quarta-feira, 7 de abril de 2004

A confusão é sempre perigosa

O governo dos EUA (e não o povo americano) admitiu há poucos dias ter tomado a decisão de invadir o Iraque com base na ameaça das armas químicas. Tomou por verdadeiras as informações recebidas que a juntarem-se à ditadura do governo de Saddam Hussein mais reforçava a ideia de derrubar o carniceiro de Bagdade e abrir as portas à democracia naquela país do Médio Oriente.
Quando assim é, do mal ou menos, é menor o acto que o crime. O governo de George W. Bush confessou que se enganou (ou foi enganado?). Admito que estas desculpas públicas à comunidade internacional valem pouco mas é sempre uma atitude de assunção do “ erro cometido”. E isto faz-me lembrar rapidamente de outros tantos e mais graves crimes cometidos contra comunidades inteiras por outras potências que sempre negaram terem participando em hediondos crimes.
O Papa João Paulo II e seus antecessores sempre condenaram as guerras, a pobreza, a fome e as mortandades. Os Sumos Pontífices sempre apelaram à paz, ao fim da opressão comunista, às atrocidades contra inocentes perpetradas por regimes totalitários na Europa e no mundo e raramente foram ouvidos. Apelar à paz mas logo há quem venha dizer que para chegar à paz é preciso que haja guerra.
Acredito no princípio que todos somos diferentes, todos somos tristes e alegres, como acredito que a tristeza pode deixar de ser dor para ser inteligência e lucidez como acredito que a alegria não é bem o bem que muitas vezes se procura interpretar. Estas formas de ver a vida mora em nós, em todos nós, pobre e ricos, diferentes crenças religiosas católicos, diferentes graus de cultura ou diferentes cor de pele.
O que os EUA fizeram no Iraque (apesar de tudo derrubaram uma ditadura implacável) é muito menos grave que os crimes cometidos pelos comunistas e outros poderes totalitários na Europa e no mundo. Ser atingido por uma bala podemos ter morte instantânea, morrer aos poucos, massacrados pela tortura psicológica será muito pior. A prisão soviética era o próprio país, como eram prisões todos os antigos estados da URSS. Apesar de tudo, a ditadura do Estado Novo (1926 – 1974) em Portugal, sob as directrizes de Salazar, nunca atingiram o massacre da alienação mental que se verificou nos países do leste.
Procuro nestas ditaduras, nestas invasões e apelos dos Papas respostas para os que ainda hoje defendem os ideais do comunistas, as caducas ideias socialistas e as velhas teses dos centristas procurando recuperar a sociedade burguesa, do capataz e do trabalhador sem eira nem beira. Não entendo como é que se pode defender causas perdidas na política. Como é que partidos políticos se apresentam a eleições para eleger o presidente do Governo Regional e os seus líderes não assumem a sua candidatura a Chefe do Governo da Região. Tudo isto é para mim e para muitos milhares de cidadãos uma enorme confusão.
Há uma desordem apresentada como ordem. Uma terrível confusão que leva as pessoas a se convencerem que a liberdade é ter direito e ter poder, mesmo que sem nada saber. A televisão tem de facto a veleidade de mostrar aquilo que cada líder partidário anda a fazer, de como aborda os assuntos e das suas capacidades. Basta-me saber o que pretendem para facilmente ficar a saber que só por ingenuidade dos eleitores podem ainda receber votos. Admito mesmo que muitos dos votos que estes atrelados partidos da oposição obtém são de eleitores para quem o voto é ter o direito de votar e pouco mais.
Sucede que a confusão é sempre perigosa, perturba e faz barulhos, e dá a possibilidades de os menos dotados aparecerem e darem nas vistas que doutra forma nunca conseguiriam chegar a lado nenhum. A confusão alimenta a incompetência e quando surgir a chamada assunção das responsabilidades já os “desordeiros” vão longe, estão bem instalados da vida. Se todos os governos comunistas-socialistas procedessem como o governo capitalista dos EUA, reconhecendo as suas falhas, estaríamos a viver num mundo melhor.
Entretanto, o acontecimento político do ano na Madeira são as eleições de 17 Outubro para eleger o presidente do Governo Regional para os próximos quatro anos. Até agora, quando já estamos em plena campanha eleitoral, apenas é conhecido um candidato assumido à presidente do Governo que é o candidato do PSD, Dr. Alberto João Jardim. Dos outros partidos ainda não se sabe quem são os candidatos à presidência ou não têm candidato ou estão a adiar para causar surpresa de última hora. Um silêncio comprometedor.

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