quinta-feira, 17 de novembro de 2005

O dilema do governo da República

O grande dilema dos governantes da República é terem ideias fixas mas desconexas sobre a Madeira do antes e depois da “conquista” da Autonomia. Confundem-se a si próprios e confundem os outros. Julgam que as antigas designações de Ilhas Adjacentes ou de Distrito Autónomo (que de autónomo nada tinha) ainda prevalecem.




Para quem vê de longe o posicionamento do Governo da República para com a Região Autónoma da Madeira dirá que se trata de dois países distintos e que o territorialmente maior quer apoderar-se da pequena e próspera Ilha atlântica a qualquer preço. Nos anos 30 do século XX, o Governo da República fez deslocar para a ilha navios de guerra e militares para combater os madeirenses praticamente desarmados de material bélico. Foi dos momentos mais hilariantes da governação ditatorial e colonialista portuguesa. Isto dizia bem o que pensavam os governantes da época que foram carrascos para com os madeirenses, desprezaram os ilhéus e fizeram da ilha uma prisão tal era a miséria que por ai proliferava.
Pelos actos e factos registados desde que a ilha passou a estar sob o domínio português (a ilha foi primeiramente descoberta pelos navegadores genoveses no século XIV), os governantes da República parecem ter ódio contra os madeirenses. Um ódio que têm vindo a promover ao longo dos anos e que, por desconhecimento, leva a que outros portugueses naturais do Continente tomem como certas as guerras geradas e alimentadas pelo Governo da República. Encontramos muitos continentais que depois de conhecerem a Madeira e o Porto Santo ficam surpreendidos com as “guerras” que ouvem dos governantes do poder central contra a região. Um significativo número de cidadãos do Continente depois de conhecerem a realidade regional decidem mudar-se para a ilha, aqui exercendo as suas profissões e aqui residindo. Não se pode considerar estes continentais são menos inteligentes ou menos patriotas que aqueles que fazem a sua vida no território continental.
Se, como parecem fazer crer, a ilha da Madeira incomoda muito o Governo da República e as suas sumidades governamentais, tenham a coragem de proceder com a Madeira da mesma maneira que tiveram para com as ilhas de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e com Timor. Não se esqueçam que os madeirenses já por mais de uma vez, em consciência, deram sinais de estarem preparados para viverem como país, independentes, com auto-determinação, a exemplos das ilhas atrás citadas bem como das ilhas de Malta e de Chipre, Estados membros da União Europeia desde 1 de Maio de 2004.
O grande dilema dos governantes da República é terem ideias fixas mas desconexas sobre a Madeira do antes e depois da “conquista” da Autonomia. Confundem-se a si próprios e confundem os outros. Julgam que as antigas designações de Ilhas Adjacentes ou de Distrito Autónomo (que de autónomo nada tinha) ainda prevalecem. Os continentais de idade mais avançada e que conheceram a ilha nos tempos da pobreza e da “escravatura da colonía”, ainda recordam a “ilha bonita”, das serpenteadas estradas impressionantes junto ao mar, dos caminhos de terra e dos carros de bois, do elevado analfabetismo, dos homens nos”poios”de sol a sol, dos famintos e da ausência de perspectivas que os obrigava a terem de embarcar para países distantes e desconhecidos.
Alguns procedimentos que os governos da República têm tomado são de “guerra contra a Madeira”, de um mando e posse inaceitável, de uma arrogância por vezes intolerável, dando a entender que os madeirenses sem o Governo da República portuguesa andariam à deriva no atlântico, incapazes de se governarem.
Basta, senhores governantes, de tanta “maldade” e bazófia contra os madeirenses. Se não querem ver Portugal crescer e evoluir fora do rectângulo continental, tenham a coragem de dizer o que pensam e o que querem.
Mas basta de tanta ignorância, de tanta hipocrisia e de tanto ódio contra os madeirenses e porto-santenses. Talvez, haja mais patriotismo português nas ilhas que em muitos dos que passam pelo Governo da República. Temos a certeza, por tudo quanto vimos, lemos e ouvimos até agora, que há muitos ministros, secretários de Estado e outros continentais com funções governativas que não conhecem ou conhecem muito mal a realidade Madeira. Falam sem saber ou fazem pré-juízos idiotas.
Se o Palácio de São Lourenço, que nas condições actuais representa um atentado aos Madeirenses de hoje e um resquício impotente do colonialismo, estivesse em Timor ou noutras as ilhas que os governantes da República, sem quaisquer referendos, concederam a independência, já há muito estaria transformado noutra coisa (!) qualquer, que nunca residência de militares nem de representes da República. Mas em Timor foram precisos actos bárbaros, de muitas torturas e muitas mortes, para que a bandeira Timorense subisse no mastro e descesse a bandeira Portuguesa.
Não é isso que os madeirenses querem para a sua ilha. Se fosse esse o desejo há muito que “algo” teria acontecido por muito forte que fosse a oposição. Quem tem que ultrapassar o dilema criado pelo governo da República é a República. Nós, os madeirenses, apenas estamos atentos e empenhamos numa Região, cada vez mais próspera e verdadeiramente Autónoma.

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