sexta-feira, 23 de março de 2007

Libertar a Madeira

Está mais do que provado que a Madeira teve um desenvolvimento nos últimos 30 anos (1976 – 2006) como nunca teve nos mais de 500 anos anteriores (1418-1976), período em que a governação da Madeira era dirigida sob as ordens do governo da República. Apesar das “guerras” feitas à Autonomia, a Madeira deu a Portugal em três décadas aquilo que Portugal não deu em mais de cinco séculos



De tempos a tempos alguns portugueses do Continente metem conversa sobre a Autonomia, a Independência e a FLAMA (Frente de Libertação do Arquipélago da Madeira). Umas vezes com algum sentido ante o momento político e sócio-económico, outras vezes entram na abordagem como se tratasse de meros espantalhos que pouco ou nada representam, deixando no ar a ideia de terem fraca representatividade e menos credibilidade.
Não se chega a perceber muito bem o que leva alguns portugueses com responsabilidades junto do governo da República, de instituições nacionais e de partidos políticos, virem de vez em quando falar da Autonomia, da Independência e da FLAMA!
A Autonomia tem o seu Estatuto consagrado, embora seja por vezes gravemente ferida pelo governo central nalgumas das suas competências, direitos e atribuições. Mas o certo é que a Autonomia tem forma de lei pese embora haja reconhecida necessidade de adaptá-la ao tempo em evolução e a reclamar por alterações adequadas ao presente e futuro. Tem acontecido, por diversas vezes, algum renitência por parte do governo central, da presidência da República e da Assembleia da República em aceitar a revisão do Estatuto da Autonomia e a aprovação das propostas que são apresentadas. Há um suposto medo da República em reconhecer mais Autonomia para a Madeira. Medo de quê se a Madeira é região de Portugal?
Por outro lado, não é grave o facto de alguns continentais falarem sobre a Independência da Madeira e da FLAMA. A importância é muito relativa mas estranha-se que estas questões que apenas dizem respeito aos madeirenses, residentes e na diáspora (cerca de dois milhões), sejam motivo de conversa para quem não tem a “alma de ilhéu”, não sabe o que é nascer e viver na insularidade, e mais do que tudo isto não sabe que significado teve, tem e continuará a ter para os madeirenses a expressão Independência.
Será que a Independência perspectiva fases sombrias para o poder central e obscurece alguns “altos cargos” que nada ou pouco representam para os madeirenses? Será que para esses portugueses continentais que falam gratuitamente da FLAMA estão a comparar este movimento como um grupo de bandoleiros a exemplo do que considerava o antigo regime sempre que falava dos movimentos que lutavam pela Independência nas ex-províncias portuguesas em África?
Discorrer sobre a Independência da Madeira não é um capricho ou uma invenção de agora. Tal como todos sabemos que não foram os portugueses a descobrir a Madeira embora a tenham colonizado. Não há legitimidade alguma de um português do Continente abordar a Independência da Madeira como se conhecesse e sentisse o apelo secular do madeirense, em nada comparável para o que hoje alguns continentais falam de Portugal continental vir a tornar-se numa futura província de Espanha.
Está mais do que provado que a Madeira teve um desenvolvimento nos últimos 30 anos (1976 – 2006) como nunca teve nos mais de 500 anos anteriores (1418-1976), período em que a governação da Madeira era dirigida sob as ordens do governo da República. Apesar das “guerras” feitas à Autonomia, a Madeira deu a Portugal em três décadas aquilo que Portugal não deu em mais de cinco séculos.
Poderá perguntar-se: E se a Madeira tivesse uma mais ampla Autonomia? E se a Madeira se tornasse independente de Portugal? Iria regredir? Ficaria a perder... o quê e em quê? Uma Madeira Independente seria ou não um Estado membro da União Europeia; membro por direito próprio de Instituições europeias e internacionais; teria uma identidade própria sem estar sob o crivo da República de Portugal?
Portugal ficaria a perder com a Independência da Madeira em quê? Desprender as amarras prevaleceria, no mínimo, a língua, a história “colonial”, as boas relações entre países, quiçá bem mais saudáveis das que as que actualmente mantém com os países dos Palop que, por vezes, chegam a ser degradantes e de má imagem na política mundial.
Mas os madeirenses sabem o que querem para a Madeira. Parece não restarem grandes dúvidas que a ser feita uma consulta (Referendo) aos madeirenses sobre a Independência a grande maioria optaria conscientemente pelo “SIM à independência”. A perseguição que o actual governo da República está a fazer aos madeirenses tem acirrado a motivação á libertação, ou seja, reforçado o sentimento da Independência.
A libertação da Madeira de colónia portuguesa acabará por acontecer, antes ou depois de Portugal se tornar numa província de Espanha! Libertar a Madeira será para alguns continentais no poder e com ligações ao poder central um aliviar de dores de cabeça. Faça-se-lhes a vontade.

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