quinta-feira, 24 de fevereiro de 2005

Deslumbramentos!

Portugal começa a ser um país intelectualmente destruído pela democracia. A política não consegue estabilidade e os principais responsáveis pela queda da ditadura do Estado Novo já quase não têm voz ou já não se encontram no mundo dos vivos. A geração que veio a seguir está a ficar acomodada e os mais novos, nascidos depois de Abril de 1974, não sabem bem ligar o passado ao presente ou o que sabem nem sempre corresponde fielmente ao que se passou para que possam estabelecer comparações com o que hoje acontece.
Chegados a esta situação (do fim de uns, continuidade de outros e aparecimento de uns tantos) a democracia não pode ser bem interpretada nem plenamente aproveitada para que o país possa ter um rumo certo e evolutivo. O voto livre e secreto (através do qual cada um pode decidir o seu futuro mas também o futuro dos outros e do país) é ainda visto como um quadradinho de papel onde o eleitor coloca um xis ou uma cruz e nada mais! Qual a importância que este xis ou cruz representa para o país poucos sabem. Eleger, elegem; para quê e porquê, também é sabido; depois dos governos tomarem posse é que o voto começa a ser levado a sério e os xis e as cruzes a terem a influência.
Vota-se sem conhecer os candidatos, a não ser pela fotografia, e depois ficamos à espera que esses desconhecidos, falem por nós, defendem os nossos direitos, resolvem os nossos problemas, venham ao nosso encontro. Vota-se por simpatia, pela bom discurso, porque o nosso vizinho disse-nos que o melhor seria votar no partido ípsilon. Vota-se por antipatia. Às vezes até por uma questão de simplesmente cumprir o dever cívico.
O voto tanto pode ajudar a construir a democracia como a destruí-la. Vota-se por dever, por obrigação ou por qualquer outra razão mas acima de tudo votar deve ser um acto de consciência e de fé.
Oxalá que o novo governo da Republica funcione bem, mas não creio que este desejo venha a ser concretizado. Não perdi a memória e sei relativamente bem o que fizeram os governos socialistas sempre que estiveram no poder. Os períodos mais conflituosos dos governos democráticos em Portugal foram quando o PS esteve no governo, com muitas e controversas complicações, desde a quase bancarrota ao descalabro económico.
Faço votos para que este novo governo, maioritariamente PS, faça uma boa governação mas não acredito. Não acredito nas promessas feitas pelo Eng. José Sócrates, futuro primeiro-ministro, de criar cerca de 150 mil novos postos de trabalho (quando e como?); de tornar o ensino gratuito desde o pré-primário ao último ano do curso superior; de colocar a economia portuguesa ao nível das maiores economias europeias; de fazer baixar a inflação; de dar aos trabalhadores a possibilidade de se reformarem aos 55 anos, desde que já tenham 36 anos de descontos para a segurança social; de aumentar as pensões de reforma; e de tantas outras promessas que, a levar a sério, colocavam Portugal no paraíso.
Tomo como certo é que vamos assistir à habitual ladainha do novo governo a dizer que não pode agir mais depressa, não pode avançar por isto e por aquilo, não consegue levar por diante o que desejava, porque o governo anterior deixou o país assim e assado, que a culpa é do anterior governo e outro rosário de esfarrapadas desculpas.
Creio que seria verdadeiramente espectável por parte de todos os portugueses, que este novo governo, porque a maioria absoluta lhe confere condições, prepare as necessárias e urgentes alterações legislativas para uma eficiente revisão da Constituição tendo em vista a consequente e necessária alteração do Regime, único meio de poder conduzir Portugal aos verdadeiros caminhos da democracia, modernidade e desenvolvimento.

