sexta-feira, 27 de agosto de 2004

Madeira no futebol nacional e europeu

Começa este fim de semana o campeonato de futebol profissional, época 2004/2005. Não pretendemos, através deste artigo, fazer considerações sobre o momento actual da modalidade, dos nossos clubes e equipas, visto que haverá quem esteja mais proficientemente habilitado para proferir ou escrever sobre está área desportiva. Mas também é certo que a nossa experiência como dirigente, durante muitos anos, permite falar e escrever com algum acerto sobre o futebol profissional, em particular, e do desporto em geral.
A Madeira com dois clubes na I Liga (já teve três na I divisão: Marítimo, União e Nacional), ambos com direito a participar na Taça UEFA, tem assegurada uma promoção nacional e internacional nunca dantes conseguida. Até a presente época, apenas uma equipa madeirense (Marítimo) tinha estado na citada prova europeia onde participam alguns dos maiores clubes europeus e mundiais.
A jogar na I Liga, os clubes têm diariamente os jornais-diários mais lidos do país – os desportivos - a noticiar sobre tudo quanto gira à volta da equipa, desde treinadores, jogadores, departamento clínico, treinos, uma informação que apenas o futebol profissional cativa e atrai leitores. E a notícia, regra geral, vem associada à região no seu todo: “Marítimo do Funchal” e “Nacional da Madeira”. Com a participação na Taça UEFA, a notícia passa a ocupar também espaços nos jornais-desportivos europeus, também estes dos mais lidos em países como Espanha, França, Itália, Holanda, Alemanha e muitos outros. O linguajar futebolístico é quotidiano e igual em todos os países.
Claro que a imprensa, tal como a televisão e a rádio, tem uma quota de grande responsabilidade sobre a força que o futebol tem na sociedade. Os três éfes – Futebol, Fátima e Fado – que se diz terem sido politizados pelo Estado Novo, sobre a liderança de Oliveira Salazar, continua a ter especial relevo no nosso país.
Talvez tenha até crescido o entusiasmo pelo futebol em Portugal, bastando para tanto ver os muitos milhares de jovens, de ambos os sexos, e mulheres, a assistir entusiasticamente aos jogos em todos os estádios do país. Uma onda de juventude tão ampla atraída pelo futebol é um fenómeno relativamente recente no nosso país.
O futebol pode não ter uma oração gramatical por excelência, descuidar-se do verbo, expressar-se por uma profusão de estilos, umas tantas palavras pré-elaboradas, com perguntas e respostas quase sempre na mesma linha de exercício mental, como se fosse proibido abordar o jogo por outras nomenclaturas, mas é rico e criativo a todo o momento, em todas os lugares, perante todas as pessoas.
É extraordinariamente do maior interesse conhecermos a opinião de um continental do Algarve, de Lisboa ou do Porto, que nunca veio à Madeira e apenas conhece a ilha pelo mapa e pelas notícias do futebol, falar do Marítimo, do Nacional, do União, de todos os clubes madeirenses que andam nas competições nacionais. Mais curioso ainda é ouvir um estrangeiro a falar da Madeira através de uma notícia sobre o futebol e de um clube da região.





Conheço alguns estrangeiros, particularmente brasileiros, que vieram à Madeira devido ao futebol. Cristiano Ronaldo, a jogar no Manchester United, por via da sua participação no futebol inglês, já motivou a vinda à Madeira de algumas “equipas” de jornalistas dos jornais desportivos mais lidos na Grã-Bretanha. Alguns cidadãos ingleses estiveram neste verão a passar férias na região pela curiosidade de quererem conhecer a ilha onde nasceu Ronaldo.
O futebol tem um “estatuto social” e uma comunicação que condensa muito mais vida comunicativa daquela que apresenta à primeira vista. A finalidade de um jogo de futebol vai muito para além das leis do jogo, das crónicas, reportagens, entrevistas e tudo quanto está perto e longe de cada desafio. A arte de jogar não é a mesma da arte da palavra. Há sempre uma inteligível meta como há ininteligíveis abstracções futebolísticas.
Os nossos dois clubes na I Liga (Marítimo e Nacional) contam com um indispensável apoio do governo Regional. O mesmo acontece com todos os clubes madeirenses que participam nas outras divisões nacionais. Dificilmente podem discutir o título de campeão ao lado de clubes com orçamentos dez vezes ou mais, aos dos clubes da região, mas tem havido uma prática de afirmação que muito honra a Região Autónoma.
Entre muitas e boas razões, os clubes da Madeira têm sido inigualáveis promotores da região e do país. Deseja-se que também consigam todas as metas para a época que agora começa.

Sem comentários: