quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Sorrisos de Natal

O Natal é sentido como um amor que nasce e que fica para sempre, que se sente o seu calor e a sua força de viver, assumindo uma solidariedade sem limites como se todos os natais fossem sempre iguais, sempre diferentes. O Natal renova-se a cada instante.



Para nós o Natal tem mais sorrisos que noutras épocas do ano. Sorrisos sinceros e espontâneos, desejos que se quer ver extensivos a todos, abrir os braços e abraçar o mundo, dar e receber pouco ou muito, mesmo que despido de bens materiais.
Admito que possa haver sorrisos magoados, de olhos molhados com pequenas gotas recolhidas aos cantos ou desprendendo-se pela face abaixo, de saudades e recordações, lembranças que nos levam à infância que já não volta mas que nunca se esquece.
O Natal é sentido como um amor que nasce e que fica para sempre, que se sente o seu calor e a sua força de viver, assumindo uma solidariedade sem limites como se todos os natais fossem sempre iguais, sempre diferentes. O Natal renova-se a cada instante. O espírito de Natal é igual em todo o mundo pela incomparável carga de humanismo que enfatiza todas as esferas de todas as sociedades.
Não há melhores nem piores natais e até acho que o Natal mais profundo deverá ser vivido por aqueles que têm neste Dia Santo algo diferente e melhor daquilo que não têm nos demais dias do ano. Para aqueles que têm todos os dias a fartura do Natal, este dia não pode ser vivido da mesma maneira que é vivido por aqueles que desejam chegar ao Natal para terem algo melhor. Bom seria se todos os dias pudessem ser Natal, para todos.
O Natal é recordar e também reflectir. É parar sem ficar parado e ver que as tensões e convulsões são machadadas que doem muito.
Quando vejo Saddam Husssein, ex-presidente do Iraque, afirmar, esta semana, em tribunal que foi maltratado na cadeia pelos americanos, que foi vítima de agressões físicas, vejo-o como um ser humano que nunca terá vivido o mesmo Natal que milhões de iraquianos viveram miseravelmente enquanto Saddam se glorificava nos seus sete sumptuosos palácios em faustosas festanças.
Pior ainda, quando o relembro escondido num buraco debaixo da terra, quase sem poder se mexer, como se fosse um desgraçado, não consigo entender o coração deste homem que se diz filho de Deus e exerceu o poder através da ditadura e da violência, conduzindo à morte milhões de seres humanos indefesos.
O Natal é de todos e devia ser escrito com as maiores letras do mundo e presente em todos os lugares bem visíveis. Talvez se nos estúdios da televisão, onde decorreram os debates entre os candidatos à presidência da República, tivessem colocado algo que simbolizasse o Natal talvez houvesse mais respeito um pelo outro e menos “agressões verbais” detestáveis. Mário Soares podia ser o “Pai Natal” a arrastar os sapatos pela calçada, cansado e atormentado com o peso das suas velhas ideias. Cavaco Silva, pela forte personalidade demonstrada é quem mais acredita no Natal quando diz que é possível os portugueses terem uma vida melhor e promete empenhar-se por isso. Já Manuel Alegre, Francisco Louça e Jerónimo de Sousa apenas podiam ser “figurinhas” de pastorinhos revoltados que saíram do rebanho e sem azimutes se perderam na multidão deserta!
A política tem muita necessidade de viver o Natal, como uma luz que fornece pistas claras e sem sombreados. O espírito de Natal não tem existido na política e muito menos nos políticos por muito que tentem vestir a “pele de cordeiro”. As excepções são muito poucas e quando os que defendem o espírito de Natal intervêm são logo ofendidos como se fossem estranhos na “casa da política” que é o parlamento.
Não deixemos de sorrir sobretudo neste Natal, por maiores que sejam as contrariedades e as metas ainda por alcançar. Sorriam e sejam felizes. Bom Natal.

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