quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Muros socialistas

A aplaudida decisão do Dr. Alberto João Jardim em apresentar a demissão do governo e de se recandidatar, colocando o destino da Madeira nas mãos dos madeirenses, é o corolário lógico e legítimo perante os sujos e miseráveis ataques que o governo socialista sediado em Lisboa, acolitado pelos seus apaniguados locais, vem acometendo contra a toda uma população que, esmagadouramente, não quer ser socialista.



Nos regimes ditatoriais recorre-se à construção de muros para isolar os que não pactuam das mesmas ideologias. Os muros revelam ódio e afrontamento e põem populações revoltadas. Com esta metáfora estamos a situar a prepotência do actual Governo da República que a toda a força quer que os madeirenses e porto-santenses votem nos socialistas para serem poder na Madeira. Uma tentativa que viola todos os princípios da democracia e que só nas ditaduras vamos encontrar.
O que o governo socialista está agora a fazer é tentar dividir açorianos e madeirenses, numa postura intolerável que nenhum outro governo do Portugal democrático fez até hoje. Os mais inteligentes conhecem bem este “dividir para reinar” como também sabem o que está por detrás desta indigna estratégia socialista. Não há tramas que mais cedo ou mais tarde não sejam postas a nu e a população da Madeira, da cidade e do campo, não é pobre no seu saber e sabe bem em quem confiar o governo da região.
O governo socialista talvez queira construir muralhas ou mesmo “apartheid” a separar a Madeira dos Açores e a Madeira de Portugal continental, isolar os madeirenses e porto-santenses para depois puder tirar partido das consequências do forçado isolamento, mas tal nunca irá acontecer.
Cada vez que o governo central age com prepotência sobre a Madeira ocorre-me a ideia da Autonomia que temos e dos limites que a mesma contém. Ocorre-me o passado recente da viragem de um regime fascista para um regime democrático, da facilidade com que Portugal deu a independência a territórios como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e à Guiné Bissau, salvaguardando-se Angola e Moçambique pela sua dimensão territorial e potencialidades enormes. A entrega de Timor Leste foi dramática e Macau passou para a China por imposição de forças.
Para quem conhece os arquipélagos de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe fica com a impressão que os governantes portugueses que cederam a independência a estas ilhas fizeram-no por querem livrar-se das parcas riquezas existentes nestes territórios. Os socialistas e comunistas portugueses responsáveis directos pela entrega dos territórios portugueses em África a partidos comunistas e socialistas africanos fizeram-no por linhagem partidária e ideologia comum.
Ficamos com a ideia que se a Madeira tem, naquela altura, partidos comunistas e socialistas, mesmo que na ilegalidade e constituídos por guerrilheiros terroristas, os “senhores do poder” revolucionário do mesmo modo que entregaram os territórios africanos teriam procedido em relação à Madeira e ao Porto Santo e também aos Açores. As ilhas adjacentes não tiveram a independência de Portugal porque desde a primeira horas as ideologias comunistas e socialistas foram rejeitas pela grande maioria do povo insular.
Toda a história da Madeira revela uma certa incompatibilidade com o poder central secularmente sediado em Lisboa. Durante séculos os “brancos” madeirenses foram escravizados como foram os “pretos” africanos. A política dos governos da República para com a Madeira, desde a Monarquia à República, foi sempre “africanizada”, subalternizada, limitando direitos e impondo as duras regras da colonização.
Quando os socialistas e comunistas deram a independência aos ex-territórios portugueses em África nada mais natural que tomassem a mesma decisão em relação aos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Não só não procederam de igual modo como ainda deram ordem de prisão a madeirenses e açorianos que de manifestaram na legítima defesa dos seus legítimos direitos à diferença.
As muralhas do socialismo e do comunismo jamais serão edificadas na Madeira, por muita pesada ditadura que seja erguida por quem está do lado da barricada na luta contra os madeirenses.
A aplaudida decisão do Dr. Alberto João Jardim em apresentar a demissão do governo e de se recandidatar, colocando o destino da Madeira nas mãos dos madeirenses, é o corolário lógico e legítimo perante os sujos e miseráveis ataques que o governo socialista sediado em Lisboa, acolitado pelos seus apaniguados locais, vem acometendo contra a toda uma população que, esmagadouramente, não quer ser socialista.
É cómico, hilariante, mas trágico, ouvir vozes socialistas e comunistas de naturais e residentes no Continente a falar sobre a vida da Madeira e dos madeirenses, como se a Região fosse ainda uma colónia. Não tenham pena dos madeirenses, não sejam cínicos, tal como durante meio século fez Salazar de má memória.

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