Aqui na Região, creio que os resultados expressos no último acto eleitoral bem poderiam ser dedicados a todos os “patetas autores da falácia do défice democrático”, pelas enormidades que costumam dizer sobre o sentido de voto manifestado pelos madeirenses. Os eleitores Madeirenses sabem como e em que circunstâncias devem votar e isso tem ficado claramente expresso em todos os actos eleitorais realizados. Esta mesma coerência e sentido de amor pela Madeira vai, sem sombra de dúvidas, ser manifestado em futuros actos eleitorais, não obstante certos deslumbramentos manifestados cá na Região.

Deslumbramentos!

Portugal começa a ser um país intelectualmente destruído pela democracia. A política não consegue estabilidade e os principais responsáveis pela queda da ditadura do Estado Novo já quase não têm voz ou já não se encontram no mundo dos vivos. A geração que veio a seguir está a ficar acomodada e os mais novos, nascidos depois de Abril de 1974, não sabem bem ligar o passado ao presente ou o que sabem nem sempre corresponde fielmente ao que se passou para que possam estabelecer comparações com o que hoje acontece.
Chegados a esta situação (do fim de uns, continuidade de outros e aparecimento de uns tantos) a democracia não pode ser bem interpretada nem plenamente aproveitada para que o país possa ter um rumo certo e evolutivo. O voto livre e secreto (através do qual cada um pode decidir o seu futuro mas também o futuro dos outros e do país) é ainda visto como um quadradinho de papel onde o eleitor coloca um xis ou uma cruz e nada mais! Qual a importância que este xis ou cruz representa para o país poucos sabem. Eleger, elegem; para quê e porquê, também é sabido; depois dos governos tomarem posse é que o voto começa a ser levado a sério e os xis e as cruzes a terem a influência.
Vota-se sem conhecer os candidatos, a não ser pela fotografia, e depois ficamos à espera que esses desconhecidos, falem por nós, defendem os nossos direitos, resolvem os nossos problemas, venham ao nosso encontro. Vota-se por simpatia, pela bom discurso, porque o nosso vizinho disse-nos que o melhor seria votar no partido ípsilon. Vota-se por antipatia. Às vezes até por uma questão de simplesmente cumprir o dever cívico.
O voto tanto pode ajudar a construir a democracia como a destruí-la. Vota-se por dever, por obrigação ou por qualquer outra razão mas acima de tudo votar deve ser um acto de consciência e de fé.
Oxalá que o novo governo da Republica funcione bem, mas não creio que este desejo venha a ser concretizado. Não perdi a memória e sei relativamente bem o que fizeram os governos socialistas sempre que estiveram no poder. Os períodos mais conflituosos dos governos democráticos em Portugal foram quando o PS esteve no governo, com muitas e controversas complicações, desde a quase bancarrota ao descalabro económico.
Faço votos para que este novo governo, maioritariamente PS, faça uma boa governação mas não acredito. Não acredito nas promessas feitas pelo Eng. José Sócrates, futuro primeiro-ministro, de criar cerca de 150 mil novos postos de trabalho (quando e como?); de tornar o ensino gratuito desde o pré-primário ao último ano do curso superior; de colocar a economia portuguesa ao nível das maiores economias europeias; de fazer baixar a inflação; de dar aos trabalhadores a possibilidade de se reformarem aos 55 anos, desde que já tenham 36 anos de descontos para a segurança social; de aumentar as pensões de reforma; e de tantas outras promessas que, a levar a sério, colocavam Portugal no paraíso.
Tomo como certo é que vamos assistir à habitual ladainha do novo governo a dizer que não pode agir mais depressa, não pode avançar por isto e por aquilo, não consegue levar por diante o que desejava, porque o governo anterior deixou o país assim e assado, que a culpa é do anterior governo e outro rosário de esfarrapadas desculpas.
Creio que seria verdadeiramente espectável por parte de todos os portugueses, que este novo governo, porque a maioria absoluta lhe confere condições, prepare as necessárias e urgentes alterações legislativas para uma eficiente revisão da Constituição tendo em vista a consequente e necessária alteração do Regime, único meio de poder conduzir Portugal aos verdadeiros caminhos da democracia, modernidade e desenvolvimento.

