quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Estádio dos Barreiros

É chegada a hora do Governo Regional investir num projecto inovador para o estádio mais emblemático da Região e que faça jus à projecção que o futebol madeirense já alcançou no plano nacional e com participações em provas europeias (Taça UEFA)... O âmbito pluridimensional do desporto está hoje muito acima das paixões associativas e de clubes. Quem gosta de desporto quer ver sempre mais e melhores equipas, competição mais virtuosa e espectacular, estádios bem apetrechados e atletas de alto gabarito



Não há estádios de futebol que resistem meio século sem sofrerem profundas ou mesmo radicais intervenções nas suas componentes funcionais, tanto nas condições de treinos e de jogos como na acomodação para os espectadores e serviços de apoio envolventes. O Estádio os Barreiros está funcionalmente ultrapassado. Há muito que deixou de ser atractivo sobretudo para os adeptos do futebol. Por muito boa que seja a sua localização, boas acessibilidades, próxima da zona hoteleira e a pouca distância do centro da cidade do Funchal, o estádio dos Barreiros carece de modernidade que caracteriza os estádios construídos mais recentemente no continente português e pela Europa onde o futebol é rei.
Durante vários anos o Governo Regional concedeu avultados apoios aos clubes para construírem as suas “oficinas” de trabalho e dotarem-se dos meios necessários para puderem dispor das melhores condições para preparem as suas equipas. O treinar na terra e jogar na relva, de fazer a preparação física na avenida do Mar e no parque de Santa Catarina, foi penoso e desgastante para as equipas do Marítimo, União e Nacional nas primeiras épocas que competiram nos campeonatos nacionais de futebol. As três equipas apenas tinham o estádio dos Barreiros para jogar.
É chegada a hora do Governo Regional investir num projecto inovador para o estádio mais emblemático da Região e que faça jus à projecção que o futebol madeirense já alcançou no plano nacional e com participações em provas europeias (Taça UEFA). Um estádio dos Barreiros à medida da nossa população desportiva, adepta do futebol, e não megalómano como queira o Governo da República transformar o estádio dos Barreiros com capacidade para 35 mil espectadores, para jogos do Euro2004. Ainda bem que o Governo Regional não entrou na loucura do Governo da República e veja-se, hoje, o que se passa com os estádios de Leiria, Aveiro, Coimbra e Algarve. Estádios que custaram milhões aos cofres do Estado e estão praticamente às moscas.
O âmbito pluridimensional do desporto está hoje muito acima das paixões associativas e de clubes. Quem gosta de desporto quer ver sempre mais e melhores equipas, competição mais virtuosa e espectacular, estádios bem apetrechados e atletas de alto gabarito. Por muito que gostamos do nosso clube de bairro, da região ou do país, não abdicamos de ver os grandes jogos entre grandes equipas, sempre que nos é dada tal oportunidade, nomeadamente através da televisão.
Portugal tem excelentes estádios de futebol, tem bons praticantes, uma população que gosta de viver as grandes manifestações e emoções como bem se viu, por todo o país, quando do Euro2004. Temos currículo no desporto mundial, que não apenas no futebol. Falta-nos, todavia, o poder económico para que as nossas equipas e os nossos atletas possam ter bons suportes financeiros e os milhares de adeptos capacidade para serem sócios ou adquirirem bilhetes de ingresso e encherem os nossos estádios. Não podemos esconder as limitações de Portugal no confronto internacional e devemos ter orgulho dos feitos que, apesar de tudo, ainda vamos coleccionando.
Falando da Madeira, com pouco mais de 250 mil habitantes, devemos regozijar-nos do passado e presente do nosso desporto. É que não há, por essa Europa fora regiões com a dimensão da nossa ilha a competir em várias frentes desportivas quer na região, como no país, nos campeonatos europeus, mundiais e jogos olímpicos. A ilha é territorialmente pequena e fica a cerca de hora e meia de Portugal continental e a mais de duas horas do centro da Europa. Somos, por tudo quanto fazemos e temos feito no desporto, uma “região gigante” em comparação com os “grandes” do país, da Europa e do mundo. Consulte-se os dados e estabeleça-se realisticamente comparações. Sem bairrismo nem hipocrisias.
Este visível “boom” no desporto madeirense deve-se inquestionavelmente aos investimentos que o Governo Regional fez e continua a fazer nas infra-estruturas, nas mais diversas áreas desportivas. Novos pavilhões, novos campos relvados e sintéticos, novas piscinas, novos recintos para a prática do golfe e do ténis, proporcionado aos jovens e menos jovens a prática das mais diversas modalidades. Surgindo, em paralelo, notáveis empreendimentos como o complexo desportivo do Clube Desportivo Nacional, na Choupana, considerado como um dos melhores do país. Também o complexo desportivo do Clube de Futebol União, que tem vindo a crescer embora em marcha mais lenta, certamente que em breve estará concluído.
Criticar os investimentos feitos no desporto madeirense é ter o vírus do maldizer, é desconhecer a história e defender o regresso ao passado da terra batida.

Inigmática dúvida!

Se Portugal quer afundar-se cada vez mais, manter-se no fundo dos países mais pobres e subdesenvolvidos, pois que continue mas não tenham os seus rotativos governantes a pretensão colonial de arrastar para o fundo a Região Autónoma da Madeira e os seus habitantes residentes e na diáspora. Basta! Os madeirenses não querem um Portugal governado por quem não tem sensibilidade pelas questões nacionais, no seu todo.



Portugal está política e governamentalmente doente. Está com uma má governação, com uma, por vezes, enigmática presidência da República, não tem dinâmica partidária e tem uma fracassada política de oposição. Tem uma Assembleia da República egocentrista e um eleitorado que se deixa embalar facilmente pelas falsas promessas de políticos ou pseudo-políticos. Portugal é um país “governado” com base em falsas promessas, dos amigalhaços e dos desenrascas, com ministros jactantes que persistemente e teimosamente se contradizem e de outros que governam como se os portugueses fossem seres anormais.
Até aqueles que votaram no partido que veio a formar governo da República acabam por ficar desiludidos. Arrependidos. Pouco ou nada do que foi prometido aos eleitores é concretizado e, não poucas vezes, vêem agravado o custo de vida, a inflação, a perda do poder de compra e o aumento dos impostos. Uma vez no poder certos políticos portugueses esquecem os eleitores, não respeitam as promessas que fizeram e estão-se nas tintas para as greves justas, para o aumento do desemprego e para a quebra da qualidade de vida.
Não são, seguramente, os madeirenses que vão avalizar este desnorte governamental que Portugal está a seguir, infelizmente consentido pelo presidente da República. Ainda esta semana Cavaco Silva promulgou a lei de avaliação dos serviços e dos dirigentes da administração pública, mas admitiu que tinha algumas dúvidas sobre a referida lei. Como é possível um Chefe de Estado promulgar uma lei que o próprio reconhece existirem matéria susceptível de criar dúvidas, sabendo que a lei, uma vez por si assinada, entra em vigor com todos as dúvidas e certezas que possa conter.
O Portugal político e as suas principais cúpulas estão a viver bem longe do país real. A Madeira tem carradas de razão para protestar contra todas as políticas governamentais da República e das ambíguas posições do presidente da República. Se Portugal quer afundar-se cada vez mais, manter-se no fundo dos países mais pobres e subdesenvolvidos, pois que continue mas não tenham os seus rotativos governantes a pretensão colonial de arrastar para o fundo a Região Autónoma da Madeira e os seus habitantes residentes e na diáspora. Basta! Os madeirenses não querem um Portugal governado por quem não tem sensibilidade pelas questões nacionais, no seu todo. Só num país como Portugal, se ouve dizer que os titulares de cargos políticos solicitaram ao Tribunal Constitucional que os seus rendimentos fossem ocultados. Isto poderá querer dizer algo se passa de pouco correcto.
Há relativamente pouco tempo o “Correio da Manhã” dava a notícia que “o Secretário de Estado do Ambiente (do governo socialista) duplicou o salário a uma assessora técnica em menos de dois anos, de 1.500 para 3.000 euros. Segundo três despachos publicados em Diário da República, a assessora – contratada, em Maio de 2006, com uma remuneração de 1.500 euros – passou a auferir em Janeiro do ano passado (2007) 2.250 euros. Já este ano (2008) irá receber 3.000 euros. Ou seja, em menos de dois anos a assessora foi aumentada em 1.500 euros”.
È óbvio que estas e outras enigmáticas “barbaridades” devem estar a acontecer por outras bandas da República e fora do alcance dos portugueses que, como todos sabem, têm os salários e as pensões mais baixas da Europa. Com excepções. A Estradas de Portugal não esteve com cerimónias e achou por bem triplicar o salário do presidente da empresa pública, obviamente com o aval do governo. Como também é inexplicável saber-se, pela comunicação social, que a reforma (recente) de cinco ex-gestores do BCP ascendeu a 70 milhões de euros, qualquer coisa como, em média, 14 milhões de euros para cada um.
O país está doente. Um dos mais carismáticos socialistas, Manuel Alegre, não tem preconceitos em falar num “buraco negro” no seu partido (PS). É este partido que governa Portugal e que está no poder com votos de maioria. Como é possível? A livre opção de voto em Portugal parece estar longe de ser interpretada à luz da democracia. Vota-se em partidos e em pessoas que os portugueses não conhecem de lado nenhum e que de um momento para outro surgem à frente de ministérios e da governação do país.
Com governos destes que podemos esperar no amanhã? Até quando o presidente da República irá promulgar leis sobre as quais mantém dúvidas?...enigmática dúvida!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Pobre socialismo

Quando hoje vemos as estatísticas da União Europeia dizerem que Portugal foi o Estado membro que menos cresceu, quedando-se, há vários anos, como dos países mais pobres da Comunidade Europeia, devia ser orgulho português saber-se que a Madeira foi das regiões da ultraperiferia europeia que mais evoluiu e que melhor soube investir os fundos comunitários



Não há, como se sabe, um ainda generalizado sentimento independentista na Madeira. Mas há, como se sabe (…) um verdadeiro sentimento de revolta contra os governos da República que, de tempos em tempos, agravam a prepotência e desconsideração com que sempre agem para com os madeirenses. Entre o Continente e as Regiões Autónomas (ilhas no Atlântico) existem diferenças que devem ser assumidas com identificações próprias e atitudes distintas.
O ser português, por si só, pouco representa num universo físico e social com peculiaridades próprias. Está provado que Portugal continental (governo) fracassa sempre que entende governar o “todo” nacional como se o todo fosse igual: a independência dos ex-territórios portugueses no continente africano é disso exemplo. O governo português falhou na governação das suas ex-colónias por entender que a “letra de lei” no Continente tinha de ter a mesma “força de lei” nos territórios situados em áreas geográficas diferentes e a milhares de milhas de Lisboa.
A Madeira não é a “mesma moeda” que o Continente, nem o Funchal é Lisboa. Entenda-se. A própria evolução sócio-política madeirense deve ser equacionada e perspectivada em concordância com uma mentalidade que pode, em muitos aspectos, não perfilhar com a mentalidade de quem nasceu e vive no Continente. Mais de 90 por cento dos portugueses do Continente não conhecem a Madeira e aqueles continentais que conhecem a ilha, na sua grande maioria, foi por curtos períodos de férias.
Até a consagração da Autonomia, por via da mudança do regime em 1974, eram muito poucos os continentais que residiam ou que manifestavam desejo em trabalhar e fixar-se na Madeira. Os próprios madeirenses, sempre que surgia oportunidade de emigrar, pegavam nas malas e embarcavam nos navios que os levavam para países então quase desconhecidos como África do Sul, Venezuela, Austrália e outros, numa situação vista como de “fuga à miséria”.
Da ilha que os continentais dantes rejeitavam – vir para a Madeira – passou a ser uma Região com muito interesse em todos os capítulos. O número de continentais a trabalhar e a residir na Madeira e no Porto Santo cresceu em flecha nos últimos vinte anos. E quem quiser pesquisar o porquê desta “invasão continental” na Madeira vai rapidamente concluir que o que terá pesado (e assim continua) assenta na qualidade de vida, no bem-estar social, na segurança, na estabilidade governamental e, nos últimos anos, no europeísmo que os madeirenses souberam conquistar.
A Madeira - do ponto em que então se encontrava ao ponto onde hoje se encontra – foi a parcela do território português que mais se desenvolveu nos últimos trinta anos. E mais a Madeira não evoluiu porque foi bloqueada, nalgumas iniciativas e projectos de desenvolvimento, pelo governo da República, em Lisboa. Quando hoje vemos as estatísticas da União Europeia dizerem que Portugal foi o Estado membro que menos cresceu, quedando-se, há vários anos, como dos países mais pobres da Comunidade Europeia, devia ser orgulho português saber-se que a Madeira foi das regiões da ultraperiferia europeia que mais evoluiu e que melhor soube investir os fundos comunitários.
