quinta-feira, 6 de outubro de 2005

A República está doente

As comemorações da implantação da República foram este ano assinaladas envergonhadamente. Nem o presidente da República, o socialista Jorge Sampaio, valorizou a importância da data que mudou o rumo do país a 5 de Outubro de 1910. Não consigo entender como é que um Chefe de Estado não exalta o momento histórico da República nem chama os portugueses a participar nas comemorações que são memórias de Portugal para serem sempre exaltadas, seja em que regime estiver a viver o país, seja qual for o momento que o país esteja a atravessar, seja qual for o partido ou partidos políticos que estejam à frente do Governo.
Não consigo entender a relação que algumas figuras socialistas fizeram da data das comemorações da República com a data das eleições autárquicas do próximo domingo. Como se pode confundir propaganda eleitoral com mais um aniversário da implantação da República? Onde é que os socialistas foram buscar essa hipotética confusão por parte do eleitorado? Como é possível pensar que os portugueses possam supostamente confundir intervenções do Chefe de Estado sobre a queda da Monarquia e a implantação da República com um acto eleitoral do século XXI?
Uma desconsideração absurda revelada pelo senhor presidente da República aos portugueses. Quando se esperava por um discurso de fervor patriótico, de reflexão abrangente sobre a sociedade portuguesa e de novas perspectivas para o futuro de Portugal no contexto dos novos desafios que a Europa e a “Aldeia Global” não estão a colocar, ouvimos o presidente da República dizer quase nada de nada, sem palavras de incentivo á elevação do moral da Nação.
Com os portugueses sem confiança no futuro, perdidos no fundo da “tabela” dos países mais desenvolvidos da União Europeia, com crise existencial e um panorama nacional muito sombrio, o presidente Jorge Sampaio prefere fazer um discurso “sem alma” como se Portugal estivesse a viver momentos de glória. Foi, para nós, o discurso de menor fervor patriótico que alguma vez ouvimos ser proferido por um presidente da República, incluindo os do antigo regime.
Nem aceitamos o facto de Jorge Sampaio ter feito o seu último discurso como presidente da República e como tal optasse por um discurso de circunstância (em Janeiro têm lugar as eleições par o novo chefe de Estado), nem podemos admitir que tenha evitado falar sobre o “país doente” em que se encontra hoje Portugal só pelo facto de ser o seu partido (PS) estar no Governo da República.
Todos os portugueses sabem que o seu último grande acto político foi o de (ilegitimamente) dissolver o parlamento, levando à queda do Governo do PSD/PP, apesar desta coligação ter ganho as últimas eleições, e posterior eleição do PS para o Governo e com maioria na Assembleia da República. Conseguindo Jorge Sampaio dar à sua família socialista o tri-poder que governa o país: Assembleia da República, Governo da República e Presidência da República. Nunca dantes o país tinha tido um poder-total na governação, em muito (ou em nada) comparável com os regimes do partido único, das ditaduras e dos centralismo de má memória.
O senhor presidente da República tem toda a liberdade democrática para fazer o discurso que melhor considera fazer mas há factos que devem ser assinaladas no momento próprio, sobretudo quando estamos num dia de aniversário da implantação da República, num dia de todos os portugueses e que deve ser assinalado sem rodeios e sem temores.
Senhor presidente Jorge Sampaio, Portugal está doente, desolado, sem confiança, sem esperança no futuro, sem brio e sem sentimento patriótico. Os portugueses estão desiludidos com a política de promessas por cumprir, com o aumento da dívida do Estado que este ano (até Dezembro) vai atingir a escandalosa soma de 102 mil milhões de euros, cerca de 75 por cento da riqueza gerada pelo país. Os portugueses estão desiludidos com o seu partido (PS) que antes de entrar para o governo prometeu baixar os impostos e afinal veio a aumentar os impostos.
Senhor Presidente da República perdeu, no dia da implantação da República, a melhor oportunidade para transmitir palavras de conforto e de esperança aos portugueses, mesmo naqueles que não votaram nele. Perdeu oportunidade para “acalmar as Forças Armadas” que estão o protestar o “seu” governo socialista e a fazerem greves como em nenhum outro momento da vida da República, nem quando das guerras do ultramar.
Não senhor presidente, a Portugal esperava muito mais de si no seu último discurso no dia de aniversário da República. Uma grande desilusão...que acabou por ser claramente favorável ao partido socialista e contra o país no seu todo, particularmente adverso aos partidos da oposição.
Esta República está de facto doente! Muito mal.

Tem cabido ao povo Madeirense fazer a diferença, pela positiva, nesta Região que ainda resta do Portugal Imperial. No próximo domingo, em mais um acto de eleições autárquicas, os Madeirenses irão dizer sim à continuação das políticas concertadas que conduziram ao invejável progresso e desenvolvimento da Região Autónoma da Madeira

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