quinta-feira, 30 de junho de 2005

Governo da República no balancé socialista

O Portugal das andanças governamentais, políticas e financeiras tem sido de uma impostura a todos os títulos reprovável. São bazofias, charlatanices, hipocrisias, ostensiva presunção e embuste. São orçamentos empolados, incorrectos, excessivamente politizados, cronicamente deficitários sem que os alegados culpados do desnorte sejam penalizados.
A imagem que os portugueses têm da generalidade dos governantes e dos políticos é confrangedora e sombria. As contradições são mais do que muitas, as promessas raramente são levadas a sério e tudo parece um jogo cujo objectivo não é servir o país mas servir-se do país. Veja-se, tão só, quantos governantes já passaram pelo governo da República, quantos primeiros-ministros, ministros, secretários de estado, sub-secretários de estado, directores-gerais, presidentes de institutos públicos e outros mais cargos da área governamental.
Os portugueses estão desmotivados, apreensivos, descrentes e inseguros, situação que não abona nada a democracia. Já poucos acreditam nos governos e na justiça e quando este sentimento cresce e se generaliza numa nação é prenúncio do fim do sistema político. Este balancé socialista não oferece estabilidade e credibilidade aos cidadãos e conduz o país para um poço sem fundo. Já nem há vergonha para as posições de despromoção que o país vem agravando de ano para ano, com níveis de estruturas globais que ficam muito aquém da média dos países da União Europeia.
Sempre se considerou que sem estabilidade política e social não pode haver progresso. A Madeira é disso flagrante exemplo, por muito que os adversários políticos da governação liderada pelo Dr. Alberto João Jardim possam criticar. Na região reina a estabilidade social e política, os níveis de segurança e de qualidade de vida são melhores que no resto do país, o progresso não está concentrado apenas numa zona geográfica mas em todo o espaço da Região Autónoma. Tivesse o governo central seguido a estratégica política e governamental da Madeira e não teria havido tantos e improfícuos governos, tanto desperdício financeiro e tantas obras megalómanas perfeitamente dispensáveis.
Nos três últimos governos da República (PS, PSD e agora PS), assistiu-se a uma incapacidade de sacudir o país e levar por diante projectos inovadores e de vanguarda europeia. O governo PS de António Guterres colocou o país à beira do abismo e depois abandonou o poder apressadamente quanto já a desgovernação era enorme. Por sua vez, a saída de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia deixou o governo PSD-PP órfão e assistiu-se ao “golpe constitucional” que conduziu a um novo governo do Partido Socialista que em cerca de quatro meses de exercício já mostrou ser incapaz de alterar o rumo desolador e pessimista que o país está a viver.
À medida que os governos da República vão mudando de coloração partidária e de governantes o país vai agravando o seu estado de saúde. São “buracos” de milhões nos Orçamentos, são défices financeiros inexplicáveis, são projectos fracassados que custaram os “olhos da cara”, são perdas enormes em áreas fundamentais para a estabilidade do país e dos portugueses, são milhares de processos entupidos nos tribunais, são fachadas e falácias enganadoras mas que vão embalando o “pobre” povo português.
Os gestores da República, entenda-se governantes que ocupam as cadeiras do poder central, têm sido, na generalidade, pressupostamente medíocres no exercício das funções de titulares de pastas do Estado. Podem (e muitos são) ser os melhores catedráticos e gestores de renome nas faculdades e na administração civil, mas no exercício de funções governamentais têm sido poucos a mostrar estofo para o cargo. O estado em que se encontra o país só pode ser da responsabilidade dos governantes, seja quais forem, e não dos portugueses que apenas de limitaram a votar naqueles que à partida lhes davam mais confiança.
Gastam milhões e não se vê obra, progresso, desenvolvimento. Ao menos que houvesse défices por via de investimentos a favor do crescimento do país. Uma coisa é ver-se dívida e desenvolvimento, outra coisa é não se ver desenvolvimento e ver crescer dívida.
A dívida da Região está consolidada e à vista, o progresso global está à mostra de toda a gente. A dívida do Estado é galopante e não resulta de investimentos sustentáveis dirigidos ao aumento de qualidade de vida do povo.
Se o país fosse uma fábrica, diria que o melhor seria encerrar as portas por uns tempos, repensar a situação e só depois de um diagnóstico bem feito então voltar a ligar as máquinas e pô-las a funcionar.
De certeza que os balancés da República seriam varridos para longe e para sempre. Assim como está, a República não vai nunca chegar a bom porto. Não há timoneiros à altura.

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