quinta-feira, 12 de agosto de 2004

O progresso é uma luta constante

Esta lógica de pensarmos que todos vêem e pensam iguais factos evidentes, como um jogo de futebol, é uma maçada e uma trêta. Há uns que vêem no retrocesso o progresso e outros que no progresso vêem o retrocesso. Acreditamos que nas grandes causas pouco ou nada haverá por descobrir mas não deixamos de reconhecer que nem tudo está feito e poucos ou nenhuns sabem tudo.
A nossa estupefacção é vermos “miúdos” e “apanhadores de boleias” a tratar os adultos e profissionais como se soubessem o que, ao longo da vida, aprenderam os mais velhos, mais experientes e conhecedores dos meandros da vida. A vida dá-nos também lições de alguma malandrice.
O progresso parte sempre do presente para o futuro, renova-se a todo o instante, e pede sabedoria e inteligência a quem assume determinadas funções de liderança e poder, seja na vida pública ou privada. Não é nada que se consiga de um momento para outro, espontaneamente. Dá-me gozo ver e ouvir alguns sabichões feitos à pressa, ainda com o formato de aviário na cabeça, a tentarem dar lições sobre matérias que ainda pouco conhecem, a começar pela incapacidade que têm em fazer uma comparação realística entre a Madeira do passado e a Madeira do presente.
Ainda bem que estão convencidos que como pensam é que está certo. Assim ficamos todos a saber das suas incapacidades para assumirem qualquer tipo de liderança. Ainda não têm maturidade, nem conhecimento da vida para verem as diferenças entre a Madeira velha e a Madeira Nova, nem conseguem ver que a comunização actua como um sorriso cativante, uma droga viciante, e depois deixa os consumidores a delirar sobre coisas fantásticas, sonhos maravilhosos, até que, quando acordam atordoados, nem sempre sabem por onde andaram.
Sempre entendi que ser inteligente é saber primeiro, com todos os fundamentos adquiridos, antes de emitir qualquer opinião. Como também nunca acreditei em jornalismo independente, nem em presidente militante de um partido que actue imparcialmente, nem em guerras sem feridos e mortes. As coisas estão claras e não venham dizer que tudo aconteçe normalmente.
Há dias, na biblioteca, pus-me a reler algumas peças de determinados autores na colecção de diários com datas de anos atrás. De lá até cá, pelo que escreveram antes e escrevem agora deram um grande salto no progresso do retrocesso. Ficaram parados no tempo, ou melhor, passaram a defender as ideias do retrocesso, valendo-se da instituição a que pertencem e nada mais. Uma vez deixando de fazer parte da instituição passam ao anonimato como se nunca tivessem existido. O mundo está cheio de exemplos.

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