segunda-feira, 2 de maio de 2005

Confiança

O governo de Portugal não transmite confiança aos portugueses. Nem este nem o outro, nem os outros. O governo não governa, desgoverna. Os governantes falam mais do que fazem, passam o tempo em discursos políticos belicosos e abstractos, deixando num ar uma interminável fila de dúvidas que muito dificilmente os portugueses conseguem alguma vez decifrar.
O País está de boa saúde, os portugueses (povo) não são os coitadinhos da Europa, a nação portuguesa está bem e se melhor não está deve-se à falta de sentido da governação de quem está e tem estado à frente dos destinos da República. Se hoje fosse feito um inquérito à escala nacional sobre o papel do presidente da República, do governo da República, da Assembleia da Republica e do respectivo presidente e, por que não, do banco de Portugal e do seu governador, teríamos respostas que deitariam por terra todos estes poderes que põem e dispõem de Portugal, que governam o país.
Há um vazio enorme no país entre governantes e governados. Os que sobem ao poder revelam gritantes faltas de conhecimento do que é o país no seu todo, da realidade nacional, das assimetrias sociais, de questões básicas como o ensino, habitação, o emprego, a saúde. Os governantes da República vivem política e socialmente num país que não é Portugal mas estão à frente dos destinos de Portugal. Não são intrusos nem tomaram a cadeira do poder pela força, mas na sua grande maioria não conhecem onde fica e como vive o Portugal do interior, do norte, sul e Regiões Autónomas.
Os governados andam sempre descontentes com os governantes. Apetece-lhes constantemente deitar para fora os governos, que haja novas eleições, que se ponha cobro à incompetência que está a impossibilitar que o país ande para a frente. Os europeus não sabem como é que Portugal não tem um ensino de qualidade quando é o país da Europa que mais investe no ensino. Não sabem os europeus nem sabem os portugueses. Nem sabemos como é que Portugal anda a patinar há largos anos na cauda da União Europeia quando outros países que entraram para a Comunidade mais pobres que Portugal, hoje estão anos-luz à frente de Portugal. Não sabem os europeus nem sabem os portugueses.
Aquilo que mais tem sido feito em Portugal é a mudança de governos. Votar é connosco. Gastamos milhões de euros por cada acto eleitoral mas estamos sempre em eleições. Os governos da República chegam ao poder a dizer mal do governo anterior e uma vez no poder continuam a fazer campanha partidária como se o país continuasse em campanha eleitoral. Os governantes tomaram por princípio de que o país está mal por culpa dos outros, dos que anteriormente estiveram no poder.
Andamos nesta de culpar o passado sem tomarmos em conta que os que representam o passado são os que hoje estão no poder. Os portugueses queixam-se um pouco à boa maneira de “sermos diferentes”, do “direito à contestação”, de também podermos “dizer que este governo não presta” e que assim continuando “eles que se lixem”. Votar em quem e por quê? Mas há que mudar, que se mude! Em quem confiar? Afinal todos fazem promessas que nos satisfaz o ego.
As questões de fundo para tirar o país do estado de governação pobre em que caiu só mudando os fazedores de políticas interesseiras. Mudar a política de governação em Portugal só “rapando” as panelas, pondo fim às capelinhas socialistas e comunistas que
têm sectores vitais da sociedade portuguesas minados, acorrentados e submetidos a regras de funcionamento que lhes permitem bloquear alterações que visam melhorar o funcionamento da vida do país.
Por muitas revisões que tenham sido feitas à Constituição da República, os princípios das ideologias e dos interesses socialistas e comunistas permanecem. Qualquer que seja a iniciativa para alterar determinadas políticas há sempre um qualquer elemento na Constituição a impossibilitar. As confederações sindicais são disso um bom exemplo. Foram os socialistas e comunistas que elaboraram e aprovaram as leis, posteriormente vieram os remendos, mas os pontos fundamentais prevalecem.
Porquê tanto receio em expurgar da Constituição tudo o que impede que o país possa progredir no caminho da modernismo e do progresso?
Por tudo isto, os governos da República vão fazendo o jogo das “queixinhas”, de atirarem para os governos anteriores as falhas que vão cometendo no presente. Enquanto a “panela” não for limpa vão existir sempre restos de qualquer coisa. Como os consumidores (eleitores) raramente questionam, “quero lá saber!”, os governantes vão fazendo o que bem entendem. Depois vêem as lamentações, as inflações, a “tragédia” sobre aquilo que é apenas o essencial da vida.
É este o Portugal que ainda temos!

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