quarta-feira, 7 de março de 2007

Votos perdidos!

Os socialistas desconhecem a lei da idoneidade, do trabalho, da inovação, do projecto constante, da Autonomia inacabada, da luta titânica contra o castrador poder central em Lisboa, da independência dos valores e dos anseios madeirenses, das relações internacionais e do apurado profissionalismo político para lidar com a Comissão Europeia


Os pequenos partidos (os que menos apoios têm recebido dos eleitores madeirenses) não têm tido perspicácia nem têm sido suficientemente eficazes na produtividade parlamentar. É verdade que tentam produzir muito, aparecer em todos os lados da baixa esfera política, mas são marcadamente pouco eficazes e nada credíveis porque assentam em ideologias rejeitadas nas sociedades modernas e civilizadas. Um trabalho improdutivo, portanto desnecessário, que certamente por razões atávicas, ocupa mais os tempos de certa comunicação social do que outros assuntos importantes para a generalidade dos cidadãos.
Se juntarmos os conteúdos das intervenções dos pequenos partidos que têm estado na Assembleia Regional (PCP, CDS/PP e BE ex-UDP), vamos verificar que o alinhamento da acção contraditória rima para o mesmo lado, buscam cada um o seu espaço que na sua essência é igual entre si e fazem fogo para aquecer aquilo que sabem não ter combustão alguma. Em trinta anos com deputados na Assembleia Regional que trabalho de vulto produziram e deixaram os pequenos partidos para o progresso da Madeira e do Porto Santo ?
Os partidos de esquerda (PC e UDP/BE) votaram contra a adesão de Portugal à União Europeia, e todos sabemos da importância enorme que teve para a Madeira (e para Portugal no seu todo) a entrada do país na Comunidade Europeia. Mais recentemente, o CDS/PP, inacreditavelmente assumiu posição pior que os outros partidos, atraiçoando a Madeira e os madeirenses, pois absteve-se nas hora da votação da Lei das Finanças Regionais quando todos os partidos da oposição votaram contra, sabendo que a Madeira iria ser severamente prejudicada em milhões de euros.
Todos juntos, os partidos pequenos (PCP, CDS/PP e BE ex.UDP) não têm trazido benefícios à Autonomia Regional, antes pelo contrário, têm sido adversários contra o desenvolvimento da Madeira Porto Santo. Politicamente é engraçado ver uma Assembleia Regional com todos estes pequenos partidos representados, é politicamente correcto falar em pluralismo ideológico, é giro e tem piada. Só que o fim em si mesmo é nulo, improdutivo e despesista.
Invocar os pequenos partidos como causa directa do pluralismo político democrático é falsear a própria essência democrática. É como colocar uma equipa do campeonato regional de futebol a disputar um campeonato com equipas tecnicamente muito melhor apetrechadas, com alto rigor profissional e a trabalhar a um ritmo muito mais elevado. Os partidos pequenos (PCP, CDS/PP e BE ex.UDP) fazem o seu papel, defendem os seus espaços (ou vantagens políticas e financeiras para os dirigentes) mas não estão a produzir nada de novo em prol do desenvolvimento da Madeira e do Porto Santo, sejamos justos. Qual é a representatividade dos pequenos partidos na Assembleia Regional e quais as mais valias que deram à Autonomia e ao desenvolvimento da Região em três décadas de democracia?
O PS embora nunca tenha ganho eleições na Região sempre tem conseguido ficar à frente dos partidos pequenos. Os socialistas bem podiam aliar-se aos partidos pequenos, tal como tem feito o PS no Continente, por mais de uma vez, mas a entendem que podem ser poder pelos seus próprios pés. Os socialistas desconhecem a lei da idoneidade, do trabalho, da inovação, do projecto constante, da Autonomia inacabada, da luta titânica contra o castrador poder central em Lisboa, da independência dos valores e dos anseios madeirenses, das relações internacionais e do apurado profissionalismo político para lidar com a Comissão Europeia. O PS é uma manta de retalhos que não sabe por onde começa e acaba a governação da Autonomia.
Os partidos pequenos (PCP, CDS/PP, BE ex.UDP) mais o PS-M, no seu todo, valem menos, em termos de acção interventiva-produtiva, que as Juntas de Freguesia da Madeira, quanto menos a nível de Câmaras, de Governo Regional e da Assembleia Legislativa Regional. O poder local tem mais responsabilidades e uma maior produtividade que todos os pequenos partidos juntos, mais o PS-M. E neste particular, não deixa de ser pertinente o facto do espaço de, em certa comunicação social, os pequenos partidos terem mais tempo de antena que as Juntas de Freguesia e até das Câmaras Municipais que, despercebidamente celebraram, muito recentemente, trinta anos de existência no regime democrático do pós 25 de Abril de 1974.
Os pequenos partidos políticos não existiriam não fosse a cobertura que, por tudo e por nada, a comunicação social, lhes dedica, já o mesmo não se pode dizer das Autarquias. Criou-se como que um dever, uma obrigação, cobrir toda a agenda partidária dos pequenos partidos, sempre com as mesmas caras e as mesmas observações de cassettes gastas. Já quando as Autarquias têm algo a divulgar ou a apresentar às populações faltam quase sempre meios por parte da mesma comunicação social. Caso para perguntar, quem representa mais junto das populações, dos eleitores: os pequenos partidos ou as juntas de freguesia?
Pequenos partidos, votos perdidos! Se não conseguem chegar ao poder, se as sucessivas maiorias dos eleitores não confiam nos seus programas, que vantagens advém para a democracia?

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