quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Estádio dos Barreiros

É chegada a hora do Governo Regional investir num projecto inovador para o estádio mais emblemático da Região e que faça jus à projecção que o futebol madeirense já alcançou no plano nacional e com participações em provas europeias (Taça UEFA)... O âmbito pluridimensional do desporto está hoje muito acima das paixões associativas e de clubes. Quem gosta de desporto quer ver sempre mais e melhores equipas, competição mais virtuosa e espectacular, estádios bem apetrechados e atletas de alto gabarito



Não há estádios de futebol que resistem meio século sem sofrerem profundas ou mesmo radicais intervenções nas suas componentes funcionais, tanto nas condições de treinos e de jogos como na acomodação para os espectadores e serviços de apoio envolventes. O Estádio os Barreiros está funcionalmente ultrapassado. Há muito que deixou de ser atractivo sobretudo para os adeptos do futebol. Por muito boa que seja a sua localização, boas acessibilidades, próxima da zona hoteleira e a pouca distância do centro da cidade do Funchal, o estádio dos Barreiros carece de modernidade que caracteriza os estádios construídos mais recentemente no continente português e pela Europa onde o futebol é rei.
Durante vários anos o Governo Regional concedeu avultados apoios aos clubes para construírem as suas “oficinas” de trabalho e dotarem-se dos meios necessários para puderem dispor das melhores condições para preparem as suas equipas. O treinar na terra e jogar na relva, de fazer a preparação física na avenida do Mar e no parque de Santa Catarina, foi penoso e desgastante para as equipas do Marítimo, União e Nacional nas primeiras épocas que competiram nos campeonatos nacionais de futebol. As três equipas apenas tinham o estádio dos Barreiros para jogar.
É chegada a hora do Governo Regional investir num projecto inovador para o estádio mais emblemático da Região e que faça jus à projecção que o futebol madeirense já alcançou no plano nacional e com participações em provas europeias (Taça UEFA). Um estádio dos Barreiros à medida da nossa população desportiva, adepta do futebol, e não megalómano como queira o Governo da República transformar o estádio dos Barreiros com capacidade para 35 mil espectadores, para jogos do Euro2004. Ainda bem que o Governo Regional não entrou na loucura do Governo da República e veja-se, hoje, o que se passa com os estádios de Leiria, Aveiro, Coimbra e Algarve. Estádios que custaram milhões aos cofres do Estado e estão praticamente às moscas.
O âmbito pluridimensional do desporto está hoje muito acima das paixões associativas e de clubes. Quem gosta de desporto quer ver sempre mais e melhores equipas, competição mais virtuosa e espectacular, estádios bem apetrechados e atletas de alto gabarito. Por muito que gostamos do nosso clube de bairro, da região ou do país, não abdicamos de ver os grandes jogos entre grandes equipas, sempre que nos é dada tal oportunidade, nomeadamente através da televisão.
Portugal tem excelentes estádios de futebol, tem bons praticantes, uma população que gosta de viver as grandes manifestações e emoções como bem se viu, por todo o país, quando do Euro2004. Temos currículo no desporto mundial, que não apenas no futebol. Falta-nos, todavia, o poder económico para que as nossas equipas e os nossos atletas possam ter bons suportes financeiros e os milhares de adeptos capacidade para serem sócios ou adquirirem bilhetes de ingresso e encherem os nossos estádios. Não podemos esconder as limitações de Portugal no confronto internacional e devemos ter orgulho dos feitos que, apesar de tudo, ainda vamos coleccionando.
Falando da Madeira, com pouco mais de 250 mil habitantes, devemos regozijar-nos do passado e presente do nosso desporto. É que não há, por essa Europa fora regiões com a dimensão da nossa ilha a competir em várias frentes desportivas quer na região, como no país, nos campeonatos europeus, mundiais e jogos olímpicos. A ilha é territorialmente pequena e fica a cerca de hora e meia de Portugal continental e a mais de duas horas do centro da Europa. Somos, por tudo quanto fazemos e temos feito no desporto, uma “região gigante” em comparação com os “grandes” do país, da Europa e do mundo. Consulte-se os dados e estabeleça-se realisticamente comparações. Sem bairrismo nem hipocrisias.
Este visível “boom” no desporto madeirense deve-se inquestionavelmente aos investimentos que o Governo Regional fez e continua a fazer nas infra-estruturas, nas mais diversas áreas desportivas. Novos pavilhões, novos campos relvados e sintéticos, novas piscinas, novos recintos para a prática do golfe e do ténis, proporcionado aos jovens e menos jovens a prática das mais diversas modalidades. Surgindo, em paralelo, notáveis empreendimentos como o complexo desportivo do Clube Desportivo Nacional, na Choupana, considerado como um dos melhores do país. Também o complexo desportivo do Clube de Futebol União, que tem vindo a crescer embora em marcha mais lenta, certamente que em breve estará concluído.
Criticar os investimentos feitos no desporto madeirense é ter o vírus do maldizer, é desconhecer a história e defender o regresso ao passado da terra batida.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estádio dos Barreiros

Com o tempo a passar, vão transbordando algumas informações sobre o processo de avaliação das propostas apresentadas no concurso para a construção do (novo) Estádio dos Barreiros.
A providência cautelar apresentada pela empresa afastada do concurso aquando da abertura das propostas terá surtido efeito pelo que, aparentemente, terá sido reintegrada à condição, até a decisão do tribunal. Afinal, com o benefício do Marítimo pois sabe-se que será a proposta mais barata.
A hipotética proposta mais barata será, afinal, a mais cara. Custos na ordem dos 1000 euros por metro quadrado fazem dessa proposta (retira 20% ao custo global, mas constrói quase 50% menos que as restantes) uma má proposta, quer para o Marítimo (usufruente de uma instalação mínima), quer para os contribuintes e GR (financiadores) que pagarão mais por muito menos. Haverá algumas propostas de construção a valores pouco acima dos 600 euros o metro quadrado.
Em paralelo, consta que aquela mesma proposta (alternativa e não variante à proposta base) não se enquadra legalmente no concurso público que é de construção e não de concepção-construção (situação onde os concorrentes poderiam apresentar projectos alternativos). O que terá sido uma boa opção do Marítimo, definindo em projecto o que pretende - não entregando essa tarefa a outros – mas não deixando de abrir a possibilidade de apresentação de variantes (alterações ou reduções de programa simples à proposta base, definida e colocada a concurso).
Face a esta situação, é de esperar que a obra seja adjudicada a uma das empresas com custo m2 inferior, garantindo a execução do projecto base, mesmo que o governo limite o seu apoio financeiro, exclusivamente às áreas desportivas ali (bem) definidas.
Para a restante verba e restantes espaços (a maioria nos baixos das bancadas) caberá ao Marítimo encontrar financiadores (possíveis investidores, futuros utilizadores dos espaços comerciais) que suportarão a construção e acabamentos (agora ou no futuro em fase de maior desafogo económico) de espaços que viabilizarão o Estádio resultante, libertando-o (como todos os que agora se vão construindo por esse mundo fora) de ser consumidor eterno de recursos públicos. Processo que deverá ser validado aquando da assinatura do acordo da cedência do terreno do actual Estádio dos Barreiros que estará para breve.
O atraso neste processo terá a ver com o facto do registo do terreno, realizado recentemente, estar incorrecto, pois alarga a todo o terreno (30mil m2) condicionantes e limitações de uso do mesmo (uso desportivo exclusivo) só aplicáveis a uma parte do mesmo (17mil m2) como comprova diversa documentação, referente à cedência do terreno ao Estado (Junta Geral) nos anos 50 do século passado, já na posse das entidades financiadoras e da competente (D R Património) para o efeito.