quinta-feira, 8 de junho de 2006

Só falta o Governo entrar em greve...

Quando vemos magistrados, polícias (de todos os ramos) e militares de costas voltadas para o governo, com ameaças e realização de greves, estamos ante um grave problema de governação e de uma má política de condução da estabilidade e segurança do país. Não sabemos se os portugueses entendem bem o que é um país ter a sua polícia em greve, os tribunais em greve, os militares a protestar. Com o governo metido em braços-de ferro como se todos podem ser considerados de iguais.




Não há memória de tantas greves contra as políticas de um Governo com maioria parlamentar. O Governo nacional do PS está a ignorar as intervenções e as observações que são feitas pela Oposição e por outras entidades públicas e civis. Um governar de ouvidos surdos para os problemas que são apresentados e com o agravante de avisar que não irá permitir interferências de espécie alguma nas decisões tomadas. Estamos em presença de um governo eleito democraticamente mas a agir com se fosse um governo de modelo de uma qualquer ditadura.
Já deu para perceber que este Governo socialista tem um espinha encravada na garganta por ter, uma vez mais, saído vencedor das eleições no Continente e nos Açores e derrotado na Madeira. E não percebem os socialistas que, em democracia, ignorar a vontade de outras maiorias, mesmo que sejam minorias a nível do país, é estar a meter-se em maus lençóis, a criar tempestade que podem tornar-se incontroláveis.
A Madeira não é adepta do socialismo, não alinha na presunção da fácil promessa política, detesta a prepotência e a falta de respeito pelo Direito à Autonomia. É de “vilão” afirmar que as leis da República são para serem aplicadas obrigatóriamente na Região Autónoma da Madeira, mandamento primitivo que os madeirenses conhecem muito bem. Como também sabem que nem todas as leis recebem o mesmo tratamento e que até podem ser rejeitadas. A lei de um Estado de Direito, de democracia plena, quando contestada deve ser submetida a Referendo. Se este princípio não é atendido e antes entende o Governo impor por força do poder, fica a confirmação que a democracia é palavra vã para o socialismo em Portugal.
A Madeira, nalgumas aéreas, devia ser submetida a Referendo junto dos madeirenses residentes. Achamos ser a melhor e mais correcta forma do Governo da República e outros posicionados no anti-Autonomia saberem o que pensam os madeirenses. O tempo da “velha senhora” que tratou os madeirenses como portugueses de segunda, perseguindo-os e maltratando-os, passou à história. Não será este Governo socialista que irá impor aos madeirenses o que bem entender. A Madeira não é Angola a quem o actual Governo português perdoou uma monumental dívida e doou de imediato centenas de milhões de euros ao governo angolano, nem é Timor Leste a quem o Governo português trata como estivesse a fazer uma esmola. Se Portugal é um país rico e benemérito como pretende fazer crer (não à esmagadora maioria de portugueses), então que preste toda a atenção ao povo que vive verdadeiramente carênciado e esquecido pelos iluminados que, de Lisboa, “governam” o país continental.
A pobreza que hoje reina nas ex-províncias portuguesas em África e em Timor deve ser assacada aos socialistas e ao comunistas. Com a Madeira o nível de conversações tem de ser outro e a outro nível. Os continentais (poucos) que fazem propaganda negativa contra a Região Autónoma são os mesmos que aplaudiram miseravelmente o modo de independência de Tirmor e logo de seguida deixaram os timorenses ao abandono, entregues ao seu próprio destino, refletido talvez, na atitude assumida (ontem) pelas forças militares Australianas destacadas que não reconheceram autoridade à GNR para cumprimento de missão naquele território.
As lutas entre civis e o número de feridos e mortos, pilhagem e incêndios em parcas habitações, com milhares de refugiados em campos onde falta de tudo, é fardo do pesar do Governo português. Depois do desastre político, choramos os mortos. De que vale!
Enquanto estas tragédias decorrem sem fim à vista, nunca houve tantas greves no país e tão abrangentes como as que estão a acontecer desde que o actual governo do PS tomou posse, em Maio de 2005. Tirando os tempos seguintes ao período da mudança de regime, onde todos se manifestavam contra e a favor consoante o arrebanhamento que lhes eram transmitidos pelos partidos de esquerda, o período actual no país é de inúmeras greves a níveis que põem em causa a própria segurança nacional.
Quando vemos magistrados, polícias (de todos os ramos) e militares de costas voltadas para o governo, com ameaças e realização de greves, estamos ante um grave problema de governação e de uma má política de condução da estabilidade e segurança do país. Não sabemos se os portugueses entendem bem o que é um país ter a sua polícia em greve, os tribunais em greve, os militares a protestar. Com o governo metido em braços-de-ferro como se todos podem ser considerados de iguais.
São os professores em protestos, a função pública revoltada, os trabalhadores em geral insatisfeitos com as medidas preconizadas pelo governo em aumentar a idade para a reforma, são os estudantes desagradados, é o país desmotivado, numa altura em que a União Europeia faz recomendações a Portugal no sentido de elevar a qualidade de vida dos seus cidadãos.
Com tantas e consecutivas greves, só falta o Governo do PS entrar também em greve. Protestar contra os que protestam contra a governação socialista. Seria surrealista?
Neste país tudo é possível.

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