quinta-feira, 28 de julho de 2005

Pobre país!

O nome de Mário Soares, lançado pelo Partido Socialista (embora não reúna o consenso de muitas figuras carismáticas do próprio partido), como candidato à presidência da República, nas eleições de 2006, só pode ser entendido como uma tentativa extemporânea de mau gosto tendente a divertir, distrair e anestesiar os portugueses para o acto eleitoral que se aproxima, já em Outubro de 2005, as Eleições Autárquicas. Os autores, e séquito de apoiantes da ideia, querem é continuar a enganar o pobre povo português. Representa também mais um sinal de que os socialistas vivem apegados ao saudosismo, que o partido está ultrapassado e que tentam a todo o custo recriar pretensos heróis (para eles) do passado para disfarçar e pretensamente salvar a imagem da incompetência que estão a transmitir no presente. Politicamente Mário Soares já está há muitos anos no baú das recordações e não tem condições para ser candidato a coisa nenhuma, na esfera política. Os portugueses não querem um Chefe de Estado, sentado na cadeira em Belém, como aconteceu no passado, a ser comandado pelo Primeiro-Ministro, e este pelas corporações que tomaram de assalto o país. Essa foi a prática dolorosa que governou Portugal no passado ditatorial.
Mário Soares é hoje uma “carta” fora do baralho da política activa. Sob o ponto de vista da democracia e da dinâmica incessante que é urgente implementar, seria trágico para o país se o antigo presidente da República voltasse a meter-se na corrida presidencial. Seria politicamente um atentado e representava mais adiamento às legítimas ambições do desenvolvimento de um país que tem das mais jovens populações da Europa, mas, que para tal, tem urgentemente que cortar com o passado recente e suscitar vontades para reconstruir o país e torná-lo governável.
Mário Soares, ex-comunista, ex-presidiário político, ex-exilado político, ex-ministro, ex-primeiro ministro, ex-secretário geral do Partido Socialista, ex-Presidente da Republica, ex-candidato derrotado à Presidência do PE, ex-deputado ao Parlamento Europeu, ex-deputado à Assembleia da Republica, diz agora, já fora de qualquer contexto do País real, querer ser, de novo, Presidente da Republica.
Pobre País este, que mesmo já entrado no século XXI, teima em não encontrar rumo certo
Para um político, como Soares, dito socialista que sempre afirmou estar ao lado dos pobres, dos desempregados, dos sem pão e sem habitação, dos perseguidos e dos oprimidos, apresentar-se “bem de mais na vida” é, no mínimo, chocante e um absurdo, principalmente num país que é dos mais pobres da União Europeia e que caminha a passos largos para a beira do abismo depois de, com muita dificuldade, ter conseguido sair do pântano.
Salazar fazia as contas do tostão, viveu e morreu pobre. Pobre também deixou o povo português porque não dotou o país das condições básicas para o desenvolvimento. Mas, erradamente, (porque não investiu, basicamente, na aquisição do saber e nas infra estruturas reprodutivas), porém, deixou os cofres do Estado a abarrotar de ouro que permitiu as leviandades comuno-socialistas que se verificaram nos primeiros governos depois de Abril de 74, que praticamente lançaram o país na bancarrota, onde estava entre outros, Mário Soares.
Fazer ressuscitar Mário Soares à presidência da República é um engano de método. É lançar o alarme sobre o Estado português. É fazer de ignorante o eleitor português ou pensar que o povo tem memória curta.
Mas a “coisa” está muito bem orquestrada. Todos os dias, em cada uma das diversas estações de televisão aparecem uns “senhores” muito bem postos e bem falantes (que a esmagadora maioria do povo não sabe quem são) a fazerem elogios à pessoa de Mário Soares e a quererem persuadir o povo que ele é a “escolha” mais acertada.
É preciso que o povo saiba que esses “senhores ” são os representantes ou mandatários das diversas corporações e de certos figurões que tomaram conta do país e que querem, a todo o custo, manter e engordar o regime político que os sustenta e lhes dá poder.
Que dizer de toda esta reviravolta que, ao que consta, estava a ser preparada para que Freitas do Amaral (sim esse mesmo que renegou a todo o seu passado de Democrata Cristão) fosse o candidato do Partido Socialista e até da dita esquerda?
Que atitude tomará agora Freitas do Amaral por ter sido falsamente embalado e agora, pela segunda vez, vencido por Mário Soares? Será que haverá mais uma deserção no governo?
E que dizer também de Manuel Alegre que, qual lebre, foi lançado para perscrutar reacções e se vê agora abandonado e traído. Mas cuidado, Manuel Alegre está em “reflexão”, como o próprio afirmou perante as câmaras da televisão. Este pobre País fica assim distraído até o desenvolvimento de outras novelas de embalar.
Ao governo socialista no continente exige-se que cumpra com o dever de governar e que não crie e alimente motivos de distracção a fim de esconder as suas incapacidades governativas criadas pelas promessas mentirosas assumidas durante a campanha eleitoral.
A partir de agora e até 9 de Outubro, data em que se realizará o próximo acto eleitoral, as Eleições Autárquicas, os partidos políticos têm o dever de apresentar, perante as populações, os respectivos programas de acção respeitantes a cada uma das Autarquias. Programas de verdade, credíveis, exequíveis e que suscitem, pela confiança nas Pessoas e na Verdade, os eleitores a participarem activamente e a depositarem legítima esperança num presente e futuro melhor assentes num desenvolvimento global e sustentado.
Enquanto isso, Portugal precisa urgentemente é de mudar de rumo. Precisa de, a seu tempo, eleger um verdadeiro e credível Presidente da República, que assuma, sem reservas, o firme compromisso de promover uma profunda revisão da Constituição, que conduza a uma urgente e necessária mudança de regime, condição incontornável para que Portugal consiga, ainda, tornar-se no País credível e digno que a esmagadora maioria dos portugueses tanto anseia.

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