quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

A “bola” já não é o que era!

A política é um jogo, tenha ou não regras. Uns jogam ao ataque, outros à defesa, há os que jogam no vale tudo, os que não sabem jogar e por isso andam sempre a bater a torto e a direito até caírem para o lado com o peso da derrota. Conhecemos políticos ou pseudo políticos que nunca ganharam um único acto eleitoral mas de tão obcecados que andam pensam que estão a acumular vitórias e não derrotas.
Pergunte-se a um obcecado da ideologia comunista se alguma vez viu o seu partido sair derrotado em eleições. Nunca! Nem quando ficam em último lugar ou descem em relação aos resultados anteriores. São sempre doentiamente uns perdedores-vencedores que o eleitora já os aceita como tal. Fazem-nos lembrar aqueles fanáticos do futebol que vêem sempre os seus clubes ganhar mesmo quando são copiosamente derrotados.
E por falar de futebol, modalidade que sou assumido adepto desde os tempos dos jogos a quatro (Marítimo, Nacional, União e Sporting), onde só víamos jogadores cá da terra, um ou outro espanhol (das vizinhas Canárias) e alguns, poucos, oriundos de Cabo Verde, não consigo entender como na actualidade há mais jogadores imigrantes do que madeirenses. Não sou contra a imigração e sei muito bem que a Madeira tem cerca de um milhão de emigrantes e o Portugal, no total, cerca de 5 milhões na diáspora. A minha observação e da grande maioria dos madeirenses é como é que esta transformação foi acontecendo. Esta situação era aceitáqvel
A partir de certa altura os clubes da região passaram a importar jogadores como quem recorre à importação de mercadorias que não existem na ilha. Os clubes parecem cada vez mais dependentes da mercadoria estrangeira o que vem pôr em causa as grandes investimentos feitos na formação de jovens jogadores. Custa a entender como é que com tantos campos relvados e sintéticos, com condições infra-estruturais muito boas (algumas de excelente qualidade), apoio médico e medicamentoso, técnicos e professores de educação física a desenvolverem um trabalho de base importante para que os jovens jogadores possam evoluir uniformemente, quase que não vimos futebolistas madeirenses nas nossas principais equipas.
Há poucos dias (escuso dizer o nome do clube madeirense e do jogo a que assisti) fui ao futebol com um amigo continental, daqueles que não perde um jogo, esteja onde estiver, e não consegui dizer-lhe o nome da maioria dos jogadores “madeirenses” em campo. Foi no intervalo que falando com outras pessoas fui identificado este, aquele e aqueloutro. Nomes que indicavam origem estrangeira. “A Madeira deve ser um paraíso para os jogadores e talvez seja por isso que há tantos por cá”, observou o meu amigo, com ar de quem estranha tal situação. Ripostei que no Continente também o mesmo se passa, basta ver as equipas do Benfica, Porto e Sporting. Até na selecção joga um brasileiro naturalizado português, bem como o treinador-seleccionador ser estrangeiro. Começou a rir!
Tal como ele (continental) também muitos madeirenses devem gozar com o amplo quadro de jogadores estrangeiros. Independentemente do valor que possam ter, de serem baratos ou caros, irrita ver equipas madeirenses sem madeirenses ou com uma minoria de madeirenses. Se as equipas da região jogam para a manutenção, salvo raras excepções, para não descerem de divisão, será que na Madeira não temos jogadores para


lutarem por esse objectivo, de não descer de divisão? Qual é a diferença entre o ficar a meio da tabela ou no último lugar que evita a despromoção? Nem sim, nem não.
Faz-me lembrar os bilhetes de lotaria, o totoloto, o totobola e mais recentemente o euromilhões. Quando alguém diz que acertou em xis número, mas se acertasse em mais um número era premiado, é o mesmo que nada! Bolas, nada ganhou. Pois é, de que serve ficar a meio da tabela ou próximo dos da frente se apostamos mais, gastamos mais e nada conseguimos. Com muito menos custos não descíamos de divisão e os efeitos futuros do investimento teriam certamente outras repercussões.
Não há argumentos esclarecedores que possam clarificar cabalmente estas situações. Aquilo que o Governo Regional fez até agora na área das infra-estruturas desportivas, tanto no futebol como em todas as modalidades, há muito que os resultados de tais investimentos deviam de estar a dar frutos. Obviamente que não será com a contratação maciça de jogadores imigrantes que os jogadores madeirenses terão a possibilidade de competir e de evoluir. É que depois há este dilema para os clubes: os jogadores estrangeiros foram contratos para jogar, mesmo que sejam de qualidade idêntica ou inferior às que possuem os jogadores madeirenses, enquanto que os jogadores cá da terra podem ficar “tapados” que não custam muito aos clubes. Esta bola já não é o que era!
Neste aspecto o jogo político é mais transparente. Ganha quem sabe e quem mereceu o voto dos eleitores. Sem penaltis fantasmas e más arbitragens. Entra no jogo e saem vencedores os melhores, o que nem sempre acontece no futebol.

Sem comentários: