quinta-feira, 6 de setembro de 2007

TAP, não tem remédio

A TAP esfola no preço das passagens, aumenta o custo dos bilhetes sem a menor contemplação, e ainda se dá ao desplante de vir a público afirmar que a ligação com a Madeira é das mais lucrativas para a companhia.
A isto, chama-se exploração, abuso do monopólio, com o beneplácito do governo da República. Se esta forma de gestão não é de exploração, de intolerância para com a Madeira, para com os madeirenses em especial, que outra conclusão e explicação podem ser encontradas?


Quase todos os dias chega-nos histórias absurdas acerca dos voos da TAP para a Madeira e para as comunidades madeirenses outros destinos. É tanta a insensatez, são tantos os incómodos, são tantas as inadmissíveis falhas, que a doença que enferma a companhia do Estado (de todos os portugueses) já não haverá remédio que cure. Não meio de tanta turbulência administrativa/gestão, o silêncio dos responsáveis e do governo induzem ao pensamento da existência de uma permissível gravosa cumplicidade. Se há empresas tuteladas pelo Estado que deviam ser rapidamente semi-privatizadas a TAP é uma delas. Tem-se anunciado a entrada de capitais privados na companhia mas inexplicavelmente há sempre uma “mas” para adiar este passo em frente.
A TAP continua a prestar um mau serviço à Madeira. Prejuízos difíceis de calcular quer em termos sociais e económicos como financeiros. Não são apenas os madeirenses a se queixarem do mau serviço da TAP como os nacionais (continentais) e os turistas estrangeiros. É difícil calcular, ao pormenor, os impactos negativos que as falhas da companhia de aviação do Estado tem tido para a economia madeirense no seu todo.
Como destino turístico a Região está a ser seriamente prejudicada com o descontrolo que reina na TAP e em toda a sua operacionalidade, directa e indirectamente ligadas. São os atrasos nos voos, bagagens perdidas, esperas longas nos aeroportos, ausência de informação aos passageiros, falta de condições nas salas de espera, autocarros cheios de passageiros à espera de fazerem o percurso entre a porta de embarque e a placa onde se encontra o avião. Um serviço que os turistas enfrentam inesperadamente uma vez mas que nunca mais querem repetir.
Já os madeirenses não têm alternativa. Não há outra saída da ilha que não seja por avião e a TAP, como o governo da República, sabem bem que a Madeira e o Porto Santo ficam isolados sem os transportes aéreos e por muito que reclamam, com toda a justiça, estão condicionados ao serviço que a TAP possa disponibilizar.
O terminal 2, no aeroporto de Lisboa, que os órgãos do Estado, com competência na matéria, promoveram como a melhor alternativa para um melhor serviço para as regiões autónomas, não passa de uma barracão, sem condições, nada confortável se comparado com o terminal 1, mais parecendo um daqueles terminais que vamos encontrar nos países em vias de desenvolvimento, senão mesmo de terceiromundismo, nalguns países africanos, sul americanos e asiáticos. Talvez por alguém ou alguns considerarem o “Arquipélago da Madeira”, como gostam de dizer quando se referem à Região Autónoma da Madeira, como uma ainda “colónia ultramarina”.
Para maior surpresa é vir a administração da TAP afirmar publicamente que a linha da Madeira é das mais lucrativas da companhia. É a recompensa que a companhia e o governo dão aos madeirenses. A TAP esfola no preço das passagens, aumenta o custo dos bilhetes sem a menor contemplação, e ainda se dá ao desplante de vir a público afirmar que a ligação com a Madeira é das mais lucrativas para a companhia.
A isto, chama-se exploração, abuso do monopólio, com o beneplácito do governo da República. Se esta forma de gestão não é de exploração, de intolerância para com a Madeira, para com os madeirenses em especial, que outra conclusão e explicação podem ser encontradas?
Temos conhecimento de turistas continentais (portugueses) e estrangeiros, que por terem esperado demasiadas horas no aeroporto de Lisboa para que pudessem embarcar para a Madeira e que ao chegarem ao aeroporto da Madeira desesperaram devido à não chegada das malas (bagagem) que não pensam voltar mais à região, por muita qualidade hoteleira que a ilha tenha, belezas naturais, segurança e hospitalidade dos madeirenses.
Para os residentes, a TAP é uma companhia, sob o ponto de vista operacional, muito irregular. E o curioso é que sempre que se verificou concorrência nas ligações entre Lisboa e a Madeira, com companhias privadas e independentes, a TAP respeitou os horários, melhorou os serviços de embarque e até, em certas alturas, baixou o preço das passagens. Quando fica com o monopólio dos voos toda a diplomacia (a máscara) cai por terra e toca a subir o preço dos bilhetes, a desrespeitar os horários, a descurar a entrega da bagagens e a comportar-se, em certo sentido, de forma pouco civilizada.
Não queremos esta TAP. Nem pintada de fresco. Nem as desculpas servem para atenuar as inúmeras incongruências que a TAP tem tido, sobretudo nos últimos tempos, para com os madeirenses. Nem um dossier com mil páginas sobre as falhas da TAP daria para conter todas as falhas e prejuízos que a companhia tem causado à Região Autónoma da Madeira.

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