sexta-feira, 11 de maio de 2007

A Madeira ganhou!

A Região Autónoma da Madeira está próxima dos 600 anos de colonização portuguesa, é o território de Portugal mais antigo fora do Continente, pelo que a auto-determinação não deve ser encarada como um desafio político mas sim com uma inteira legitimidade


Não restam quaisquer dúvidas de que a Madeira ganhou de forma categórica com os resultados das recentes eleições regionais. Cumpriu-se assim o vatícinio propalado pelo partido socialista nos cartazes que espalhou por toda a Região nos quais constava a mensagem: “A Madeira vai ganhar”, por sinal a única verdade proferida pelo inditoso derrotado e ainda lider do partido socialista.
De facto a Madeira ganhou e reforçou o seu querer legítimo de levar por diante um projecto de mais Autonomia e de menos presença da República. O ser português, no século XXI, mudou muito nas últimas décadas, acordou mentalidades adormecidas e abriu caminhos que estavam vedados por poderes centralistas e doentiamente ancorados “A Bem da Nação” e “Servir a Pátria”.
A retumbante vitória do PSD nas eleições regionais, sob a liderança do Dr. Alberto João Jardim (para alguns insuspeitos comentaristas um dos grandes estadistas do Portugal democrático que começou em finais dos anos 70 do século XX), e a fortíssima adesão dos madeirenses à social democracia, identificados com uma governação que mudou a Madeira de uma Região pobre e das mais atrasadas do país para uma das mais desenvolvidas no grande espaço comunitário europeu, leva-nos a querer alcançar outras metas que, pela via democrática, pensamos estar ao alcance dos madeirenses.
O ser português, o “contra os canhões, marchar, marchar!”, continua a ter o valor intrínseco da nacionalidade, do país onde nascemos, mas a nossa terra, o sítio, a Região onde nascemos, toca-nos mais fundo, desperta-nos um sentimento muito mais apegado e apelativo para uma crescente emancipação. A nossa terra é sempre a melhor, estejamos onde estivermos, num qualquer país do mundo. E a nossa emigração é o melhor testemunho deste sentimento realístico.
Se fizéssemos um Referendo sobre a Autonomia e a Independência em nada nos surpreenderia se a resposta fosse favorável à auto-determinação da Madeira. É que os madeirenses, como revelam os resultados eleitorais recentes, estão a ficar fartos dos governos da República, de verem Portugal a marcar passo e a andar para trás quando todos os outros 26 Estados membros da União Europeia estão ano após ano a progredir. Quando vêem Portugal às avessas na política e na governação. Quando o governo da República (PS) reconhece que o país está em profunda crise financeira, a viver acima das receitas, com a dívida pública sempre a subir, decide avançar com a construção de obras megalómanas (aeroporto na OTA, entre outras) contrariando pareceres apresentados por entidades técnicas inquestionáveis. Deixem ao menos a Madeira seguir os seus objectivos em prol de uma maior emancipação e de um maior desenvolvimento.
O fenómeno da emancipação não é de estar contra à Pátria mãe nem deve ser entendido como uma luta política-partidária. Quanto maior é a emancipação maior é a responsabilidade que faz aparecer novas conquistas e novos progressos. Não é com uma autonomia limitada, reduzida ao âmbito daquilo que entende a República, que as regiões vão alcançar um maior desenvolvimento. A regionalização do Continente, contrariada pelos partidos que têm estado no poder, só tem prejudicado as populações e a evidência actual é bem reveladora. Portugal tem no litoral um desenvolvimento incomparavelmente superior ao que vamos encontrar no Portugal do interior e das regiões mais longínquas da capital.
A Região Autónoma da Madeira, nos últimos anos, tem estado a ser prejudicada e “perseguida” pelo governo socialista da República. O primeiro-ministro, José Sócrates, tem dado a entender que a Madeira é “persona non grata” para Portugal continental, fazendo considerações sobre os madeirenses que em nada abonam o cargo que ocupa. Numa República onde impera a democracia o primeiro-ministro tem por dever ouvir e tratar todos os cidadãos de igual modo, com o mesmo respeito e educação, e não criar divisões, de tomar partido de uns contra os outros. Se o actual primeiro-ministro não quer reconhecer a civilização, a ética e os valores democráticos que existam na Madeira, não venha fomentar guerras contra o povo madeirense que sempre soube respeitar os governantes da República.
Não é com grosseiras intimidações, ameaças e birras pessoais, que o governo socialista da República está a prestar um bom serviço ao país. Se o primeiro-ministro José Sócrates, bem como o ministro das Finanças e outros socialistas, entendem que a Madeira é uma pedra no sapato então que digam claramente o que querem que aconteça.
De uma coisa podem ter a certeza: enquanto o voto democrático tiver o poder de eleger os governantes, com transparência e seriedade, os socialistas do maldizer, das frustrações e das críticas infundadas contra a Região nunca vão ter a maioria dos votos dos eleitores madeirenses. O primeiro ministro José Sócrates que tão bem se apresenta a dissertar e a defender causas do bem e do mal, ao bom estilo sofista, não teve coragem de vir uma única vez à Madeira para botar palavra num comício socialista deixando o líder regional do PS de braços caídos e entregue a si próprio. Não se dignou vir à Madeira mas está sempre disponível para outras viagens mais longas! Outros seus Kamaradas também, cobardemente, de início semearam ódios e fel mas mal a campanha começou meteram a cabeça na areia ou fugiram para outras paragens.
Para o futuro (é nossa opinião há muito tempo), os madeirenses têm que encarar novas realidades que podem ir até a independência. Já vimos que os governos da República e o próprio presidente da República não estão interessados em que a Madeira atinja um maior desenvolvimento. O progresso da Madeira é contrariado pela República. Os governantes da República padecem dos resquícios do colonialismo, querem mandar à distância, sentados nas suas poltronas, tal como os governantes do anterior regime. Em mais de dois anos de mandato, o primeiro-ministro José Sócrates tem feito várias críticas à Madeira mas nunca visitou a Região. Fala pelo que lhe dizem, pelo que pensa sem ver nem ouvir os madeirenses e quer que este território ultra-periférico continue a ser parcela de Portugal!
É bom lembrar que outros territórios bem mais condicionados que a Madeira são hoje países de sucesso e com uma qualidade de vida muito superior a de Portugal. A Região Autónoma da Madeira está próxima dos 600 anos de colonização portuguesa, é o território de Portugal mais antigo fora do Continente, pelo que a auto-determinação não deve ser encarada como um desafio político mas sim com uma inteira legitimidade.

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