quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Separatismo continental

Os únicos que não conseguem ver o desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira são os políticos anti-autonomia e também aqueles políticos que põem o emblema partidário à frente do progresso global do país. Há políticos e governantes continentais que têm dificuldades em ver a Madeira como fazendo parte de Portugal. Não conseguem entender que a Autonomia não tem idade mas que tem futuro e que quanto mais Autonomia tiver a Madeira mais progresso haverá em Portugal.



Por que é que os candidatos à presidência da República quando se referem à Madeira falam com discurso belicoso e aos Açores com discurso de compaixão? Esta mesma posição é adoptada também, regra geral, pelos governantes e políticos continentais. Há aqui um problema a merecer análise embora se reconheça as suas particularidades e complexidades.
No contexto da insularidade seria bom que tivessem um conhecimento mais global em vez de tentarem criar separatismo entre as duas regiões autónomas. Os políticos e governantes continentais falam da Autonomia como se tivessem medo, como se tivessem pela frente a hipótese da perda dos territórios que restam do saudoso Império Colonial. Há um íntimo apelo pela eterna guarda do palácio, pela defesa das fortalezas, de reforços de defesa, não vá haver uma rebelião contra a Pátria. Deixaram, ingloriamente, de serem donos de um fabuloso Império mas como ainda alimentam ideais coloniais, têm um pavor da ideia de deixarem de ser “donos das Ilhas”. Há mentes que não mudam. Vêem o mal, as guerras e as perseguições por todo o lado. Têm medo das suas próprias sombras. Emperram o desenvolvimento, aceitam a paz podre como meio para poderem chegar ao topo das hierarquias. A postura dalguns candidatos à presidência da República mostra isso mesmo.
Se o desenvolvimento da Madeira incomoda alguns políticos, o menor progresso dos Açores não merece ser visto por compaixão mas antes por incentivos motivadores para também alcançarem um melhor nível de vida. Se a Madeira está à frente dos Açores e de todas as regiões do Continente, com excepção da região de Lisboa e Vale do Tejo, não significa que tenha sido mais beneficiada. Tem tido, isso sim, uma estratégia de desenvolvimento integrado, com todo o realismo e seriedade, que outras regiões não têm seguido.
Não são só os madeirenses a dizer que a presidência do Dr. Alberto João Jardim tem sido responsável pelas enormes transformações e pelo desenvolvimento que a Região tem tido de ano para ano. São os continentais portugueses e os estrangeiros que visitam a Madeira e o Porto Santo. São entidades nacionais e estrangeiras, são individualidades com altos cargos na União Europeia e noutros organismos internacionais. É a própria comunicação social (jornais, revistas e televisão) estrangeira a dar destaques sobre a Madeira como ilha com muito boa qualidade de vida.
Os únicos que não conseguem ver o desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira são os políticos anti-autonomia e também aqueles políticos que põem o emblema partidário à frente do progresso global do país. Há políticos e governantes continentais que têm dificuldades em ver a Madeira como fazendo parte de Portugal. Não conseguem entender que a Autonomia não tem idade mas que tem futuro e que quanto mais Autonomia tiver a Madeira mais progresso haverá em Portugal.
A metafórica compaixão pelos Açores por parte dos agora candidatos à presidência da República é uma doença transmitida pelo vírus do colonialismo. Todos conhecemos a atitude do rico para com o pobre: dá a esmola para que o pobre possa sobreviver mas não quer que o pobre saia do seu estado de pobreza para assim o rico poder continuar a fazer o que bem entender. Pois bem, a Madeira não é rica nem os Açores é pobre. O que a Madeira fez foi utilizar ao máximo as suas competências autonómicas, tomar iniciativas e avançar em vez de ficar à espera que os governos da República dessem o despacho demorado, como acontecia no antigamente. Talvez os Açores não tenham sido tão decididos em determinados momentos da Autonomia e deixaram-se ficar na dependência caritativa da República, ou então traçaram outros objectivos e avançaram para outras oportunidades.
O que não podemos aceitar é que venham dizer que a Madeira não é uma parcela do território português pelo facto de ter atingido um nível de desenvolvimento maior que os Açores e outras regiões continentais. Deviam os governantes do Continente seguir o exemplo da Madeira (como referem muitos dos continentais que vêm a esta região) em vez de andarem a fazer o discurso do rico para o pobre. Um político ou um governante que não consiga ver o mapa português e revele dificuldades em identificar as regiões no seu todo está a prejudicar o país, devia ser irradiado da política.
O Dr. Mário Soares, candidato à presidência da República, diz que falar do passado não conta, que essas coisas da descolonização que provocaram mais de 500 mil desalojados das ex-colónias, não devem ser mencionadas nesta campanha eleitoral. Sabemos porque não quer, o Dr. Mário Soares, que se fale na “descolonização”. Vamos então só falar do país empobrecido? De um Portugal que está na cauda da Europa, com crises económicas e financeiras permanentes, a mudar de governos por caprichos partidários?
Bom, este discurso não é o nosso e pensamos que também não será dos portugueses em geral que querem ver um Portugal mais próspero e com estabilidade política e governamental.