quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

Maldita mentalidade colonialista portuguesa

Não vale a pena! Portugal da metrópole nunca vai deixar de ver as ilhas da Madeira e dos Açores como pedaços das descobertas colonizados por quem tem no sangue o espírito da saloia superioridade. O madeirense, em especial, tem uma cultura de trabalho, bondade e hospitalidade que leva aos da metrópole a pensar que, assim sendo, podem intervir como bem entendem na vida da região.
Uma postura completamente contrária têm os madeirenses quando falam de Portugal continental e dos seus habitantes, mesmo quando decidem trabalhar e viver no continente. Respeitamos sem subserviência e sabemos estar sem ofender ninguém ou trepar a todo o custo, sem criar lobbies ou pôr-se em bicos de pé. Os madeirenses têm uma cultura de respeito, do bom senso, de sabedoria universal, sem equívocos ancestrais e da estúpida mentalidade colonialista.
Aquilo que durante muitos anos as organizações hostis ao Estado Novo acusaram os governos de então de colonialista, por ter territórios fora do continente, não se extinguiu com a mudança de regime. Foi uma maldade dos governantes da República, na hora de se iniciar uma novo regime para o país com base na democracia, não darem oportunidade ao povo da Madeira e dos Açores para se pronunciarem se desejam ou não continuar como colónias portuguesas. E digo isto em saber qual seria o resultado da consulta (tipo Referendo), nem ter a certeza se seria para bem ou para pior. Digo por aquilo que venho sentindo e vendo nos últimos 30 anos, desde que o regime político mudou em Portugal.
Apenas constato, pelo conhecimento que tenho, que a Madeira tinha e tem mais e melhores condições que Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, bem como Timor, para ser país independente. Não sei, passados três décadas, se os governantes que concederam a independência a estes três territórios fizeram-no para se libertar dos encargos que o Estado português continuaria a ter com Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor?. Não sei, o porquê de tanta pressa de Portugal em dar a independência a estes três territórios com tantas carências e a precisarem de muitas ajudas? Carências que se mantém e, nalguns casos, se agravaram por culpa de Portugal, ao não ter defendido princípios de uma independência progressiva até estarem reunidas todas as condições para que os povos pudessem viver com um melhor padrão de dignidade.
Pelo contrário, dar a independência à Madeira (e aos Açores) não era oportuno, mais ainda quando a Madeira e os Açores davam e continuam a “dar lucro”, a “dar trofeus”, em vez de prejuízos ou derrotas, ao mesmo tempo que fazem manter o império português no além-mar e até favorecer, como tem vindo a acontecer, o Estado português nas suas relações com as instâncias internacionais.
Se tal tem acontecido, os madeirenses não tinham que ouvir, de tempos em tempos, uns patetas continentais a “vomitar” ódios contra a Madeira, com afirmações patéticas e completamente colonialistas. A cegueira é de tal ordem que não conseguem ver que aquilo que é feito na Madeira está a ser feito em Portugal, que não há clandestinidade de poderes nem existem sentimentos de anti-Pátria, revoltas tipo africanas, nem acções de guerrilha, tipo guerra colonial contra Portugal.
Os madeirenses, muito provavelmente, são mais patriotas (mais portugueses!) que muitos continentais. E basta que se oiça o que dizem os que conhecem a obra que os madeirenses fizeram por Portugal nestes últimos 30 anos. Compare-se os biliões de euros mal gastos pelo governo central em obras no continente, de norte a sul, com as obras feitas na Madeira e o volume de verbas aplicadas. Só os frustados podem vir dizer que a Madeira não conseguiu progredir em cerca de 20 anos como nunca tinha conseguido. Se, neste lapso de tempo, a Madeira gastou milhões de euros em obras o desenvolvimento comprova-o, já o mesmo não se pode dizer em relação aos muitos investimentos que o Estado fez por todo o continente.
A maldita mentalidade colonialista portuguesa vai perseguir os madeirenses até sempre! Até um dia, não sei, porque não sei o pensamento das futuras gerações. O que sei e sabem todos os madeirenses é que o governo central português, de uma maneira ou de outra, através dalguns dos seus governantes, políticos e seus lacaios, de tempos a tempos, ofendem os madeirenses. É óbvio que tudo tem um fim. Um desenlace que, por vezes, acontece quando menos se espera!

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