quarta-feira, 4 de julho de 2007

Vencedores e vencidos

Haverá sempre vencedores e vencidos, regiões que ganham ou perdem consoante as apostas que fazem. Tomar a vitória e progresso de uns pela derrota e fracasso de outros é que não parece ser o mais correcto. A Madeira está mais desenvolvida que os Açores e em relação às várias regiões do continente só fica atrás da região de Lisboa e Vale do Tejo. De quem é o mérito?


Ouvi na rádio a notícia que José Sócrates, primeiro-ministro e líder do PS, perdeu, em pouco tempo, duas batalhas que travava com Alberto João Jardim, presidente do governo Regional e líder do PSD-Madeira. Em poucos meses o tribunal deu razão à Região na transferência de cerca de 25 milhões de euros, que o governo socialista da República tinha retido abusivamente, e na lei das incompatibilidades dos deputados.
Também através da rádio chegou-me a notícia de que os Açores tinham de receber mais verbas que a Madeira, da parte do Orçamento de Estado e da União Europeia, porque a região açoriana padece de um a atraso muito grande em relação à Madeira. São duas ou três notícias que podem ter um efeito negativo junto da opinião pública e dar origem à imagem de um derrotado (Sócrates), um vencedor (Jardim) e do pobrezinho (Açores). O Dr. Alberto João Jardim cortou logo o mal pela raiz, ao dizer que não devemos interpretar como vitórias e derrotas e questões desta natureza.
Obviamente que o governo Regional teve razão quando reagiu contra a posição do governo socialista da República ao reter nos seus cofres verbas que eram da Madeira, como também teve razão ao denunciar a lei das incompatibilidades dos deputados que a maioria socialista no Assembleia da República queria ver a sua aplicação à região contrariando, de forma prepotente e totalitária, o que está consagrado no Estatuto Político e Administrativo da Regiao Autónoma da Madeira.
O facto do tribunal ter dado razão à Madeira, nos dois conflitos arbitrariamente provocados pelo governo socialista da República, vem comprovar que o primeiro- ministro, engenheiro José Sócrates, está decididamente empenhado, através de todas as estratégias possíveis e imaginárias, em impedir que a Madeira, sob a liderança do Dr. Alberto João Jardim, possa funcionar normalmente como tem acontecido até aqui e em plena liberdade democrática.
Eleger o presidente do governo Regional como “alvo”, para denegrir em vez de exaltar por tudo quanto tem feito pela Região e pelo País, nestes últimos 30 anos, é estar a enviar “tiros para a água”, ou a dar “tiros nos próprios pés”. De forma clara foram os resultados das eleições regionais, a 6 de Maio, antecipadas por “culpa” do PS, que deram uma vitória esmagadora ao PSD e reduziu o grupo parlamentar do PS a uma das mais fracas representatividades desde que há eleições democráticas em Portugal.
A decisão do tribunal ao dar razão à Madeira e, em especial, ao Dr. Alberto João Jardim, não foi mais do que repor a verdade, fazer cumprir a lei, aplicar a justiça. É evidente que quando o tribunal está dar razão a um está implicitamente a não dar razão ao outro. Um sai vencedor e outro sai derrotado. A interpretação é esta. Um é condenado e outro absolvido. Na linguagem penal, um é preso e outro continua em liberdade. Dura lex, sed lex.
Outro facto a constatar é a pouca ressonância que estas notícias tiveram na imprensa continental. Não vamos criar cenários mas ficamos com a ideia de que, a ter o tribunal dado razão ao governo socialista da República e ao engenheiro José Sócrates, algumas manchetes seria apontadas contra a Madeira e ao Dr. Alberto João Jardim. Podíamos facilmente imaginar os títulos, a prosa, as “ordens” e os comentários seguintes. Como o perdedor foi o “chefe” socialista a dita imprensa continental independente reduziu a notícia a “mera notícia”.
Em relação aos Açores, de ser uma região mais atrasada e por isso deve receber muito mais verbas que a Madeira, é uma conclusão de quem está a léguas de distância da realidade açoriana neste início do século XXI, dos milhões que recebeu de fundos comunitários (comparticipações superiores às que a Madeira recebeu pelo facto de ser um arquipélago com nove ilhas), e de algum crescimento registado naquela região. Fazer o discurso do pobre e do miserabilismo relativo aos Açores é demonstrativo de estar mal informado ou não ter conhecimento de um menor aproveitamento de verbas que certamente estariam disponibilizadas.
Nada nos move contra os Açores pelo facto de receberem muito mais milhões de euros do OE e da UE do que a Madeira, no período de 2007-2013, mas não venham lançar poeira para os olhos dos madeirenses na questão orçamental, dos atrasos e dos investimentos. O que o PSD fez na Madeira foi obra reconhecida internacionalmente, o que os governos dos fizeram ou deixaram por fazer é que pode ser questionado. Não nos parece séria a justificação para o atraso (…) dos Açores o facto de ter nove ilhas, uma vez que sempre receberam tantos aos mais apoios financeiros do que a Madeira.
Haverá sempre vencedores e vencidos, regiões que ganham ou perdem consoante as apostas que fazem. Tomar a vitória e progresso de uns pela derrota e fracasso de outros é que não parece ser o mais correcto. A Madeira está mais desenvolvida que os Açores e em relação às várias regiões do continente só fica atrás da região de Lisboa e Vale do Tejo. De quem é o mérito?

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