Aqui na Região, creio que os resultados expressos no último acto eleitoral bem poderiam ser dedicados a todos os “patetas autores da falácia do défice democrático”, pelas enormidades que costumam dizer sobre o sentido de voto manifestado pelos madeirenses. Os eleitores Madeirenses sabem como e em que circunstâncias devem votar e isso tem ficado claramente expresso em todos os actos eleitorais realizados. Esta mesma coerência e sentido de amor pela Madeira vai, sem sombra de dúvidas, ser manifestado em futuros actos eleitorais, não obstante certos deslumbramentos manifestados cá na Região.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

A eterna hipocrisia

De todos os actos eleitorais realizados até agora, o do próximo domingo, tem uma singularidade e um desafio muitos próprios. Não é um rodar-se o disco e pô-lo de novo a tocar. Não é mais uma ida às urnas nem apenas um dever para cumprir. É uma absoluta necessidade que os portugueses têm de fazer valer o seu voto e de não admitirem que outros decidam contra a sua própria vontade.
Somos nós, eleitores, que por voto secreto, em liberdade, temos o direito de escolher os deputados e governantes e, em consequência, o sistema de sociedade que nos merece mais confiança e em quem queremos confiar o nosso futuro colectivo. O nosso voto é a nossa única e verdadeira oportunidade de decidir o futuro. O voto é assim o nosso verdadeiro voto. Não pode ser confiado a quem passa a vida a prometer e nada fazer, a quem fala de mais e pouco ou nada faz, a quem pugna por uma sociedade sem metas, sem objectivos. Não podemos ir atrás do eterno socialismo e comunismo que tanto empobreceu a Europa do Leste, deixando milhões de seres humanos num degradante desamparo, a um desemprego altíssimo, a ordenados de miséria (ouça-se o que dizem os trabalhadores do Leste europeu que estão a trabalhar na região), a um nível de vida a roçar a sobrevivência.
Compreendemos determinadas posturas dalguns eleitores, quando dizem que estão a ficar fartos de tantos actos eleitorais. E têm razão. São eleições a mais e algumas podiam e deviam ter sido evitadas. Estas eleições de domingo não têm razão de ser. A sua “forçada” realização ainda não foi claramente justificada pelo presidente da República que causou todo este folclore, verdadeiro “golpe de estado constitucional”que vai custar caro ao país.
O povo português não merece tanto sacrifício nem se pode admitir que haja eleições porque alguém exerceu poderes com alguma ligeireza, alguma leviandade, provocando a queda da maioria que estava no Governo e na Assembleia da República e que estava a fazer um trabalho sem alaridos mas com reconhecida consistência. Não foi justificado mas todos nós já sabemos a verdadeira razão. É porque o governo estava a mexer nos interesses corporativos instalados no país e estava a demonstrar que o sistema está caduco e precisa ser urgentemente alterado. É por isso que temos que votar, todos devemos votar, para mostrarmos que os salteadores do poder não passam de golpistas que apenas sabem se aproveitar do trabalho e da capacidade de iniciativa dos outros.
Os socialistas constituem uma espécie de figurativo parasitismo que se apodera do trabalho que outros fazem com brio e honestidade.
No último governo socialista, enquanto houve “boa comida” na mesa, o presidente do PS e então Primeiro Ministro, António Guterres, não deixou de estar à frente das coisas, prometendo o céu na terra. Quando começou a faltar “comer”, entenda-se meios financeiros e a consequente decadência na saúde, no ensino e em todos as áreas, os socialistas fugiram, deixado o País no caos, no pântano. Portugal, com os socialistas no Governo, perde todos os confrontos na esfera europeia, perde na batalha pelos fundos estruturais, perde capacidade de intervenção e de negociação ao mesmo nível que qualquer país da Europa e do Mundo.
Sempre que os partidos de esquerdas chegam ao poder, Portugal desce a pico. Foi assim nos finais dos anos 70 e princípios dos anos 80, foi assim nos anos 90. Foi assim mais recentemente. Sempre que a esquerda chega ao poder, o país resvala para o abismo. Um dos piores momentos que Portugal atravessou, no plano económico, social e financeiro, foi quando o socialista Mário Soares era Primeiro Ministro. Quando o FMI teve que ajudar para que o país não viesse a cair na bancarrota, nas mãos dos estrangeiros.
Quando surgem inesperadas reacções por parte de socialistas e comunistas temos que olhar à nossa volta para melhor vermos o que se está a passar. Logo vemos que os socialistas querem apenas estar no governo a qualquer preço, basta que outros tenham criado condições de estabilidade e económicas para que eles apareçam para delapidar quanto custou a erguer. O que interesse é chegar ao poder. Depois, como rezam as crónicas, quando se apercebem que o governo está a bater no fundo, abandonam o barco, retiram-se, deixando o País à deriva. Foi assim que fez António Guterres. Podem dizer que também Durão Barroso ganhou as eleições e pouco depois deixou de exercer as funções de Primeiro Ministro, para exercer o alto cargo de presidente da Comissão Europa que não só vem justificar a grandeza do seu valor, como veio trazer prestígio para Portugal. O que seria de louvar e aplaudir, os socialistas e comunistas criticaram negativamente. Só porque, ao longo dos anos têm lutado por aquele alto cargo no sei da União Europeia e nunca conseguiram nada de realce.
As eleições de domingo têm de ser bastante participadas. Todos devemos votar para que o socialismo e o comunismo, em aliança, não venham uma vez mais arrasar o País, e nos conduzam à estagnação. Votemos todos, que ninguém deixe de votar, de exercer um importante direito, o seu dever cívico. Não nos deixemos levar pela eterna hipocrisia socialista, o partido das muitas promessas mas das poucas obras.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

