quinta-feira, 13 de outubro de 2005

Presidenciais estão a chegar

Dentro de três meses o país vai de novo a votos. Um acto democrático para eleger o novo presidente da República. Já são conhecidos alguns candidatos e não nos parece que venham a ter o aval dos portugueses. O último a oficializar a candidatura será, ao que tudo indica, Anibal Cavaco Silva, o catedrático algarvio que muitos dizem ter sido o melhor Primeiro-Ministro depois do 25 de Abril de 1974.
Será interessante ver e ouvir debates entre a “velha-raposa” Mário Soares, com ar de cansado e sonolento, e o enérgico e persistente Cavaco Silva. Todas as previsões apontam para um “banho” no socialista e uma vitória esmagadora do prático e duro social-democrata. Os demais candidatos serão boas “reservas” para os tempos de antena e para algumas intervenções à boa maneira presidencialista, muita parra e pouco uva.
Cavaco Silva será o candidato natural do PSD e Mário Soares o eleito pelo PS. As máquinas partidárias é que vão eleger o novo presidente da República, apesar de nas eleições presidenciais a figura dê mais votos que os partidos, mas estes é que põem o eleitorado a comparecer aos comícios, a ler os manifestos, a darem atenção ao que vem na Comunicação Social.
Mário Soares é mais populista, joga melhor no terreno das palavras e promessas fáceis, entra mais facilmente no jogo social das pessoas e se necessário for, canta pimpa e ópera, baila o malhão e a valsa veneziana , conta anedotas e participa no jogo dos “milhinhos.” É um nato aproveitador de tudo quanto possa contribuir para obter mais votos. Foi assim que começou por fundar o partido comunista, com o seu kamarada Álvaro Cunhal, recentemente falecido, depois foi para o PS, tomou as rédeas, chegou a chefe do governo e a presidente da República até que, já cansado, entrou na reforma, com uma fortuna pessoal, ao que de diz, muito reconfortante e pouco abonatória para um “verdadeiro e puro”socialista.
Cavaco Silva é mais temperamental, nunca o vimos cantar mas já o vimos dançar o bailhinho da Madeira, no Santo da Serra, não alinha em fantasias e não evita dizer o que pensa só para agradar aos presentes. “Não leio jornais”, disse quando era Primeiro-Ministro, e só veio a lê-los no dia seguinte a ter saído do governo, porque a comunicação social não o largou enquanto não o pôs a ler as páginas da imprensa. Cavaco Silva é acima de tudo um pragmático, vertical e frontal, de discurso feito privilegiando a conjugação verbal, pondo de lado os adjectivos para embelezar ou contornar situações. Chuva é chuva, ponto final!. Será o Presidente que o país está à espera mas que a esquerda (PS, PCP e seus satélites) detesta.
Além destas figuras serem desiguais, em tudo, o país não pode continuar a ter na presidência da República militantes socialistas-comunistas. Antes de Jorge Sampaio esteve Mário Soares e anteriormente Ramalho Eanes. Foram quase trinta anos com a ideologia socialista e comunista instalada no palácio de Belém e a tomar decisões favoráveis às suas cores partidárias o que muito prejudicou o país, sobretudo quando o poder governamental estava (tal como agora) na posse dos socialistas.
Falar na IV República, em mudanças na Constituição, em alterações a determinados princípios institucionais e burocráticos, com um governo PS e um presidente da República PS é como chover no molhado. Todos terão ouvido os ecos de “revolta” vindos do Continente mal souberam da vitória do PSD nas 11 Câmaras e em 50 freguesias da Madeira e Porto Santo. Tentaram pôr em causa a liberdade de voto, a seriedade eleitoral e a cultura democrática dos madeirenses.
Os inimigos da Madeira de novo contorcem-se de raiva por mais uma estrondosa vitória de Alberto João Jardim e das suas equipas que executam toda uma politica desenvolvimentista, verdadeiramente social-democrata.
A presidência da República, pelo que os portugueses têm visto nos últimos anos, tem sido conduzida com muitas decisões dúbias. Os presidentes vivem rodeados de conselheiros, de assessores e de “aparelhos” partidários apesar de dizerem que desempenham o cargo em nome de todos os portugueses. Viu-se o que se passou quando Jorge Sampaio: destituiu a Assembleia da República para obrigar a que o PSD fosse apeado do Governo, se submetesse a eleições numa fase de enorme desgaste e por conseguinte debilitado, favorecendo claramente o PS (seu partido) que ganhou e ascendeu ao poder governativo.
Poucos portugueses sabem bem o que faz o presidente da República, para além das viagens pelo país e estrangeiro, da presença em determinados actos oficiais e de algumas intervenções nem sempre muito esclarecedoras. Ouve-se muitas vezes a seguinte frase: “O presidente da República, no seu discurso, mandou alguns recados”, colocando a tónica num vazio evidente.
È necessário mudar, urgentemente, as condições políticas que conduzem a esta nefasta situação próprio de um país subdesenvolvido.
Aguardemos para ver o que vai acontecer.
As eleições para a presidência da República só têm lugar em Janeiro de 2006.

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