quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Falar verdade

Os discursos proferidos pelos ministros do governo da coligação PSD/PP são efectivamente muito diferentes dos discursos dos ministros dos governos do PS. Os de agora transmitem a realidade nua e crua do estado da nação, não obstante saber-se que incomoda falar verdade. Os anteriores ministros conjugavam com ênfase e muita demagogia os tempos verbais do positivismo e da esperânça.. Na prática, mais vale ter pão no presente e futuro do que viver na expectativa de escassear pão no presente e viver na incógnita do que poderá vir acontecer no futuro.
O então Primeiro Ministro António Guterres (PS) dava cartas a falar sobre todas as coisas, foi um “papagaio” em funções de governo, falava tanto que inúmeras vezes até discursou do que sabia e não sabia. Embora o seu maior défice estivesse na matemática, na leitura dos Orçamento do Estado e nas contas públicas. Algo estranho para quem tem uma licenciatura em engenharia. De tanto falar acabou por cansar-se e ter que sair à “surrapa” do governo. Onde andará?
Os Primeiros-Ministros do governo PSD/PP, primeiro Durão Barroso (actual Presidente da Comissão Europeia) e depois Pedro Santana Lopes, falam menos, contam menos histórias, são politicamente menos simpáticos, não trabalham por emoções ocasionais mas são mais pragmáticos, por muito de antipatia que possam ter os seus discursos para os portugueses menos informados.
Durão Barroso e Pedro Santana Lopes têm pontos de vista e procedimentos completamente opostos ao estilo da governação seguida por António Guterres. O sentido de Estado do Governo PSD/PP é também diferente do que defende o PS.
Se quisermos centrar a observação num Ministério em particular, vamos verificar o abismo existente entre a actuação dos ministros das Finanças do PS e do PSD/PP. Os ministros das Finanças do governo socialista foram apresentados como “salvadores da Pátria” em matéria fiscal, decrescentes receitas e da boa administração das contas públicas. Não obstante nunca houve tanta derrapagem nas contas do Estado como no período que o PS foi governo, com a acumulação de défices, investimentos que ultrapassaram em muito os orçamentos inicialmente previstos, diminuição de receitas, um desnorte nas contas do Estado, enfim a queda no “pântano” que todos os portugueses conhecem.
Já com o actual governo PSD/PP a intervenção do Ministério das Finanças passou a ter outra objectividade (embora possa discordar-se de alguns critérios nomeadamente quanto ao investimento), tanto por Manuela Ferreira Leite como por Bagão Félix. Acima de tudo estão agora as contas certas, sabe-se o que existe e não o que poderá a vir ser conseguido. A ex-ministra Manuela Ferreira Leite encetou uma mudança quase total nas contas públicas, disciplinou as despesas da função pública e conseguiu cumprir com o Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), quando outros ministros das Finanças de países com outro poder económico e financeiro não conseguiram cumprir com acordo estabelecido com a Comissão Europeia, em especial a Alemanha e a França.
Por esta atitude de governação, de falar verdade e cumprir com as propostas feitas anteriormente, colocando sempre a estabilidade e a sustentabilidade do País em primeiro lugar, o governo e os ministros do PSD/PP têm sido mimoseados com críticas nada honestas por parte da oposição. Falar verdade em Portugal, sobretudo em nível político não custa nada, o que custa é ver ex-governantes socialistas não quererem aceitar a verdade.
Na Região Autónoma da Madeira, um dos grandes trunfos para o sucesso alcançado tem sido sempre a política de falar verdade. Nunca nenhum programa do Governo deixou de ser cumprido porque nunca foi usada a demagogia eleitoralista. O programa do Governo já publicamente apresentado pelo PSD para o quadriénio de 2004-2008 não foge à regra do falar verdade.

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