quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

As marionetas

O País caiu num enorme teatro de marionetes. Talvez seja por isso que as salas de cinema estão a perder público. Resta o “jet-set” e os políticos do riso, que vão aparecendo e criando factos para os demais de entreterem. O teatro de marionetes está para durar. Mesmo com Mário Soares fora dos palcos da política!





Não são apenas aquelas figurinhas atreladas a fios finos que vão sendo movidas consoante o drama e a fantasia que os artistas vão agitando com toda as suas habilidades malabaristas, são aquelas marionetes que andam pelas nossas ruas e aparecem por altura das campanhas políticas a agitar bandeiras, a botar palavra nos comícios para os mesmos pinguins da ideologia, que têm tempo de antena na televisão regional com um sapiência de envergonhar Mr.Bean. As marionetes da nossa política saem da cena política no período não eleitoral e aparecem aos empurrões nos comícios só para serem vistos.
Só depois da mais que a anunciada derrota do candidato pelo PS Mário Soares é que o secretário-geral do PS e alguns dos seus mais próximos seguidores aparecem a admitir que falharam na escolha de Mário Soares. Primeiro puseram o homem nos píncaros da lua e fizeram-no passar por situações embaraçosas que podiam ser bem evitadas (como aquela de um transmontano o acusar de ter vendido as ex-colónias africanas aos comunistas), coisas que já não vale a pena lembrar tal foi a tamanha tragédia, a par de outras intervenções quer em comícios como na televisão que o deitaram para a vulgaridade quando tinha, apesar de tudo, uma imagem a defender.
A culpa de todas estas escorregadelas são as marionetes que vão criando cenários e exibindo palhaçadas como se estivéssemos num país de gente que sabe de tudo, faz de tudo, consegue tudo e... mesmo pegando nos “cordelinhos” nada fizeram. Apontam-se factos imprecisos mas não há capacidade para apresentar soluções, melhores medidas ou, no mínimo, que caminho seguir. São as marionetes da bandalheira, no improviso da baixa cultura, do comentador que comenta e logo sabe o que está dizer, do escritor que escreve e logo sabe escrever, do músico que toca e logo sabe tocar.
Comentar e criticar como se comenta e critica no nosso país, nalguns casos, basta ser analfabeto. Fala-se sem nexo, diz-se por dizer, e depois mete-se tudo num mesmo saco, prende-se ao palco e o espectáculo das marionetes está uma vez mais prestes a começar.
O futebol está no caos mas que culpa tem o futebol de haver tanta marionete metida nos clubes, nas associações, nas arbitragens, nas federações. O mesmo vamos encontrar em quase todas as modalidades desportivas. Há muitas marionetes no teatro desportivo.
Cavaco Silva vai tomar posse a 9 de Março, quando bem podia ser noutra data. É a data (ao que lemos) que melhor se conjuga com a agenda do governo socialista. O presidente da República está sujeito ao calendário do governo!
Mas não bastaram os longos e tristonhos tempos de antena de alguns políticos na televisão, na rádio e nos jornais, antes e durante as eleições presidenciais, para termos que continuar a ver e a ouvir o teatro de marionetes pós eleições. Isto tem tanta graça como tanta legitimidade. Afinal, são as cabeças deste país, que se diz ser dos mais atrasados da Europa, que tem a internet mais cara da Europa e que tem o maior número de iletrados da Europa. Bem vistas as coisas, eles e elas (as marionetes) até estão nos lugares certos, ninguém lhes pede mais daquilo que não sabem fazer, estejam a empobrecer o património cultural, a enfraquecer a nossa economia ou a escrever livros para não terem leitura procurada nem obrigatória.
O País caiu num enorme teatro de marionetes. Talvez seja por isso que as salas de cinema estão a perder público. Resta o “jet-set” e os políticos do riso, que vão aparecendo e criando factos para os demais de entreterem. O teatro de marionetes está para durar. Mesmo com Mário Soares fora dos palcos da política!
A Madeira e os Madeirenses têm que estar em alerta permanente para recusar os “espectáculos” que pseudos artistas nos querem impingir.

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