Surpresas na campanha política

Em todas as campanhas eleitorais aparecem políticos ou pseudo políticos sobresselentes. Figuras de surpreendentes contrastes. Amores verdadeiros, amores falsos. Políticos a fazer de conta, a viver das aparências e a vender gato por lebre. Chateiam ou perdem as estribeiras só porque deixaram de constar nas listas ganhadoras, o eleitorado já não os reconhece como candidatos potenciais e, enquanto governantes, não deixaram saudades. Os verdadeiros políticos são os que assumem as suas verdadeiras identidades, são os que têm o sentimento do dever, os que acreditam no país no seu todo, no amanhã.
Não são os que andam à caça dos palcos sob as luzes dos holofotes, fingem ser o que não são e tentam arrebanhar os que por ai andam distraídos. Fernando Pessoa tinha razão: “há uns senhores que falam tão bem que não dizem nada”. Os enganos e desenganos de Freitas do Amaral e Cavaco Silva, quando terão manifestado desejo que o PS ganhe as eleições de 20 de Fevereiro, dizem isso mesmo, “uns senhores que falam e não dizem nada”.
São só aparências, exibicionismo, pseudo sumidades que são directamente responsáveis pelo rico país que é hoje Portugal, na cauda da Europa. Ainda há quem dê credibilidade a estes políticos. Freitas do Amaral sempre se identificou e “morreu de amores” pelo CDS/PP, mas agora está de braço dado com os socialistas. Cavaco Silva fanatizou-se com o PSD mas agora, ao que dizem, oferece-se de cócoras ao PS, apelando ao voto nos socialistas. Dizem… e não ouvimos a voz do próprio desmentir.
As primeiras notícias são as que contam, os desmentidos valem o que valem. Freitas do Amaral e Cavaco Silva apoiem o PS. Este é o filme já vimos várias vezes anunciado. Está agora a ser exibido em Portugal mas já foi visto em muitas salas por esse mundo fora, nomeadamente nos países onde vivem portugueses.
Nem o elogio de José Sócrates a Paulo Portas (uma tremenda gaffe, em plena campanha eleitoral, que pode custar caro aos socialistas) nem a infeliz verborreia de Francisco Louçã ao dizer que José Sócrates não tinha conhecimentos para falar sobre questões relacionadas com crianças, porque não tinha filhos. Insinuou o quê e porquê?
Louçã desconhece que grande parte do eleitorado português tem menos de 25 anos e que com esta idade a maioria dos jovens português ainda não é pai (logo não podem falar sobre crianças!?, segundo o candidato do Bloco de Esquerda).
Depois vem o uso e abuso da bandeira do patriotismo. Vem o hino e as algazarras. Da bandeira e do hino muitos serão os candidatos a deputados e políticos que não sabem decifrar as cores da bandeira das quinas e muitos menos entoar a letra do hino nacional. “Contra os canhões, marchar, marchar!”. É isso mesmo, os canhões que restam ao país estão atolados em museus ou em fortes e castelos abandonados, na generalidade em ruínas. Infelizmente, para muitos dos políticos que aparecem em momentos de eleições, estes são os reais valores pátrios.
Há de facto muita mediocridade política em Portugal. Na política como noutras áreas. Muitas jogadas de interesse, muito colorido e muita gente enganada. A democracia permite que haja tanto barulho na praça pública, e a que, quem a viver no andar de cima, passe a vida a arrastar móveis e a fazer ruídos que incomodam toda a gente, sem lei nem roque, na maior impunidade. E pior ainda é ver-se os doutores da política, como Freitas do Amaral e Cavaco Silva, com ar de quem desconhece o que se está a passar. Fingem e fingem muito bem.
Há anos, por muito menos, Mário Soares terá sido agredido na Marinha Grande e Francisco Assis, também do PS ameaçado pela população para os lados do Porto. Não há registo que alguma vez um político do PSD, em plena campanha eleitorado, tenha sido ameaçado ou agredido. Claro que Cavaco Silva e Freitas do Amaral já fizerem o que tinham a fazer nos seus partidos, agora são, como diz o brasileiro, chapa politicamente enferrujada. Políticos destes, obrigado e boa viagem.
E ainda há, de fora, quem se permita falar da política e das campanhas eleitorais na Madeira. Os partidos e os políticos da oposição na Madeira (a nossa região é a que mais partidos e políticos tem por quilómetro quadrado) ao menos mantém alguma verticalidade, sejam da esquerda ou da direita. Fazem o que podem, estejam a perder ou a ganhar. Já os conhecemos a todos e perdoamos alguns excessos quando não são injuriosos e difamatórios.
No Continente em todos os actos eleitorais surgem uns salamaleques a quererem apanhar todos os comboios que seguem em todas as direcções. Só não querem é ficar apeados.
Haja juízo! Lembrem-se que o eleitorado de hoje não tem a mesma mentalidade de anteriores actos eleitorais de que já não basta anunciar propostas ou subir para palcos improvisados. Esse tempo já lá vai. O presente e futuro trazem-nos outras responsabilidades que só os políticos a sério serão capazes de receber o voto responsável do eleitorado.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2005

Os burros da democracia.

As pressões e as tentações para porem em causa os valores que foram sendo construídos na Região Autónoma da Madeira reaparecem com mais persistência sempre que se aproximam actos eleitorais. No resto do tempo, os maldizentes desaparecem ou recolhem às cavernas. Se têm tantas certezas naquilo que dizem, se conhecem bem a realidade dos factos, deviam manter-se activos todo o ano e não serem penduras dos tempos de antena que as campanhas eleitorais lhes oferecem.
É aviltante ver pessoas que nunca fizeram nada na vida política aproveitarem-se dos tempos de antena para deitarem cá para fora as suas angústias e frustrações. Como também é eticamente vergonhoso vermos pessoas que, há poucos meses, na campanha eleitoral para a Assembleia Regional, atacaram miseravelmente o Governo Regional e hoje andam calados como se não soubessem falar. Será porque estavam enganados e agora reconhecem a obra que o PSD construiu em toda a região ou porque alguém os amparou quando mais ninguém os queria? O mínimo que a própria consciência lhes exigia era que, agora, pelo menos fizessem o acto de contrição.
Pessoalmente, não acredito que os burros sejam totalmente burros. Acredito mais que haja burros inqualificáveis, de orelhas moucas, capazes de apregoar em nome da paz quando afinal o que buscam é a guerra. São burros aqueles que querem ser ou os que estão convencidos que os outros é que são burros.
A atitude do Prof. Freitas do Amaral é metaforicamente de burrice. O que o Dr. Manuel Monteiro anda a dizer é figurativamente de burro. O que a maioria dos candidatos a deputado na Assembleia da República andam a dizer é de uma enormidade burriqueira. E passaram-se mais de três décadas que a democracia passou a vigorar em Portugal.
Ouvi na rádio (antena 1 – Madeira) que o Dr. José Sócrates, líder do PS, andou pelas ruas do Funchal a distribuir sorrisos e a passar a mensagem do seu manifesto eleitoral. O azar foi que sempre que se dirigia às pessoas para falar estas eram de nacionalidade estrangeira, sem direito a voto em Portugal. Fica assim explicada a razão do cartaz do PS, espalhado pela Região, a promoção da ideia falaciosa de que Sócrates é candidato pela Madeira. Se isso ainda fosse uma mais valia…
O candidato mostrou não conhecer as características físicas dos madeirenses, o que não é de admirar para quem só se lembra de vir à ilha quando é para pedir votos. São as tais burrices continentais.
Um continental não conhecer os madeirenses não é nada de estranhar. Admiro aqueles que procuram conhecer a história do ilhéu nos seus múltiplos pormenores. Sempre protestei contra aqueles que chegavam à ilha como descobridores de todas as coisas, menosprezando os madeirenses e procedendo como se fossem senhorios da comunidade insular.
O que dizem agora é que há muito continental a vir para a Madeira, a fugir das burrices de lá e a tentarem, de todas as formas e feitios, assentar arraiais na ilha. Esses, para não serem figurativos burros fogem do “desenvolvido”continente para se fixarem na ilha, reconhecendo que afinal estavam enganados. Mas são poucos a reconhecer que estavam enganados do que por lá se dizia.
A entrevista que o Dr. Alberto João Jardim concedeu a uma televisão do continente, num dia desta semana, foi curiosa. Não pelas fáceis respostas dadas pelo presidente do Governo Regional, a que de resto estamos habituados, mas pelas encomendas que o entrevistador intentou impingir. O jornalista pretendeu misturar chicharros com cavalas para depois puxar a brasa à sua sardinha. Tentou, por mais de uma vez, obter as respostas que queira ouvir mas enganou-se redondamente e ficou a saber, uma vez mais, que esta “Madeira Nova” não é somente as vias rápidas, os túneis e as frente-mar, como alguns continentais e alguns opositores costumam dizer.
O pré-juízo deformado dos continentais sobre a realidade madeirense vai continuar. Até porque os governos da República e os políticos do continente não querem que os portugueses do continente conhecem a Madeira nem o Porto Santo. Se conhecessem a Região Autónoma da Madeira, iriam confrontar com as regiões continentais e exigir respostas objectivos a muitos políticos, governantes e até a autarcas. Assim, preferem cultivar a burrice junto do eleitorado continental, junto daquelas comunidades que, infelizmente, não têm meios para virem à Madeira.
Manter as pessoas mal informadas é uma burrice, mas é na ignorância que os políticos continentais conseguem sobreviver. Gostam do “desenvolvimento pobre” nas regiões, do isolamento das populações, porque lhes dá poder. São os burros da democracia.