quinta-feira, 12 de julho de 2007

Governo multicolor

Com Portugal na presidência da União Europeia, o primeiro-ministro Sócrates entrou num corrupio tal que até os seus congéneres da Comunidade estão surpreendidos. Ou o primeiro ministro em Portugal não tem nada para fazer ou é uma tal figura de “sete fôlegos” que consegue estar em todos os lugares sem nada a perder nem a ganhar. A visibilidade está garantida, no país e no estrangeiro, pena é que as sondagens não estejam a dar os resultados mais favoráveis ao governo português.
Sócrates bem se esforça por estar em todos os sítios, corre de uma lado para outro incessantemente, expressa comoção quando lhe falam da morte de dois professores que andavam há anos a solicitar a reforma e tem tempo para acudir à campanha do candidato do seu partido à Câmara de Lisboa.
O primeiro ministro tem tempo para tudo, está sempre pronto para falar de tudo seja no parlamento, no contacto com os jornalistas ou em reuniões que dêem visibilidade, mas parece estar indisponível para tomar conhecimento sobre a realidade dura e crua do país, para aceder ao convite para as comemorações do Dia da Região Autónoma da Madeira ou para inaugurar empreendimentos que possam juntar a população. Neste último caso, por temer que mais apupos venham a lhe ser dirigidos.
A presidência Europeia veio na altura certa para o primeiro-ministro e para todo o governo socialista. De tal oportunidade que até ministros que estão fartos de desconsiderar os portugueses, que já demonstraram não terem perfil para os cargos que ocupam no governo, andarem nas suas “sete quintas”, cometendo disparates atrás de disparates, como se fossem donos do reino. No norte do país, à crítica feita por um pescador sobre a aplicação dos fundos comunitários nas pescas, o ministro da agricultura e pescas limitou-se a dizer para “saírem da União Europeia”. Esta resposta de um ministro a um pescador, cidadão comum, é inqualificável. Diz bem do nível a que este governo chegou.
A culpa do fracasso governativo e das posturas arrogantes dos socialistas tem também outros culpados. Os eleitores portugueses são também responsáveis por este tipo de governação que não é de agora mas desde sempre que os socialistas estiveram no governo. Dar a maioria de votos a quem já mostrou, em anteriores governos, não ter projectos consistentes na política portuguesa, é estar, também, a dar o aval para estas derrapagens governativas.
Desde Soares, com o país a “escorregar” para a bancarrota, a Guterres que abandonou o governo e provocou eleições antecipadas quando viu que o seu governo não era capaz de tomar o rumo certo que o país necessitava. É incomparável a saída de Durão Barroso (foi para a presidência da Comissão Europeia, cujo cargo é um orgulho para Portugal) com a saída de António Guterres (que saiu do governo e ficou de mãos a abanar).
A única região do país que aplaude de pé o actual governo é a região dos Açores. Todas as regiões do Continente têm manifestado o seu descontentamento com a política governamental liderada por Sócrates. A Madeira é, de todas as regiões, a que mais tem sido perseguida e penalizada por este governo socialista da República. Nem há respeito pela Constituição, pelo Estatuto Político Administrativo, nem pelos direitos democráticos dos madeirenses. A ofensiva do governo socialista contra a Madeira é, em parte, semelhante às ofensivas que, nos anos 60 e 70, as ex-províncias portuguesas em África intentaram contra o governo central.
O desfecho das “brigas” entre o poder centralizador, em Lisboa, e as ex-colónias africanas, foi a morte de milhares de jovens portugueses obrigados a combater no ultramar, ao regresso de cerca de 600 mil retornados, à pressa, a independência dada sem mais nem menos aos grupos de terroristas que lutaram contra Portugal e enlutaram milhares de famílias portuguesas e, já depois da independência, a mortandade a que se assistiu no ex-ultramar português.
Quando vemos Sócrates empenhado em trazer Robert Mugabe a Lisboa para participar na cimeira Europa-África, quando outros países, nomeadamente, a Inglaterra, consideram Mugabe um terrorista e responsável pela morte de milhares de cidadãos do seu país, não podemos deixar de repudiar. Sócrates parece sentir-se bem (sorridente) ao lado de Muammar Kadafi, líder Líbio que, nos anos 80, quando discursava na ONU, defendeu a independência da Madeira.
Os madeirenses não precisam, nem ontem nem nunca, dos apoios de senhor Kadadi, acusado de proteger o terrorismo internacional. Sócrates parece dar-se bem ao lado de Kadafi. Contradições socialistas que pouco ou nada nos surpreendem. Tanto estão no vermelho como no amarelo. Vão mudando e se adaptando conforme dá mais jeito, como verdadeiros camaleões.
Enfim um governo socialista, sem horizontes, multicolor, tipo arco-íris.

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