quarta-feira, 25 de maio de 2005

Caluda!

O governo PS tomou posse e recolheu-se, enclausurou-se. Remeteu-se ao silêncio por vergonha ou deliberada omissão. Não acredita em si mesmo, não sabe o que fazer, anda à procura do não sabe bem o quê, está perdido nos seus aventais. O PS ganhou as eleições sem saber as letras do abecedário político e da nova democracia do século XXI, aproveitou-se dalgumas “gaffes” cometidas pelo governo anterior e foi levado ao colo para o poder absoluto sem estar preparado
O silêncio é de tal enormidade que na União Europeia já perguntam se Portugal está a funcionar em consonância com os acordos comunitários. Não fossem os kamaradas socialistas europeus e o PS de Portugal já tinha sido feito em trapos. Cá dentro o silêncio ainda consegue aguentar-se pelo facto da maioria da Comunicação Social alinhar na vida escura e amedrontada do morcego socialista.
Na Assembleia Legislativa da Madeira já houve um deputado socialista que zombou e ridicularizou os seus kamaradas socialistas. Foi aplaudido pela oposição, que lhe deu razão. Se estivesse calado seria melhor, disseram os kamaradas de partido. Devia seguir a regra do silêncio imposta pelo PS nacional e pelo Governo PS. Caluda!
Os socialistas portugueses estão ligados a episódios verdadeiramente empolgantes e rocambolescos da vida do país. Desde os primeiros momentos após a revolução em 1974. Desde que”conceberam”a exemplar descolonização, desde que o país ficou à beira da bancarrota, à mercê das imposições do FMI, dos maiores abalos na economia e nas finanças portuguesas, até que o país virou em pântano.
Quando há poucos dias vi Kumba Ialá auto-proclamar-se Presidente da Guiné-Bissau, passados cerca de 30 anos da independência, lembrei-me do Partido Socialista e, em particular, de alguns seus dirigentes máximos. A mesma lembrança ocorreu-me quando Jonas Savimbi foi abatido no meio do capim angolano como se fosse um inimigo da democracia, um bandido armado. Quando Samora Machel foi supostamente assassinado com a queda da aeronave em que seguia. Quando Agostinho Neto, o político culto e intelectual de Angola, morreu, de modo estranho, quando procurava cura na ex- União Soviética.
Lembrei-me do Partido Socialista e de muitos autores ou mentores da descolonização (não terá sido entrega?), acerca de notícias que correm mundo e dizem que morreram mais angolanos, moçambicanos e guineenses depois da independência destas ex-colónias portuguesas que durante os cerca de 14 anos (1960-1974) da guerra colonial.
É certo que estas “desgraças” não são façanhas exclusivas do PS português. Não esqueçamos os comunistas e muitos outros interesses internacionais.
O que sabemos é que na política portuguesa os “santos” da democracia não passam de uns “diabinhos” à solta que vão rindo e cantando como se vivessem num país das maravilhas.
A verdade é que duas figuras da mesma raça, da mesma cor e da mesma ideologia, com as mesmas filosofias e os mesmos pregões democráticos estão hoje a mandar em Portugal. Os socialistas Jorge Sampaio e José Sócrates. Há um terceiro, que pelos vistos também manda e dá pelo nome de Vítor Constâncio, é governador do Banco de Portugal há muitos anos, já foi secretário-geral do Partido Socialista mas só agora se apercebeu da real situação económica do país. Pelo meio, perto e à distância, em pontos chaves e à espreita como se fossem lanternas de cera a pingar, encontram-se uma fila de sumidades que em muito contribuíram para a “exemplar” descolonização de África, para a “preparação” da retirada de Portugal de Macau e da actual situação catastrófica em que o país se encontra.
Kumba Ialá, o auto-proclamado chefe de estado da Guiné-Bissau é também um kamarada fixe, é um “comunista-socialista-democrático”. Ali todos são donos da democracia, todos têm terra para trabalhar, todos podem pescar nos rios, todos podem caminhar a pé, todos podem dormir e comer onde bem entenderem, todos vivem em liberdade. Todos são livres do nada, porque nada têm.
O Partido Socialista português tem um pouco esta imagem da democracia para todos. Promete melhoria para todos, fim do desemprego, mais habitações, melhor saúde e ensino, subida dos salários, não aumento dos impostos, um rosário de coisas boas para o povo, como diz o kamarada Ialá. Quando o povo acorda vê a inflação a subir, os impostos a aumentar e os ministros socialistas a culparem os outros que já não estão no governo.
Obviamente que isto é Portugal e a imagem de marca do Partido Socialista. Nem os portugueses sabem ao certo se o governo está a funcionar, se anda em férias, em viagens, a banhos. Nunca um governo foi tão surdo e mudo como este governo socialista. Ao menos no governo PS de António Guterres havia muita conversa, falava-se de tudo e de nada, o Primeiro-Ministro dava a cara e os ministros apareceriam em tudo quanto era sítio. Com José Sócrates e seus ministros nem pio. Salvo em questões pontualíssimas. Já anteriormente, quando Mário Soares era primeiro-ministro a falácia era interminável e, se pouco ou nada fazia do muito que prometia, pelo menos falava, mostrava a cara, não se refugiava nos gabinetes, como um morcego amedrontado com a claridade da luz do dia.
Estão a dormir, caluda!...por enquanto…

Em tempo:
Ouvem-se por aí uns murmúrios que o governo PS vai fazer subir o valor do IRS, que vão ser criadas certas portagens (dantes sempre ruidosamente condenadas) e “outras coisinhas” mais. Será tudo isto ainda um sonho ou o prenuncio de um terrível pesadelo?

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