sexta-feira, 29 de junho de 2007

Anti-portuguesismo

A antipatia que o primeiro-ministro, José Sócartes, possa ter para com os madeirenses não é “caso único” na governação da República portuguesa, também Oliveira Salazar, Chefe do Governo do anterior regime de má memória para Portugal, não gostava da Madeira e por isso mesmo tudo fez para empobrecer os madeirenses e isolar a ilha do resto do País



As posições que o actual Governo da República tem vindo a tomar em relação ao Governo Regional e aos madeirenses, com algum desdém, deixam entender que a Madeira pouco ou nada representa para Portugal. O primeiro-ministro, José Sócrates, desde que tomou posse, há cerca de dois anos, nunca teve um único gesto digno de um Chefe de Governo para com a Região Autónoma. Por princípios, qualquer que seja o governante da República, o mínimo que se pede é que tenha uma visão e postura idênticas com o todo nacional e em especial para com as Regiões Autónomas de acordo com as respectivas “diferenças”.
A recusa sistemática em vir à Madeira, território português há quase seis séculos, em visita de carácter oficial, deixa muitas dúvidas sobre a sua dignidade patriótica enquanto Chefe de Governo, por muito preenchida que esteja a sua agenda. É que o Funchal fica a pouco mais de uma hora e quinze minutos de Lisboa, de avião, talvez mais perto que outras deslocações que tem feito em Portugal continental e mais ainda aos Açores.
A atitude de vir à Região na qualidade de secretário-geral do Partido Socialista, o que está no seu direito, mas evitar vir como primeiro-ministro é muito estranho.
Pode muito bem eleger os madeirenses como um povo antipático, por não o apoiarem nos actos eleitorais nem o seu partido a nível regional, mas já estará a enveredar por “maus caminhos” quando, eventualmente, enquanto Chefe do Governo da República, entende voltar as costas aos portugueses naturais e residentes na Madeira e aos madeirenses nas comunidades de emigrantes.
A antipatia que o primeiro-ministro, José Sócartes, possa ter para com os madeirenses não é “caso único” na governação da República portuguesa, também Oliveira Salazar, Chefe do Governo do anterior regime de má memória para Portugal, não gostava da Madeira e por isso mesmo tudo fez para empobrecer os madeirenses e isolar a ilha do resto do País. Salazar tudo fez para sufocar financeira e economicamente a Madeira, criou impostos específicos para os madeirenses, mas o seu louco e raivoso procedimento não afundou a ilha mas antes fez nascer nos verdadeiros madeirenses um profundo sentimento de autodeterminação e arrastou todo o país para o subdesenvolvimento.
Com Oliveira Salazar no cargo de Chefe do Governo, Portugal nunca conseguiu acompanhar o andamento de desenvolvimento dos outros países europeus, foram anos de atraso em todos os sectores que muito penalizaram o povo português. Com José Sócrates no cargo de Chefe do Governo, Portugal marca passo na cauda da União Europeia a 27 Estados membros, apesar das muitas ajudas comunitárias (centenas de milhões de euros) que todos os anos são transferidas para o nosso país.
A Madeira, segundo opiniões insuspeitas de responsáveis na esfera da CEE/UE, foi das regiões da Europa comunitária que melhor soube gerir os fundos europeus e das regiões que mais se desenvolveu. Não porque teve mais verbas que as outras regiões, houve regiões portuguesas que receberam maiores ajudas financeiras comunitárias que a Madeira, o que se passou com o Governo social democrata madeirense foi o ter a sensibilidade e a visão para o investimento nas áreas fundamentais para o desenvolvimento integrado no presente que criasse suportes válidos para o futuro, em vez de obras megalómanas e de fachada, a custo de milhões, que foram feitas em Lisboa, Porto e nalgumas outras regiões do país.
O primeiro-ministro José Sócrates não conhece a Madeira na actualidade e muito menos a terá conhecido no passado. Se conhecesse, em abono da verdade e em paz de espírito, não estaria a ter, muito provavelmente, as atitudes de anti-portuguesismo e anti-madeirense que tem revelado. Está a cometer a maior ingratidão ao não se mostrar interessado, enquanto primeiro-ministro, em conhecer a realidade de uma Região Autónoma chamada Madeira que muito contribui para prestigiar Portugal.
É certo que o seu mandato terá um fim, como tem todos os mandatos governamentais quando os eleitores deixam de acreditar na capacidade de quem governa e decidem democraticamente eleger novos governantes. José Sócrates é até agora o primeiro-ministro que pior conhece a Região Autónoma da Madeira. Neste aspecto, muito parecido com Oliveira Salazar que também nunca visitou oficialmente a Madeira e odiava os madeirenses, sem se saber bem porquê!
Só não entendem os madeirenses mais atentos como é que um primeiro-ministro, com o poder que tem em Portugal, não quer nada com a Madeira e não aceita o desafio para a realização de um Referendo sobre o futuro desta Região. Será por recear que a história o venha a condenar?
Ser anti-madeirense é pela ordem natural do patriotismo ser anti-português. Talvez seja por estas e por outras que Portugal, pelos governantes que tem tido e tem, continue a andar de cócoras quando os outros países europeus andam em passos largos e na frente do desenvolvimento.

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