quinta-feira, 12 de maio de 2005

Uma relação pavorosa

Há uma relação estranha entre a política partidária e governamental dos socialistas e alguns (poucos) sectores da sociedade civil. Um relacionamento de amor-ódio, pavoroso, que os leva a ver sombras e inimigos por tudo quanto é sítio. Vai e dai toca a disparar a torto e a direito, a gastar munições à balda, atingindo quem nada fez para ser atacado e depois, como se não bastasse, perdem-se em ataques pessoais do mais baixo nível. Não têm tino para discernir as tiradas próprias das campanhas eleitorais, algumas das quais acutilantes e cheias de humor, da linguagem séria e melhor tratada do dia a dia da política.
A Madeira sempre esteve debaixo de fogo dos socialistas, dos comunistas e de todas as minorais partidárias que nunca convenceram o eleitorado madeirense. Mário Soares, Jaime Gama, Francisco Assis, Jorge Coelho, entre outros responsáveis socialistas continentais, quando vinham à Madeira agarram-se a um bordão, fabricado pela mãe-sede dos socialistas, que dava pelo nome de défice democrático, dívida da região que os continentais têm que suportar, povo madeirense analfabeto a votar, obras de fachada por toda a ilha, em suma, uma alegoria pavorosa que a todos deixava inevitável perplexidade.
Foi preciso que, continentais não comprometidos com métodos rasca de estar na política, cidadãos do povo, pessoas cultas, empresários de sucesso e isentos residentes no Continente virem à região, normalmente em férias ou em trabalho, para que vissem localmente o que estava a ser feito na Madeira e constatassem que afinal o que andavam a dizer os políticos socialistas não passava de monstruosidades. Viram e vêem que a Madeira é uma Região Autónoma em permanente crescimento e desenvolvimento sustentado, com uma qualidade de vida muito positiva, melhor que em muitas regiões de Portugal continental.
Muitos dos profissionais que vieram para a Madeira, em serviço, com um prazo previsto e de tempo determinado, acabaram por fixar-se por cá, exactamente porque vieram encontrar na Região a qualidade de vida e a evolução que não tinham nas regiões continentais onde viviam. Caso flagrante de muitos profissionais continentais, das mais diversas especialidades, que vieram por um ano ou dois e acabaram por fixar-se, em definitivo, na Região.
Não restam dúvidas que os principais responsáveis pelos contenciosos entre a Madeira e o Continentes, são os socialistas e os comunistas. Se em vez de ficarem a matutar e a engendrar estratégias desonestas para destronar o PSD e para atacarem o presidente do Governo Regional, dessem atenção ao que estava e está a ser feito por toda a Madeira e no Porto Santo, iriam ver que o eleitorado madeirense, como tantas vezes insinuaram, não é inculto nem saloio.
É um eleitorado dos mais educados e cultos do país, que sabe como votar e acima de tudo sabe em quem confiar, ao contrário do que se passa no Continente em que é grande o eleitorado que vota em quem não conhece, nunca o ouviu falar, a não ser nos dias da campanha eleitoral.
Aquilo que anda a fazer o actual responsável pelo PS na Madeira é bem a figura do vilão boateiro que, para reforçar o séquito de ambiciosos desmedidos por um lugar na política, foi buscar um grupo de alguns frustrados para os candidatar à Câmara do Funchal. Um dos quais é dos tais continentais que veio para a Madeira assentar arraias, saindo da terra onde nasceu e onde vivia, provavelmente por encontrar na região um tal estado de qualidade de vida que o PSD, sozinho, edificou.
Um continental na Câmara do Funchal, nos tempos que correm, seria passar um atestado de analfabetismo aos funchalenses. Depois do que disse Mário Soares que o povo da Madeira era obrigado a viver num défice democrático, menorizando e desprezando a liberdade dos funchalenses, o aparecimento de um continental na lista do PS para a Câmara do Funchal só pode ser brincadeira de mau gosto ou então estúpida gozação.
É certo que, antes do Funchal ser o que é hoje, o dito continental não só não se tinha fixado na Madeira como não estaria interessado em nada que dissesse respeito à Câmara do Funchal. Depois há um corredor que corre em todas as direcções, não olha a meios para atingir fins, corre para dar nas vistas, para ser visto, servo de determinadas castas.
Há muita coisa esquisita na anunciada lista de candidatos do PS à Câmara do Funchal. Muita gato assanhado com o rabo de fora.

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