quinta-feira, 3 de março de 2005

“Savoir-faire” do PSD-Madeira

Em política como em tudo na vida temos quer ter consciência da realidade objectiva, da veracidade dos factos. Temos que estar preparados para vencer como para perder. O que nunca devemos é aceitar a derrota como um perda irrecuperável, conformar-se como se mais nada houvesse para fazer e vencer de novo. O mesmo devem assim pensar e agir os vencedores. Ficou célebre a frase do estadista inglês Winston Churchill: “Das derrotas, partimos para as vitórias”. Churchill foi Prémio Nobel da Literatura e esteve na Madeira. Faleceu em Janeiro de 1965, com 91 anos de idade.
A discussão em torno das vitórias e das derrotas nunca é consensual. Os vencedores pensam que já venceram tudo, que têm tudo a seu favor, e os derrotados sabem normalmente porque perderam. A maior vitória é saber aceitar a derrota e o pior que pode haver é considerar a vitória como fruto de uma dádiva qualquer. É importante que se perceba que não há dia sem noite, que não existem horas sem minutos, que não há mais sem menos.
O PSD-Madeira, embora saindo inequivocamente vencedor das eleições para a Assembleia da República, deu um claro exemplo de como nos devemos posicionar ante a vitória e a derrota. Desejou ao PS-Nacional um bom desempenho no Governo da República. Isto é “savoir-faire”, é saber estar e ter maturidade política.
Seguramente que outros não tiveram esta postura. Vale ao PSD da Região Autónoma ter um líder com a dimensão do Dr. Alberto João Jardim, com trinta e sete vitórias em actos eleitorais democráticos, de nunca se ter posto em “bicos de pé” nem ter levado as intrigas políticas e partidárias para além das campanhas eleitorais.
É sabido que não há eleições iguais como é sabido que há uma grande diferença entre actos eleitorais para as Autarquias, para a Assembleia Legislativa Regional, para o Parlamento Europeu como para a Assembleia da República. Todos os actos eleitorais são diferentes, com interesses e motivações diferentes para os comuns dos eleitores.
Nas recentes eleições para a Assembleia da República não foi propriamente o PS que ganhou, porque nunca apresentou créditos para merecer tal distinção, foram os eleitores a mostrar o “cartão vermelho” ao Governo da República que não estava a corresponder àquilo que os portugueses desejavam.
Grande parte do país estava descontente com determinados desempenhos do Governo liderado pelo Dr. Pedro Santana Lopes. Muitos eram os sociais-democratas a manifestar o seu desagrado. A solidariedade partidária dos sociais-democratas não é cega nem autista. Era bem visível a quebra que o Governo da República estava a ter, por muito que se voltasse a cara para o lado ou se quisesse combater os erros dizendo que não eram erros. O pior cego é aquele que não quer ver.
O Governo da República, depois da saída (e bem, por ser uma razão de interesse nacional) de Durão Barroso para presidente da Comissão Europeia, perdeu alguma estabilidade que se foi deteriorando à medida que o tempo passava, até que chegou a um momento em que todas as resistências internas se foram abaixo.

Na Madeira, os efeitos do desgaste governamental da República teve obviamente o eco que resultou nas conhecidas consequências. Os madeirenses sabiam do que se estava a passar na República, sabiam que o Governo Regional bem como as Autarquias da Região estavam a ser prejudicados por alguma inoperância do Governo da República. Os eleitores madeirenses, ao contrário do que os partidos da oposição (PS, PP, CDU e BE) cansativamente andam a afirmar, sabem muito bem como votar e em quem votar. O tempo da alienação e da demagogia, da desordem junto às mesas de voto, dos “mortos” a votar como se estivessem vivos, são contas do rosário comunista e socialista da democracia absolutista.
Os votos dos portugueses do Continente e das Regiões Autónomas foram para “deitar fora” o Governo da República. Não foi o PS que obteve a maioria, foram os portugueses a quererem mudar o Governo.
Em consequência, pede-se moderação e “savoir-faire como fez o PSD-Madeira. Quando vemos o PS-Madeira chamar a si uma vitória (que não existiu, porque saiu derrotado), e como se não bastasse, festejar em nome de uma vitória antecipada nas eleições autárquicas, marcadas para Outubro próximo, só podemos lamentar, por se tratar de uma atitude de soberba, tipo novo-rico sem formação, que herdou, sem esperar ou merecer, um bem de um familiar distante.
Os socialistas madeirenses ainda não conseguiram destrinçar a diferença que existe entre eleições regionais, com interesses directos para a Região, das eleições nacionais.
O que se pode concluir, sem fantasias, é que o PS-Madeira não ganhou nada e que o PSD-Madeira voltou a ganhar, sem equívocos.

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