quinta-feira, 15 de maio de 2008

Passo em frente

A mentalidade colonial não se apagou, foram muitos séculos de exploração portuguesa, impondo e assumindo superioridades arbitrárias, governando à distância e exercendo diferentes formas de escravatura consoante o andar dos tempos. Mais autonomia para a Madeira é como se estivéssemos a planear um atentado contra Portugal!



Quem lê certa imprensa corre o risco de ficar com informação manipulada, complexa, alarmista e doentia. Não há nada de positivo (…) e se há não se publica. Prefere-se o fruto podre no meio de toneladas de frutos bons. É a regressão da informação pejada de contradições e oportunismos. Para alguma comunicação social do país o mal vem de todos os lados, tudo é falcatrua, ilusão, mentira. Os fundamentos ficam pela rama e ninguém vai procurar saber se de facto o estado empobrece e os políticos enriquecem. Portugal é um país de culpados, desculpados, coitadinhos, espertos saloios, políticos de terceira e governantes corruptos.
Alguma imprensa do continente (per)segue os acontecimentos ocorridos na Madeira como abutres que picam a carcaça já apodrecida. Rebuscam assuntos como a independência, o défice democrático, o off-shore, a flama, os anos quentes da revolução e até as malvadas bombas como actos terroristas. Tudo serve para manobrar a opinião pública nacional contra os madeirenses. Agora, passados mais de três décadas, veio uma revista de um semanário editado em Lisboa recontar e plagiar os actos bombistas ocorridos na Madeira que inclusive atingiram um avião militar português cuja carcaça ainda hoje permanece na Água de Pena.
A reportagem (ultrapassadíssima) é publicada e clinicamente ilustrada numa altura em que se perfilam os candidatos à presidência do PSD-nacional, com o presidente do Governo Regional da Madeira a receber inequívocos apoios das principais distritais (cidades) do país, Lisboa e Porto.
Antes que seja tomada a decisão pessoal de entrar ou não na corrida para a liderança do maior partido da oposição, o Dr. Alberto João Jardim vê surgir na praça pública publicações deprimentes que visam pôr em xeque o patriotismo dos madeirenses. Como se as bombas que rebentaram no Funchal tivessem idêntica violência mortal que tiveram as bombas que rebentaram em Lisboa e arredores ou com os actos terroristas perpetrados pelas Forças Populares do 25 de Abril ou com a ameaça de encher o Campo Pequeno com portugueses indefesos e ai fuzilá-los, à boa maneira hitleriana.
Desde que seja para pôr em causa o patriotismo português dos madeirenses tudo é válido, ao ponto de até ser dado ênfase a caras-e-factos que à data não eram conhecidos ou então faziam parte de outros pelotões. No meio de tantas “bombas” que vão rebentando diariamente por todo o país, em todas as áreas da governação, as bombas que rebentaram na região há mais de 30 anos é que são notícia.
Que se pretende ao fazer renascer factos do passado em contextos distintos? Mas parece que volta a ser feito um teste à “colonização” continental e vale a pena dar alguma atenção. As palavras de elogios à Madeira dos presidentes do Parlamento e da República, Jaime Gama e Cavaco Silva, respectivamente, fizeram ressurgir, por parte da oposição o terrorismo verbal contra os madeirenses e passaram a ser encaradas como de malvadas!
A mentalidade colonial não se apagou, foram muitos séculos de exploração portuguesa, impondo e assumindo superioridades arbitrárias, governando à distância e exercendo diferentes formas de escravatura consoante o andar dos tempos. Mais autonomia para a Madeira é como se estivéssemos a planear um atentado contra Portugal! O Dr. Alberto João Jardim inquieta a classe política continental, esteja no governo ou não. Esta é a realidade.
Desde que o nome do Dr. Alberto João Jardim foi citado como opção digna para a presidência do PSD-nacional e como potencial candidato às eleições legislativas de 2009, começaram a sair da toca uns tantos quantos políticos de alcova que antes preferem perder do que dar a mão à palmatória. O poder conquista-se no terreno e não apenas nas intenções delineadas nos gabinetes. O país precisa de governantes incomodados com o sistema, que rompem com os preconceitos do politicamente correcto, que sejam livres de pensar e agir em função do país.
A “central de informação” socialista e o governo liderado pelo Eng. José Sócrates estão a capitalizar as divisões internas dos social-democratas reforçando posições para os próximos actos eleitorais. E tudo serve para fazer passar ao lado as divisões que existem no partido do governo e das falhas governamentais. Já se esqueceram que o PS foi o único partido que até agora apresentou dois candidatos à presidência da República (Manuel Alegre e Mário Soares), obtendo como resposta do eleitorado uma confrangedora derrota socialista.
Há que sair da teia e avançar para novos horizontes. Há que dar passos em frente, respeitar os portugueses de todas as idades e classes sociais, criar condições para que todos possam participar na recuperação da economia nacional. Uma nação que não reconhece os seus governantes não pode estar motivada. A notícia não pode deixar dúvidas. Mal dos governantes que prometem o que não conseguem nem sabem fazer. O antes acompanha sempre o depois.

02.05.2008

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