quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Governo de contrastes

Qual a interpretação a dar a um governo da República que publica o nome dos devedores ao fisco e à segurança social (dívidas ao governo) e não publica as dívidas que o mesmo governo da República tem e que ascendem a muitos milhões de euros?


Se para muitos o Prof. Anibal Cavaco Silva foi o melhor primeiro-ministro que Portugal teve depois 1974 até a presente data, o Dr. José Sócrates está a revelar-se como o pior primeiro-ministro pelas posições que vem tomando em pouco mais de ano e meio de um mandato eleito para quatro anos. Como diz o povo na sua humilde sabedoria e sensatez, o Dr. José Sócrates não tem jeito para o cargo, fala de mais e faz promessas avulsas. Diz e desdiz-se como se o cargo que ocupa fosse um jogo de xadrez com reis, rainhas, cavalos e peões ou uma batalha naval feita de papel.
Um primeiro-ministro que prometeu a não subida dos impostos para pouco tempo após de assumir funções subscrever a subida dos impostos, que garantiu um diálogo de consensos e que vê o país envolvido em greves a um ritmo nunca visto desde há trinta anos, incapaz de evitar a fuga para o estrangeiro de “cérebros nacionais”, que prometeu 150 mil novos postos de trabalho e que cada dia que passa vê subir a taxa de desemprego (mais de meio milhão de pessoas sem trabalho), não pode ser um primeiro-ministro para levar a sério.
A questão de que as “bordoadas” dos primeiros-ministros e dos ministros socialistas são causas directas da filosofia do socialismo de esquerda já não são aceites. O Dr. José Sócrates estudou pela cartilha da esquerda teorizada que vê no capitalismo o principal inimigo da democracia, da terra a quem trabalha e das igualdades sociais, económicas, culturais e de oportunidades. Ninguém tem nada a ver com as suas opções pessoais. O que se contesta é o estar a desconsiderar o que é Portugal no seu dia a dia, a dividir o país em vários países, dando a entender que não conhece o país e os portugueses.
É verdade que os seus antecessores socialistas também não fizeram melhor. O Dr. Mário Soares e o Eng. António Guterres também foram primeiros-ministros com a mesma habilidade sofista, defensores de causas e princípios empolgantes e contagiantes, até que o primeiro ia levando o país para a bancarrota (foi preciso uma intervenção do FMI) e o segundo abandonou o cargo de primeiro-ministro quando viu o país a descambar para a insolvência.
Todos devem estar recordados como é que o Dr. Mário Soares, o Eng. António Guterres e o Dr. José Sócrates chegaram a primeiro-ministro. Não foi por causas normais da política, mas sim por causas anormais e algumas das quais nunca foram bem esclarecidas. No caso mais recente, o PS chega ao poder porque o PS na presidência da República (com o Dr. Jorge Sampaio) resolveu dissolver (qual golpe de estado constitucional) a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas quando no governo estava em maioria a coligação PSD/PP. Isto é, foi o presidente da República (PS) quem deu de bandeja o poder ao governo ao PS, coadjuvado por uma comunicação social que mais parecia abutres a golpear o governo PSD/PP.
Para a comunicação ao serviço do regime, as falhas e as contestações ao actual governo PS não existem nem são fabricadas e as classes profissionais em greve não estão a mando de partidos políticos nem se deixam levar pela cantilena partidária.
Há milhares de socialistas a participar nas greves que vêem decorrendo e que continuam a decorrer por todo o país, apesar da tal comunicação social dita independente evitar dar destaques e colocar em parangonas como fazia com o anterior governo PSD/PP.
O primeiro-ministro Dr. José Sócrates, em matéria de informação, teve o mérito de montar uma “central de informação” que leva à sedução da comunicação social. Faz-nos lembrar aquela vergonhosa notícia de um jornal destacar uma suposta opinião de um leitor (no conteúdo do texto nada vem) que diz que o jornal A é melhor que o jornal B. Uma presunção dos arrogantes “o melhor sou eu”, o resto são os outros, quando sem os outros (passado e presente) o pseudo “melhor” nunca existiria. Pois bem, o actual governo da República também só sabe olhar para o umbigo e está convencido que o poder foi por ele conquistado.
É por isso que vemos um Portugal dividido em muitos “países”, a caminhar aos ziguezagues, em evoluções, convulsões e retrocessos, com políticas governamentais desastrosas e um egocentrismo doentio. O governo socialista vive das heranças que outros governos de outras áreas ideológicas construíram com todo o mérito. Basta que se consulte os relatórios efectivos oficiais dos governos constituídos por ministros de outros partidos e compará-los com os dos governos socialistas.
Os governos PS deixaram o poder a modos de “o último a sair que apague a luz”, os governos do PSD deixaram reservas sólidas para que a obra continuasse sem problemas.
Terminamos com uma pergunta: Qual a interpretação a dar a um governo da República que publica o nome dos devedores ao fisco e à segurança social (dívidas ao governo) e não publica as dívidas que o mesmo governo da República tem e que ascendem a muitos milhões de euros?
O governo da República deve a quem? Publiquem os nomes dos credores, tal como está a proceder em relação aos devedores. Em que país estamos?

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