quinta-feira, 8 de dezembro de 2005

Reino Unido tenta ditar leis!

Já era de esperar que a presidência britânica da União Europeia viesse criar alguns problemas em matéria de fundos comunitários, não só a Portugal como a todos os outros países. Os governos do Reino Unido sempre se consideraram auto-suficientes perante a Europa continental e portanto têm sido relutantes relativamente a algumas iniciativas destinadas a fortalecer o espírito comunitário europeu. Aderiram à União Europeia mais por interesses do país do que do conjunto dos países comunitários. A Grã-Bretranha vê os outros países europeus do mesmo modo que então via a sua antiga colónia americana, agora poderosa nação, com pouco mais de 200 anos, os Estados Unidos da América.
Os ingleses vêem a Europa continental em “fuga para a frente”, com problemas de vária ordem e insegurança que dizem não existir no Reino Unido. A segurança em Inglaterra é tanta que a capital londrina é considerada como a cidade mais vigiada do mundo, tem sistemas de vigilância espelhadas por quase toda a cidade, e é também o único país da Europa onde podemos ver polícias armados com metralhadoras a qualquer hora do dia e da noite nos aeroportos nacionais e internacionais.
É esta Inglaterra que está na presidência da União Europeia e que tem sido pouco pacificadora em matéria da distribuição de riqueza e que está a fazer abalar a Europa Comunitária. O facto de terem optado por manter a sua moeda (libra estrelina), embora mais dois países tenham feito o mesmo, vem demonstrar que a participação dos ingleses na “grande família” europeia é vista como mais um degrau para mostrar a sua intenção de supremacia no contexto das acções desenvolvidas por todos os Estados membros.
A própria diplomacia britânica assim como o famoso chá das cinco fazem parte de uma tradição que deixa promover aparências pouco substantivas. Os ingleses sempre aparentaram ser gentis desde a época das descobertas mas a primeira coisa que faziam quando chegavam a qualquer país ou região era traçar azimutes e registar áreas territoriais que ainda não estavam registadas. As terras que os ingleses têm na Madeira, o grande inventário territorial que tiveram, não foram subtraídas à população madeirense (porque não havia registos) mais também não foram adquiridas por valores financeiros correspondentes às mais valias que já possuíam na época, salvo poucas excepções.
Os ingleses sempre pensaram e agiram à frente dos europeus continentais e por isso foram-se tornado proprietários de terras e bens que pudessem reverter em riqueza fácil. Pouco se tem falado, mas algumas das maiores riquezas sediadas na Madeira estão, ou estiveram, na posse de ingleses. Como alguém nos dizia, na Madeira não há ingleses pobres, quase todos estão muito bem e outros conseguiram fortunas em solo madeirense como também noutras paragens onde se instalaram.
Aquilo que hoje pedem os países comunitários, como Portugal, Grécia, Espanha e outros, com zonas periféricas ou ultra-periféricas é que haja mais atenção na distribuição de verbas para o próximo quadro comunitário de apoio que vai de 2007 a 2013. A Madeira é um dos casos flagrantes: Ou a UE mantém os apoios que têm sido disponibilizados ou podemos estar a ver as dificuldades que podiam ser evitadas.
A ginástica orçamental que o Governo Regional tem feito para construir as grandes obras que todos reconhecem, como o Aeroporto e as vias rápidas, nomeadamente, foram negociadas ao cêntimo.
O que nunca vamos permitir, de modo algum, é que a Madeira venha a ser “governada” do exterior e por estrangeiros à ilha. O tempo do gonçalvismo em que foram feitas várias tentativas para se apoderarem da Madeira fracassou em toda a linha. Os ingleses ou quaisquer outros estrangeiros conhecem bem a hospitalidade dos madeirenses, o bem atender e o bem retribuir, mas já estamos no século XXI, com uma filosofia de vida completamente diferente de quando os transportes eram exclusivamente feitos por mar.
A Madeira e Portugal não estão numa situação que os permita ver reduzidas as comparticipações financeiras da União Europeia. Situação que, aliás, nunca se pôs.
Em vez da Inglaterra propor e fazer aprovar os apoios necessários para que os países com maior carência possam continuar a progredir, vem levantar “poeiras” que apenas colocam sombras escuras sobre os países.
Como alguém dizia, ainda bem que os ingleses vão ter que deixar a presidência da UE a 31 do corrente mês. Saem sem deixar muitas saudades.

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