quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Crise de 2006 já começou

Para sermos positivos e optimistas temos que ter bons exemplos, saber em quem acreditar. O Governo socialista de Sócrates é o primeiro a afirmar (só agora) que a crise levará uns oito anos a passar. Porquê prometeu “bacalhau a pataco” durante a campanha? Porquê mentiu aos portugueses?



Até parece que a crise dá votos e faz matar a fome aos portugueses. Que grande ilusão. A verdadeira e frontal crise não existe, a que dizem que existe anda por ai envergonhada, autista das notícias das televisões que tentam a todo o custo vender gato por lebre. A crise de 2006 já começou, como já começaram as crises dos anos seguintes. A lengalenga chateia, incomoda mas nada podemos fazer. Quando a crise for desmantelada já não haverá sinais de crise em parte nenhuma. Deixemo-nos de lérias e vamos ao que importa.
Estou a ouvir a frase feita, milhentas vezes repetida: “Feliz Ano Novo” e que 2006 seja melhor que 2005. Que o ano que está prestes a terminar foi mau para Portugal devido à crise que ninguém sabe bem explicar o que é. Pois, então!
Crise! De quem, de quê e por quê? Será que alguém sabe dizer como é que as crises surgem e quem são os responsáveis?
Será que o pescador, o homem do talho, o pequeno comerciante ou o cidadão que se limita a fazer aquilo que lhe dizem para fazer é responsável pela crise?
Será que o presidente da República, o Governo da República e todos aqueles senhores com poderes na República são ou não são culpados das crises?
Será que um Estado que diz que vai reduzir o défice e depois vem a constatar que a dívida aumentou, está a dar achas para a crise?
Ou será que a crise é uma conversa da treta quando são necessários centenas de milhões de euros para um aeroporto na OTA, outras centenas de milhões de euros para o TVG, outras centenas de milhões de euros gastos em coisas que os portugueses desconhecem!
Será que 2006 será melhor que 2005?
Como? Expliquem, lá!?
Para sermos positivos e optimistas temos que ter bons exemplos, saber em quem acreditar. O Governo socialista de Sócrates é o primeiro a afirmar (só agora) que a crise levará uns oito anos a passar. Porquê prometeu “bacalhau a pataco” durante a campanha? Porquê mentiu aos portugueses?
Quando os responsáveis pela governação do país vêm revelar incapacidade para resolver a crise, apontando um mínimo de oito anos para encontrarem uma saída plausível, mais não estarão a fazer do que um discurso de moleza, de conversa da treta. Honestamente, não deviam estar a falar em soluções a média prazo quando sabem que estão com um pé dentro e outro pé fora do Governo. Só um otário poderá ver o actual Governo socialista no poder até 2013.
Crise! Nem pensar. São caldos entronados, caldos de galinha para aquecer o estômago e esquecer as agruras da vida. Até os russos já comem caviar, bebem o melhor champanhe francês, deliciam-se com o novo liberalismo e o novo capitalismo, e estão-se nas tintas para as dezenas de milhões de esfomeados nos arredores de Moscovo onde vivem na extrema pobreza e habitam prédios apodrecidos deixados como herança do exemplar comunismo que Mário Soares e Álvaro Cunhal trouxeram para Portugal.
Em crise andam os que criticam a crise.
Os intelectuais da taberna pintada de fresco, cheios de olheiras, enfiados no copo de vinho e no tabaco que mata. Há mais milionários na Rússia do século XXI que em qualquer outro país que ainda esteja a viver das ilusões da ideologia comunista e de um socialismo de esquerda. O russo Roman Abromovich é o “mais milionário” dos patrões de clubes de futebol do mundo, comprou o Chelsea, cuja equipa é treinada pelo português José Mourinho, por uma bagatela de milhões. A crise na Rússia está escondida nos subterrâneos das cidades e a apodrecer no interior do país do comunismo dos quatro ventos.
A crise, traduzida à letra, é uma situação perigosa. De levar as mãos à cabeça e não saber o que fazer. Mas nada que faça desanimar. António Gueterres, quando Primeiro- Ministro, badalou que a sua paixão era a educação, o ensino. Aprovou programas, alterou programas, reviu e criou novos programas, dotou o orçamento para a educação acima de todas as crises. Resultado final: Durante o mandato de António Guterres, como Primeiro-Ministro, Portugal enfrentou um dos piores períodos da educação e ensino.
Crise, quem acredita!
No espaço de 11 meses, 3 actos eleitorais em Portugal: eleições legislativas antecipadas, eleições autárquicas e, em Janeiro, eleições presidenciais. Sabem quanto custam estes três actos? Muitos milhões. Se a crise existisse não havia tanto “galo para o poleiro”, um recorde de candidatos à presidência da República. O presidente que vai sair (Jorge Sampaio) faz o discurso da crise, os candidatos a presidente têm andado na pré-campanha a falar na crise.
Quem fala verdade? Onde está a crise? A única coisa que se sabe é que a crise de 2006 já começou, sorrateiramente.

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