sábado, 26 de maio de 2007

Quem governa Portugal?

Portugal de hoje pode ter um mau governo, ter um primeiro ministro discutível, ministros incompetentes, um governo levado ao poder por intervenção do anterior presidente da República, um governo que os portugueses sabem que não governa e que se refugia em promessas que sabe não poder cumprir, mas nem por tudo isto se pode admitir que cidadãos estrangeiros venham questionar o berço educacional dos portugueses



Alguns jornais ingleses, a propósito do desaparecimento no Algarve de uma criança inglesa, têm feito duras críticas ao sistema policial português, ao ponto de questionarem sobre quem governa Portugal. O imperialismo inglês tem destas infelizes saídas e coloca-se num pedestal como se a Inglaterra fosse, nos tempos que correm, um bom exemplo para a comunidade internacional.
O casal inglês que deixou os três filhos num quarto de um apartamento enquanto foram jantar com os amigos, tiveram azar!?. A solidariedade universal logo ecoou pelos quatro cantos do mundo e os mass-media sempre estiveram ao lado dos pais da criança de quatro anos, a grande e única vítima. A comunicação social não tocou uma única vez na imprevidência ou displicência dos pais, não fez uma única referência ao abandono das crianças nem pôs alguma vez em causa a alegada falta de cuidado paternal. Se fosse um casal português a deixar os filhos, com idades entre os dois e quatro anos, num quarto de apartamento, é quase certo que seriam crucificados com as piores críticas, chamados de incompetentes, ignorantes, mal educados, indignos de serem pais, acusados e metralhados por pertencerem a um país pobre prostrado no fundo do ranking da sobrevivência europeu.
É evidente que, neste como noutros casos semelhantes, preferimos a conversa séria, culta e sem picardias. A cobertura feita pelos mass-media sobre o desaparecimento da criança tomou conta do espaço noticioso como se fosse um caso inédito no mundo em que vivemos. Infelizmente, todos os dias, desaparecem centenas senão milhares de crianças em todo o mundo. Choca-nos profundamente o rapto de uma criança indefesa, somos inquestionavelmente contra quem comete estas barbaridades. Todavia, não apreciamos muito estes excessos noticiosos geradores de grande controvérsia, de improvisações de pessoas que se perdem em juízos de valor sobre quem exerce funções de investigação policial.
Quem governa Portugal?, interrogam os jornais ingleses! Mas isso sabem muito bem os portugueses. Já houve épocas em que os ingleses governavam (...) Portugal e inclusivamente tomaram grandes áreas do território madeirense. A Monarquia deixava-se embalar, as primeiras repúblicas portuguesas fecharam os olhos à invasão inglesa, e foi preciso chegarmos à segunda metade do século XX para se pôr em prática os direitos dos cidadãos nacionais e esvaziar o poder económico que os ingleses tinham no país e na Região. Portugal de hoje pode ter um mau governo, ter um primeiro ministro discutível, ministros incompetentes, um governo levado ao poder por intervenção do anterior presidente da República, um governo que os portugueses sabem que não governa e que se refugia em promessas que sabe não poder cumprir, mas nem por tudo isto se pode admitir que cidadãos estrangeiros venham questionar o berço educacional dos portugueses.
A facilidade com que se opina sobre factos difíceis de entender (sim, porque custa-nos a aceitar que pais cultos deixem três crianças de tenra idade num apartamento, quando a noite já fez o seu aparecimento), merece-nos reflexão mas não ao ponto de desprezar e descurar tudo o mais que gravita à nossa volta, em Portugal. O governo da República tem andado à deriva, as contestações às políticas governamentais não têm parado, todas as semanas mais fábricas e empresas a encerrar, o número de desempregados tem aumentado, as finanças públicas estão a bater no fundo, mas o primeiro ministro insiste que Portugal nunca esteve tão bem como agora. As graves gafes protagonizadas pelos governantes socialistas não têm limite, a começar no ministro da economia e a terminar no primeiro-ministro.
A outro nível, quem tem muitas razões para colocar a pergunta sobre quem verdadeiramente governa Portugal são os madeirenses. Depois do governo da República ter forçado o governo Regional a interromper o mandato para que fora eleito até 2009, depois do líder do PS-M ter desafiado publicamente o líder do PSD-M a se demitir, forçaram eleições antecipadas, obrigaram os madeirenses a irem às urnas, e agora, derrotados copiosamente, o governo socialista comporta-se como se não tivesse culpas nas eleições antecipadas, como se a liberdade democrática dos eleitores madeirenses não existisse.
Temos pena da criança inglesa desaparecida no Algarve. Temos pena, também, de no governo da República de Portugal estar um partido socialista com governantes democraticamente atípicos, inimigos feitos guerreiros contra os madeirenses, com provas de um mau perder e ausência de ética democrática. Não fazemos desafios mas pensamos que governantes destes (socialistas) não fazem falta a Portugal, antes prejudicam seriamente o país. A Madeira ainda é Portugal, os madeirenses são tão ou mais portugueses que os que hoje são governantes da República, e aquilo que no presente os socialistas estão a fazer contra a Madeira não será visto no futuro como se nada tivesse acontecido.
O futuro da Madeira não passa, nem de perto nem de longe, por este governo socialista da República portuguesa.

Sem comentários: