recentemente a atribuição de um bilião de euros (um milhão de milhões de euros), a fundo perdido, como uma primeira tranche de ajudas destinadas à criação de infra-estruturas indispensáveis para que o Kosovo possa, o mais cedo possível, alcançar estabilidade e crescimento económico.
O estado degradado da economia kosovar, sob o domínio sérvio, foi um dos pontos mais focados pelos anti-independentistas do Kosovo invocando incapacidade para viver como Nação livre e democrática. Um dos argumentos dos que se oponham à independência do Kosovo era de que a ex-província sérvia não tinha riqueza própria, não dispunha de meios, tinha uma fraca economia e a sua sobrevivência dependia fortemente do governo da Sérvia. Os apoios que começam a chegar ao Kosovo (país independente desde 18 de Fevereiro deste ano) deitam por terra as teses dos “contras”.
Pelo que nos tem sido dado observar, não temos dúvidas que dentro de poucos anos o Kosovo será um dos países mais desenvolvidos do leste europeu e que não levará muitos anos para entrar no grupo dos Estados membros da Comunidade Europeia e da Zona Euro. Ao terem-se libertado da tutela sérvia, os kosovares têm agora todas as possibilidades de porem em andamento os projectos de desenvolvimento e de modernidade que sempre quiserem imprimir mas que o colonialismo imposto pela Sérvia sempre se opôs.
Temos que ser optimistas. Este “salto em frente” do Kosovo foi naturalmente aplaudido pelas principais potências europeias e mundiais, entre as quais, o Reino Unido, Alemanha, França. Itália e EUA. Portugal (até ontem) não se tinha pronunciado se é a favor ou contra o Kosovo independente, o que só vem provar que o governo socialista português não tem “independência própria” nem visão sobre as transformações que estão a ocorrer no plano das nações e da aldeia global. Fica a ideia que Portugal anda a reboque do que os outros países decidem. A Espanha, com outra dimensão, disse, desde logo, discordar com a independência do Kosovo. Tomou uma posição sem estar à espera do que outros possam vir a decidir. O governo português aguarda para decidir, encolhe-se, perde-se, não sabe que posição tomar, não tem opinião própria!
A Madeira não é o Kosovo, nem Chipre, nem Malta, nem outros países de “pequena-média” dimensão territorial, mas tem tanto ou mais condições para ser uma região verdadeiramente autónoma ou mesmo uma nação independente. Das poucas oportunidades dadas aos madeirenses, por via da Autonomia (embora limitada), a Região registou, apenas em três décadas, um desenvolvimento impar e impressionante. Muito se deve aos apoios provenientes da União Europeia mas muito mais podia ter sido feito se a Madeira não dependesse da filtração feita pelo governo da República.
O Kosovo, tal como Malta e Chipre, são alguns dos exemplos que podem ser referenciados quando se fala, com inteira justiça, numa maior autonomia ou mesmo de independência para a Madeira. Como afirmou, por mais de uma vez, o Dr. Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional, “A Madeira não vive à custa do Continente”. As campanhas feitas a partir de Lisboa contra Madeira, com comentários do mais baixo teor miserabilista para que os portugueses ficam com a ideia que a Madeira vive à custa do orçamento do país, é um atentado contra os madeirenses e que produz impacto junto dos menos esclarecidos. Se a Madeira não fosse uma “mais valia” para o Estado português, pelo que vimos com as independências das ex-colónias africanas, há muito se teria “livrado” da Madeira e do Porto Santo.
Os apoios que o Kosovo, como país, irá receber internacionalmente jamais receberia e se desenvolveria se continuasse a depender da governação sérvia. O governo kosovar já não precisa de expor à Sérvia os planos para o seu desenvolvimento, não fica à espera de aprovações de ministérios sérvios ou do presidente da República da Sérvia. Tudo será decidido pelo governo próprio, pelos kosovares, sem intromissões e intoleráveis adiamentos por parte da República sérvia.
A Madeira está numa situação de “aperto” do governo da República portuguesa tal como estava o Kosovo em relação ao governo da República Sérvia. Os governantes da República estão-se nas tintas para com a Madeira. José Sócrates, na qualidade de primeiro-ministro nunca veio à Região, o que só vem confirmar o desprezo que o governo socialista de Portugal tem para com os madeirenses e porto-santenses.
Já passaram muitos anos, séculos, para que não haja enganos sobre o que Portugal quer da Madeira: a posse de um território, no meio do atlântico, com uma autonomia limitada nos poderes e forçada às imposições colonialistas do governo. O Kosovo é mais um bom exemplo, tal como Malta e o Chipre, para o futuro da Madeira e do Porto Santo.

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