quinta-feira, 1 de junho de 2006

Os medos da República

Uma Madeira verdadeiramente Autónoma, fora das tenazes de Portugal, livre de todos os constrangimentos impostos por uma Constituição ultrapassada que conduziu o País à situação vergonhosa em que se encontra, nunca seria um território de terceiro mundo e teria, garantidamente, muito mais possibilidades em atingir maiores níveis de desenvolvimento



A Madeira não é uma região subdesenvolvida, não tem barreiras intransponíveis pela frente e tem uma economia que funciona melhor que a de Portugal Continental e de muitas regiões e países. Quem ratifica estas e outras abonatórias posições da Madeira no mundo são, em primeiro lugar, os madeirenses que conhecem o que era a vida no Arquipélago antes e depois de 1974, em segundo lugar são os que vêm de fora. Desde governantes da República, políticos, economistas, historiadores, até reputadas individualidades estrangeiras.
Quando surge a ideia para que se faça um estudo aprofundado sobre a viabilidade da região, não é uma iniciativa impensada. Contra a ideia do simples estudo estão todos aqueles que, por razões ideológicas mesquinhas ou porque lhes convém a manutenção do actual status quo a fim de não perderem privilégios que, de outra forma, nunca os teriam.
Conhecemos países que fazem parte da União Europeia, tal como Portugal, e que têm um nível global inferior ao que tem a Madeira, como são exemplo os ex-territórios portugueses como Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor, Guiné Bissau, e de dezenas de países situados em África, na Ásia e no continente Americano.
A Madeira é das regiões insulares mais desenvolvidas da União Europeia e de muitas regiões continentais europeias ligadas a países que integram a UE. Não temos dúvidas neste aspecto. Temos conhecimento directo, in loco, dalgumas regiões e dalguns países que têm um desenvolvimento inferior ao da nossa região. É uma estupidez estar a dizer que a Madeira é inviável, antes de se conhecer todos os prós e contras, sem um estudo sério e imparcial.
Se formos cingir o estudo à mera realidade económica, ao potencial financeiro actual, aos meios activos, então pior está Portugal que é visto no quadro europeu como um país pobre, endividado e na falência. Se analisarmos friamente e sem teias de aranha, sem apego cego às políticas partidárias e a tudo aquilo que é um País, uma Nação, então, perante os índices da comparatividade, a Madeira tem viabilidade para passar a uma auto-determinação efectiva.
Nunca os portugueses do continente e das ilhas da Madeira e dos Açores entenderam a decisão do governo da República portuguesa de dar a independência a territórios com níveis de sustentabilidade inferiores aos das ilhas, e manter a Madeira e os Açores como reféns ou ícones de uma República em dificuldades. Mais ainda quando é o próprio governo da República e “políticos-papagaios” continentais a afirmar que as regiões autónomas são encargos excessivos para a República.
Por quê quiseram os governantes da República manter a Madeira e os Açores portuguesas? Terá sido por compaixão ou por receio dos ilhéus não terem capacidade para sobreviver, serem invadidos por potências estrangeiras ou por quê as ilhas são mais valias de grande importância para o País?
Alguma coisa (no sentido lato) terá levado os governantes a não darem a independência ou uma auto-determinação efectiva às regiões insulares, mesmo quando os movimentos separatistas, publicamente assumidos, manifestaram ao poder central o propósito da independência para a Madeira e para os Açores. A resposta obtida foi arbitrária e violenta dando ordem de prisão a madeirenses e açorianos.
Estes movimentos separatistas não tiveram nem têm como arma a guerrilha nem buscam o combate na selva. A batalha faz-se ao nível das ideias, das convicções, das conversações, da boa etiqueta, com toda a transparência. Tal como a aconteceu com Macau, numa cerimónia nobre e digna de um país civilizado.
Uma Madeira verdadeiramente Autónoma, fora das tenazes de Portugal, livre de todos os constrangimentos impostos por uma Constituição ultrapassada que conduziu o País à situação vergonhosa em que se encontra, nunca seria um território de terceiro mundo e teria, garantidamente, muito mais possibilidades em atingir maiores níveis de desenvolvimento. A sustentabilidade esteve sempre presente na vida dos madeirenses, tanto nos que se encontram nas comunidades de emigrantes (mais de um milhão), como nos que nunca saíram da ilha. Os medos da República não têm justificação.
Só o governo da República e os partidos da Oposição fazem-se surdos e mudos sobre a viabilidade da Madeira verdadeiramente Autónoma. São as reservas mentais de um ex-império estupidamente destruído com a protecção do comunismo e do socialismo. Duas ideologias, duas áreas partidárias, que os madeirense sempre rejeitaram claramente nos actos eleitorais democráticos.

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