quinta-feira, 5 de agosto de 2004

Cartazes da auto-promoção

Não é justo que, a coberto de uma sigla partidária, andem por ai uns tantos oportunistas (de ambos os sexos) a sujar nomes, a denegrir a imagem da Madeira e a defender causas que sabem de antemão não terem qualquer interesse como bem para o futuro.





Sempre que se aproxima da data dos actos eleitorais há pessoas que ficam nervosas, principalmente os porta-vozes dos partidos da oposição. Recorrem a todas as artimanhas possíveis e imaginárias para terem o “direito” a tempo de antena. Aparecem quase sempre sós ou em pequenos grupos, junto a uma absurda e pretensa calamidade e toca bater forte e feio no governo e nos governantes.
Só não percebo é como pode a Comunicação Social (CS) andar a reboque destas calamidades partidárias. Se a CS acha que a oposição tem direito a tempo de antena (como nós achamos que tem) devia, sem interferências de espécie alguma e de forma imparcial, exigir alguma qualidade nas intervenções que os porta-vozes da oposição entendem fazer.
Porque roça o escândalo ouvir representantes dalguns partidos da oposição fazerem afirmações completamente desconexas, infundadas, sem terem o mínimo cuidado de saberem o porquê das coisas, o estado das coisas e apresentarem soluções para as coisas que vão passando para os jornais, para as rádios e para a televisão. Ouvir um analfabeto falar do analfabetismo é escandaloso, como escandaloso é ouvir um letrado falar daquilo que não sabe. Nem me parece, em muitos casos, que tenham consciência do que estão a dizer.
Aceito plenamente que a liberdade de expressão, quando contida nas regras do respeito, seja um direito que a todos assiste. Aceito que a política não é propriedade de ninguém em particular mas um direito de todos. Porém, já não aceito ver pessoas que aparecem na Comunicação Social sem saberem o que estão a dizer, armados em defensores dos pobres e dos desprotegidos, quando, muitos deles, alguns que eu bem conheço, fazem uma vida de aparências, de todos os confortos. Não é justo que, a coberto de uma sigla partidária, andem por ai uns tantos oportunistas (de ambos os sexos) a sujar nomes, a denegrir a imagem da Madeira e a defender causas que sabem de antemão não terem qualquer interesse como bem para o futuro.
As eleições fazem subir a febre a muita gente, leva-os a disparar em todas as direcções, de uma forma por vezes quase que de tiro ao alvo, a ver se acerta, como se o mais importante fosse o dizer mal por dizer mal. Não gosto desta partidarização da democracia barata, nem destes “cavalos à solta”, galgando a torto e a direito, como se fossem os defensores da Pátria.
Claro que têm audiência e tornam-se conhecidos porque a CS lhes dá cobertura. Nas últimas eleições para o Parlamento Europeu chegou-se a assistir a um gritante abuso e uso da Comunicação Social por um pseudo político. Candidato por um partido com ténues raízes nos Açores, conseguiu na Madeira colocar à sua frente televisão, jornais e rádios, usufruir do tempo de antena como qualquer outro candidato, fazer figura de político. Só depois de algumas sessões de auto-promoção é que a CS se apercebeu do logro em que tinha caído e partir de então cortaram-lhe o pio. O candidato desapareceu, até hoje!
Só neste país, onde se torna urgente rever e reformar a legislação eleitoral, é possível assistir-se, em cada acto eleitoral, partidos e figuras que em actos anteriores deixaram bem explicito que não representam percentagem suficiente e credível de eleitores, a terem, na generalidade dos meios de CS o mesmo tipo de atenções que os verdadeiros partidos, aqueles que representam a esmagadora maioria dos eleitores.
Mas há outros papagaios que andam na política há muitos mais anos, que assumem-se como alternativa à presidência do governo, e que nunca fizeram nada de concreto nem apresentaram projecto credível para que o eleitorado possa ler, entender e comparar com os outros programas. Como não constituem alternativa, nem têm bases sólidas para assumirem seja o que for na política e na governação, acabam sempre por levar a resposta adequado dos eleitores.
Depois vêm queixar-se que o eleitorado madeirense não está instruído, que não sabe votar, dando uma de estupidez aos eleitores. Vêm com cartazes com frase do género “acredito nos madeirenses”, quando é precisamente ao contrário, a maioria dos madeirenses é que não acredita nas propostas socialistas. Os populares com o cartaz “o futuro a nós pertence”, outra aberração e plágio universal. Não estarão os partidos que fizeram estes cartazes a gozar dos eleitores madeirenses?

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