quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Campanhas da mentira

Pela experiência do passado, é lógico que já se esperava que a postura dos partidos da oposição para as próximas eleições fosse de reaccionarismo e do deita abaixo. Confesso que não esperava por outra campanha dos partidos da oposição que não fosse decalcar o negativo até o mais ínfimo pormenor. Andamos há cerca de trinta anos a ouvir a oposição a criticar, a prometer e a nada fazer e não nos venham dizer que o eleitorado madeirense é analfabeto, que não vota pelo seu próprio desejo e interesse, pela credibilidade aos que ganham as eleições.
A oposição ainda não percebeu que a liberdade de voto não é um direito em vão e que a política não é o jogo do pião. Jogam contra tudo e não se apercebem que o eleitorado está a ver, a tirar ilações, a fazer comparações e a tomar posições que vão determinar em que partido votar. Com efeito, as campanhas da mentira não fazem ganhar eleições aqui na Madeira.
A “sopa” russa que o PS anda a fazer está a confundir o eleitorado. No mesmo comício os socialistas falam das autárquicas e das presidenciais, da governação e do Pacto de Estabilidade exigido por Bruxelas, de um novo referendo ao aborto, dos medicamentos de venda livre nos hipermercados, do congelamento dos funcionários públicos e da greve dos militares e dos polícias. Assistir a um comício dos socialistas é a assistir a uma comédia com muitos autos.
A certa altura não se sabe bem se estão mais empenhados nas eleições autárquicas ou nas presidenciais. O fiasco é tanto que a confusão facilmente se estabelece. É tanta a desordem nos socialistas que, pela primeira vez na história do partido poderá surgir duas candidaturas do PS à presidência da República. Agora imagine-se o que será um partido a apoiar dois candidatos.
Na Madeira, tem vindo para a praça pública “guerras internas” no partido socialista que dizem bem com que interesses está o PS a concorrer às eleições autárquicas de 9 de Outubro. Quando um partido de pequena dimensão, como é o PS na Madeira, não consegue paz e organização na sua própria casa que poderá fazer à frente de uma Câmara ou Junta de Freguesia? São perguntas que andam com as pessoas, no dia a dia, a que, nos momentos decisivos, o eleitorado tem dado a devida resposta.
A maturidade do eleitorado madeirense (já vota há trinta anos!) deve ser respeitada. Saloios e analfabetos são aqueles que dizem que os madeirenses não sabem votar. As campanhas da mentira prevalecem só enquanto as verdades não são esclarecidas. Enganam-se aqueles que pensam que os madeirenses votam sem saber. Vemos candidatos, na actual campanha partidária, que andam “ali” só para terem o prazer de ver a comunicação social atrás de si, o que deve dar, a tais candidatos da oposição muito gozo, mesmo que efémero. Vê-los a denunciar o beco sem saída, a estrada que falta, ervas no canto da estrada que ainda não foram arrancadas, a ribeira com algum lixo, é bem demonstrativo da total falta de ideias e de convicções.
Pergunte-se às pessoas o que pensam das campanhas da mentira feitas pela oposição. Ninguém diz que o partido que está no governo e nas autárquicas faz tudo na máxima perfeição que também não comete alguns erros. Comete e sabe que os comete. O que não faz o PSD é prometer e não fazer, seja com muitas ou pequenas dificuldades. Nas campanhas dos sociais democratas os discursos são feitos através de mensagens simples, práticos, objectivos e verdadeiros, muito diferentes dos discursos dos partidos da oposição.
Sejamos transparentes e sinceros quando nos dirigimos às pessoas, ao eleitorado, porque é sobre factos concretos que as pessoas querem ouvir os políticos em campanha e não para ouvirem o rebobinar de factos passados que não vão contribuir em nada para um futuro melhor.
Não são as campanhas da mentira que vão levar os eleitores a mudar de opinião. Mais ainda na Madeira e no Porto Santo.

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