quinta-feira, 10 de março de 2005

Governantes fracos fazem um fraco País

Um fraco governo faz um fraco País. O governo que amanhã toma posse é, segundo o que dizem a maioria dos analistas, um governo fraco. Assim sendo, não é de esperar melhoras na governação nem que venha a haver reformas profundas e estruturais num país que parece atolado numa lama que o impede de andar para a frente. O país está preso na lama e os governos não parecem muito interessados em sair da situação.
Quando alguns políticos afirmam que ninguém vai para o governo ganhar um vencimento inferior aquele que ganha numa actividade privada, estão a por em causa a dignidade que deve ser exigida a qualquer governante. É um facto inegável que os membros do governo não são convenientemente remunerados, que ganham pouco, como dizia há pouco tempo o Dr. António Borges, economista de reconhecidos méritos no país e no estrangeiro. Ser governante é muito mais do que lutar pela camisola, conduta que já nem é seguida pelos futebolistas que, como é do conhecimento geral, não jogam por amor ao equipamento que vestem. A política e os governantes devem mover-se por condutas éticas, morais e ideológicas orientadas num único objectivo, o Bem Servir.
Porque os governos pagam mal, no dizer do Dr. António Borges, os bons técnicos portugueses, em geral, viram as costas aos governos e optam por fazer uma carreira profissional muito mas compensadora, bons vencimentos, longe da devassidão e do desgaste pessoal e até familiar a que os governantes estão permanentemente sujeitos.
Os bons técnicos rejeitam todos os convites para assumirem cargos governamentais na República, ainda que se reconheça que existem algumas boas excepções. Quando um governo é constituído por segundas e terceira escolhas nunca poderá funcionar bem, como veio a acontecer, nalguns casos, com o novo governo socialista que amanhã toma posse.
Quando vejo pessoas como o Prof. Freitas do Amaral, fundador do CSD/PP, que se dizia defensor da democracia cristã e dos valores da igreja, que combateu a esquerda socialista com raízes comunistas, apresentar-se agora como ministro num governo socialista, é dar razão aqueles que dizem que a política no Continente há muito que bateu no fundo e que alguns políticos e governantes que andam pelos cargos governamentais não têm valor moral e ideológico para os cargos que aceitam preencher.
Não conheço nenhum político na Europa que tenha fundado um Partido e que anos depois venha renegar o Partido que ajudou a fundar, ao mesmo tempo que em plena campanha eleitoral venha a apelar o voto num partido que é contra o seu partido. Como também é esquisito ver alguns partidos darem guarida a estas pessoas que não têm justificação alguma para procederem com tamanho desplante. Mudar de camisola depois de tanto ter combatido o partido e a ideologia que contraria os seus princípios só pode revelar que o próprio fundador do CSD nunca acreditou no seu partido. Serviu-se do CDS para chegar a determinados lugares, para ser conhecido do grande público, e agora, depois de ter levado na “sua cantiga” milhares, milhões de pessoas a acreditar nos seus valores políticas, volta-lhes as costas, e apela o voto no PS. Os eleitores dizem agora que foram enganados!
Que podem os portugueses esperar desta estirpe de governantes?
Para bem do País, e em consequência, para o bem da Região Autónoma da Madeira, faço votos que este novo governo tenha um bom desempenho, cumprindo com todas as promessas feitas no seu manifesto eleitoral. Contudo, não acredito que este governo dure os quatros anos para que foi eleito como não acredito que o PS tenha ganho as eleições por inteiro mérito próprio.
A própria constituição do governo deixa claramente ver que as escolhas feitas foram as possíveis e não as mais desejadas. O próprio Prof. Freitas do Amaral, para além de já nada ter a dar de novo à política (se é que alguma vez deu alguma coisa efectiva), vai arrastar-se pelos “corredores” do Ministério, até chegar à data da reforma.
Daqui a poucos anos vamos poder verificar que o ano 2004 foi desastrado para a política portuguesa e que os governantes vão continuar a perder posição no quadro da União Europeia e de outros organismos internacionais.
Se os governantes são fracos, fraco fica o país, mais precária fica a sociedade, apesar da legitimidade que a todos os cidadãos assiste de mudarem os acontecimentos em momentos decisivos, como são os actos eleitorais.

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