segunda-feira, 31 de março de 2008

Confusões no ensino

É óbvio que a opinião pública dá mais atenção ao “flash” sensac óbvio que a opinião pública dá mais atenção aionalista, da aluna que agrediu a prÉofessora, do que as causas que estão na origem do intolerável procedimento. Faz falta, sim senhor, umas “réguadas” para aqueles alunos, já crescidinhos, que entendem ter uma má conduta nas salas de aula e no interior dos estabelecimentos escolares


A reacção do governo da República à estrondosa manifestação dos professores não podia ser mais cirúrgica e malévola. Primeiro aceitar sem comentar, depois preparar a melhor resposta e por fim projectar nos mass-media a incapacidade dos docentes, atribuir-lhes responsabilidade do abandono escolar e na indisciplina nas salas de aula. Num “jogo-duplo”, sem dar a cara, o governo pôs a comunicação social a fazer o serviço sujo e as reivindicações dos professores passaram para segundo plano. Ou melhor.
O governo da República, em poucos dias, voltou o odioso contra os professores. Uma perceptível contra-informação foi posta a circular pondo em causa as pretensões dos professores que levaram a cabo a maior manifestação de protesto dos últimos anos em Portugal. O eco dos cerca de 100 mil professores manifestantes foi habilmente desvirtuado e o governo conseguiu, num assomo de virtuosa deturpação, voltar a opinião pública menos informada contra os docentes. As maleitas da educação passaram para a violência nas escolas com os professores a serem desobedecidos e maltratados por alunos que deviam ser submetidos a medidas coercivas severas.
As posições inverteram-se, aparecendo uns iluminados a criticar a classe docente e a elogiar as medidas irredutíveis da ministra da Educação. A comunicação social, aliada do governo, não tem poupando nas últimas semanas os professores, acusando-os, inclusive, de serem uns funcionários públicos privilegiados em relação aos outros trabalhadores da administração pública. É por estas e por outras que Portugal não passa de uma pais pobremente manobrado e incapaz de subir na emancipação dos países mais desenvolvidos da Europa.
É óbvio que a opinião pública dá mais atenção ao “flash” sensacionalista, da aluna que agrediu a professora, do que as causas que estão na origem do intolerável procedimento. Faz falta, sim senhor, umas “reguadas” para aqueles alunos, já crescidinhos, que entendem ter uma má conduta nas salas de aula e no interior dos estabelecimentos escolares.
Acabe-se com os atenuantes para aqueles estudantes que, com boa ou má educação no seio familiar ou na comunidade onde vivem, não cumprem as regras estabelecidas. As eventuais falhas no seio familiar e na sociedade não podem ser aceites como justificação da má criação.
Certamente vamos encontrar pelo país fora muitos jovens, em idade escolar, que gostariam de estudar e não podem frequentar a aulas por falta de condições económicas dos pais. O ensino gratuito não é sumamente de “borla” tem custos, e por vezes bastante altos, para as famílias.
Acabe-se, de uma vez por todas, com o levantar e arquivar de processos, com sermões moralistas, cujos reflexos, em grande medida, estão a projectar-se no aumento da violência e da toxicodependência na sociedade portuguesa.
Em matéria de Educação, como noutras áreas, os governos socialistas têm acumulado fracassos atrás de fracassos. Um professor conta uma eventual anedota sobre a licenciatura do primeiro-ministro José Sócrates e logo é suspenso e alvo de um processo disciplinar. Foi preciso levar o país a falar da grotesca anedota para o governo voltar atrás e arquivar o processo injustificável. Numa manifestação de estudantes frente ao ministério da Educação, um aluno mostra o rabo, ao léu, e nada lhe acontece, quando devia ser severamente punido, tanto mais que era estudante universitário. O antigo primeiro-ministro socialista, António Guterres, elegeu a educação como a principal paixão do seu governo. Foi um fiasco. Podiam ter vindo aprender à Região Autónoma da Madeira.
Anda o governo socialista a atirar as responsabilidades do insucesso escolar para cima dos professores como se estes fossem os culpados pela ineficácia dos planos e programas de ensino, do regime educativo instituído, da legislação e do exageradíssimo quadro de cursos ministrados. Os professores cumprem programas previamente determinados, muitas vezes discordando da sua validação formativa, mas há que cumprir. Depois é ver o número de jovens licenciados a aumentar no quadro dos cerca de meio milhão de desempregados e o governo socialista a dizer que é melhor ter licenciados do que analfabetos no desemprego.
Como se não bastasse, o governo vem triunfalmente dizer que Portugal é o país da Europa com a melhor qualificação profissional. Que até temos no país dezenas de profissionais qualificados, pasme-se, à espera de emprego. Pois é; dá-se canudos, passa-se certificados, fazem-se cursos de formação (duvidosa) e com o diploma na mão somos os mais qualificados. Para fazer o quê? Com que produtividade?

28.03.2008

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