quinta-feira, 20 de julho de 2006

Governantes da República não conhecem a Madeira

Os governos das Regiões Autónomas e os seus povos não querem favores dos governos da República, não querem esmolas nem medidas favoráveis em desfavores de outras regiões do país. Apenas queremos que não façam “uso e abuso” do poder pelo facto de estarem de passagem pelo governo central, trocando os deveres patrióticos pelas razões partidárias.

As relações entre o governo da Região Autónoma da Madeira e os governos da República nunca estiveram tão enviesadas como agora, decorridas três décadas de uma Autonomia que transformou a Ilha pobre, colonizada e oprimida pelo poder central sediado em Lisboa, numa ilha completamente oposta à que conhecemos antes da formação de órgãos próprios de poder (Assembleia Regional e Governo Regional).
Mas este desenvolvimento que se vê por toda a Madeira e Porto Santo foi conseguido à custa da perspicaz e persistente intervenção política governamental que o PPD/PSD soube conduzir contra todas as barreiras intentadas pelos opositores.
E o mau (a nota negativa) deste querer fazer mais e melhor pela Madeira e por Portugal é vermos os governos da República a leste do que era e do que é a Ilha, das mais valias madeirenses e porto-santenses, tomando decisões como se a ilha não tivesse, em situações definidas na Constituição e no Estatuto próprio, direitos, competências e atribuições diferentes às do rectângulo continental português. Estes sucessivos dislates dos governantes do poder central magoam, doem, causam revolta, por não serem capazes de ver um país constituído pelo Continente, Madeira e Açores.
Atrevemo-nos a afirmar que a grande maioria dos governantes do poder central nunca conheceram a Madeira e os Açores antes de 1974 e muitos só vieram e vêm às ilhas em funções de governantes, como se fosse um aproveitar a boleia, com tudo pago à custa do Orçamento. Estes “senhores governantes” não conhecem as realidades insulares, a ultraperiferia, a distância que o mar nos separa.
Os governantes da República por não conhecerem a Madeira, os seus condicionamentos que a natureza insular impõe, (ou por outras razões menos dignas), são levados a tomar decisões e posições absurdas e estúpidas contra as populações portuguesas das Regiões Autónomas. A realidade é que deixam entender que de facto não conhecem o modus vivendi dos madeirenses e açorianos.
Viver no Funchal, na Ponta do Sol, em São Vicente ou no Porto Santo, não é o mesmo que viver em Lisboa, Porto, Viana do Castelo, Faro ou Aveiro. No Continente a distância pode ser facilmente percorrida, por vários meios de transporte, tudo está mais próximo, mais facilitado, mais económico. A vida nas ilhas carece de maiores dispêndios, de outros desgastes e de outras soluções para problemas que o Continente não tem.
E é nisto que os governantes do poder central, incluindo os presidentes da República, falham ao comparar as Regiões Autónomas com o Continente. Se conhecessem a realidade insular iam constatar que os ilhéus não têm o tempo de espera e diferentes soluções como têm os continentais. Nós temos que decidir “depressa e bem”. É esta a disciplina mental e cultural que vem dos nossos antepassados. Quando viam a ilha colonizada e desprezada pelo governo central, aconselhavam os jovens a emigrar para poderem sobreviver. Não é por acaso que há na diáspora cerca de um milhão e quinhentos mil madeirenses de várias gerações.
Quando os madeirenses dizem que esta Autonomia ainda está longe de ser a melhor para a ilha não estão a falar em independência, ainda que esta opção não fosse um mal maior para os madeirenses, como alguns opositores ao desenvolvimento da Região e os poderes da República possam pensar.
Basta que se veja o mapa dos países do mundo para facilmente vermos que a Madeira, uma vez independente, tem mais condições e capacidades para se desenvolver que dezenas de países que há no mundo, a começar pelas ilhas a quem Portugal “deu”a independência logo após o 25 de Abril de 1974.
O que não podemos (nunca) aceitar é que venham os governos da República tentar parar o crescimento e o desenvolvimento da Madeira, com boicotes de vária ordem. Os governos das Regiões Autónomas e os seus povos não querem favores dos governos da República, não querem esmolas nem medidas favoráveis em desfavores de outras regiões do país. Apenas queremos que não façam “uso e abuso” do poder pelo facto de estarem de passagem pelo governo central, trocando os deveres patrióticos pelas razões partidárias.
As lutas dos madeirenses sempre contribuíram para que Portugal seja uma Nação mais desenvolvida no Atlântico para além do inegável contributo geo-estratégico que a área geográfica da Região representa no quadro das relações mundiais.
Por tudo aquilo que se fez na Madeira, nestes últimos 30 anos, Portugal devia estar agradecido, em tudo, a começar pela política do investimento, da economia, do ensino, da saúde e de todas as áreas da sociedade.
Venham ver!

PS:
O ACP-Automóvel Clube de Portugal finalmente lembrou-se que Madeira e Açores são Regiões Portuguesas, onde existem muitos associados, pelo que, a par do mapa actualizado das estradas de Portugal continental que remeteu aos associados, desta feita fez incluir um mapa referente às Regiões da Madeira e dos Açores. Relativamente ao “Mapa da Madeira” – 1ª edição 2006/2007, numa escala de 1:250 000, numa continuada linha de ignorância que entidades continentais manifestam sobre a realidade Madeirense, o ACP não quis ficar para trás e por isso impinge-nos um mapa que, para além das estradas já existentes há 30 anos, assinala pouco mais que a via rápida da Cruz de Carvalho a Machico e de São Vicente ao Porto Moniz e mesmo assim de maneira pouco perceptível. Para cúmulo faz referência à existência de estradas nacionais e refere que o Funchal é a capital do Distrito.
Em suma, mais um mau serviço informativo/formativo sobre a Madeira.

Sem comentários: