domingo, 10 de novembro de 2002

Ingénua esperança dos “fora de tempo”

Passam a vida a contestar. Alguns têm tiques decorativos e de fachada outros colocam-se ao lado dos que vivem “fora de tempo” na ingénua esperança de que, virando do avesso, vão conseguir resolver todos os problemas. Os paladinos do inconciliável sentem dificuldades em viver numa sociedade responsável, esgotam as suas energias nas ilusões subalternizadas e mantém-se enfiados em lutas frenéticas ora pressurosamente encavalitados em esquerdas e direitas ora perdidos nas próprias causas que defendem.

Não há dúvida que os derrotados tentam sempre encontrar desculpa para as suas falhas, são incapazes de ver que o mal feito ficou a dever-se à sua incapacidade. No desporto, raro é o jogo onde o derrotado não atira as culpas para os árbitros ou para o sistema (que ninguém sabe explicar o que é!). Na política, o combate é mais vasto e talvez por isso também mais aberrante, por vezes bárbaro e estúpido, onde o achincalhar toma, por vezes, atalhos da pior espécie. Nunca percebemos bem porque razão é que os políticos na oposição recorrem às mais insolentes verborreias para dizer que o governo está a proceder mal nisto e naquilo.

Diga-se, sem rodeios, onde está o governo a proceder mal, aponte-se os defeitos, ponha-se a claro todas as dúvidas, fundamente-se a tomada de posição para que os cidadãos não fiquem com essa terrível ideia de que os “políticos são uns oportunistas”, “não fazem nada”, “são uns incompetentes”, “uns travestidos”, “só sabem dizer mal uns dos outros”, são todas observações que se ouvem no dia a dia. A bancada parlamentar do PS na Assembleia da República, formada por muitos ex-Ministros e secretários de Estado do governo anterior, é o mais vergonhoso modelo de toda esta presunção. Em todas as suas intervenções atiram-se contra o actual governo acusando-o de uma má política nas finanças, no ensino, na saúde, na ciência, no planeamento, no desporto e em quase tudo que está sob a tutela do governo.

Ora, o actual governo (PSD/PP) ainda não teve tempo de fazer quase nada, de pôr em pratica com resultados evidentes as suas propostas, porque em cerca de seis meses de governação tem estando envolvido em tapar megalómanos “buracos financeiros e de má gestão” do governo PS, tem sido chamado a intervir, dentro e fora do País, nomeadamente aos centros de decisão em Bruxelas, obrigado que está a solucionar graves e complexas situações em sectores vitais da economia portuguesa que o governo socialista deixou num caos sem precedentes.

De todos os quadrantes vem a preocupação sobre o inconcebível esvaziamento em que caiu Portugal nos últimos oito anos, perdendo conceitos básicos que eram trunfos da nossa reputação histórica, e vêm agora os socialistas dizer, com a santa ingenuidade de

uma esperança que destruíram enquanto estivem no governo, que o governo PSD/PP está a contrariar o rumo que o governo PS tinha encetado. Nem querem aceitar as

críticas que são feitas pela União Europeia ao nosso País nem, ao menos, querem empenhar-se na resolução dos graves problemas que criaram.

O escândalo que está a passar-se com as forças policiais vem, em grande parte, da má política seguida pelo governo PS. O mesmo acontece com a Justiça, onde os anteriores ministros socialistas nunca puseram em prática as medidas tantas vezes anunciadas. Igual vergonha está a passar-se com o Europeu 2004, onde o governo socialista gastou milhões de euros para trazer para Portugal o campeonato mas não fez as contas dos custos que acarretaria para os portugueses e agora é o que se vê. O fim do juro bonificado foi por culpa do governo PS e não do governo PSD/PP. O governo socialista prometera pagar a diferença da bonificação da taxa aos bancos e não cumpriu na totalidade ao ponto dalgumas instituições de crédito serem firmes a informar o actual governo, mal tomou posse, ou recebiam a diferença da taxa bonificada, cuja dívida do governo já ultrapassava os cem milhões de contos, ou deixavam de dar bonificação. Foi o que aconteceu.

Mas tudo isto seria porventura encarado de outra forma se os culpados fossem politicamente educados, honestos. A leviandade tem os seus limites e não foi por “obra do destino” que a maioria dos portugueses pôs o PS fora do governo. Mais grave ainda é estarmos à assistir diariamente a uma doentia e ingénua esperança da oposição na Assembleia da República acerca do futuro do País sob o modelo socialista e comunista. Nem lampejos de esperança, acreditem!

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