O simples equacionar destes dois dados – Portugal pouco evoluiu; Madeira a região que mais evoluiu – transpondo-se para outros patamares concluiríamos que a Madeira teve maior desenvolvimento que Portugal. Aquilo que devia ser orgulho para os governos de Portugal torna-se num pesadelo para os governantes em Lisboa ao ponto de tudo fazerem para que a Madeira fique asfixiada e impedida de manter o seu índice internacional de desenvolvimento. Só por desconhecimento ou pobreza intelectual estas questões são empurradas para o generalismo da independência como se está fosse uma tirania para Portugal e um empobrecimento para os madeirenses.
O que sempre dizemos e defendemos é que quem deve decidir os destinos da Madeira devem ser os madeirenses. Quem cá nasceu, quem cá vive, quem cá trabalha, quem aqui nasceu e daqui partiu para outros países (comunidades). Sempre defendemos a criação de novas Nações, novos Estados, dentro dos direitos e deveres da democracia.
Vejo, também, que o único modo de aproximar e alcançar ou não esta meta reside num Referendo, cujo resultado deve ser soberano. A esmagadora maioria dos madeirenses é quem deve decidir o futuro da Madeira. A própria história deu-nos imensos exemplos durante o século XX, nomeadamente após terminada a II guerra mundial, finais dos anos 40, com a “criação” de novas nações. Num mundo cada dia mais global a medição dos países deixou de ser feita pelo tamanho e sua localização. Todos são países do mundo em mudanças!

01.02.2008

Rombos irreparáveis

Quando hoje vemos as estatísticas da União Europeia dizerem que Portugal foi o Estado membro que menos cresceu, quedando-se, há vários anos, como dos países mais pobres da Comunidade Europeia, devia ser orgulho português saber-se que a Madeira foi das regiões da ultraperiferia europeia que mais evoluiu e que melhor soube investir os fundos comunitários



Não há, como se sabe, um ainda generalizado sentimento independentista na Madeira. Mas há, como se sabe (…) um verdadeiro sentimento de revolta contra os governos da República que, de tempos em tempos, agravam a prepotência e desconsideração com que sempre agem para com os madeirenses. Entre o Continente e as Regiões Autónomas (ilhas no Atlântico) existem diferenças que devem ser assumidas com identificações próprias e atitudes distintas.
O ser português, por si só, pouco representa num universo físico e social com peculiaridades próprias. Está provado que Portugal continental (governo) fracassa sempre que entende governar o “todo” nacional como se o todo fosse igual: a independência dos ex-territórios portugueses no continente africano é disso exemplo. O governo português falhou na governação das suas ex-colónias por entender que a “letra de lei” no Continente tinha de ter a mesma “força de lei” nos territórios situados em áreas geográficas diferentes e a milhares de milhas de Lisboa.
A Madeira não é a “mesma moeda” que o Continente, nem o Funchal é Lisboa. Entenda-se. A própria evolução sócio-política madeirense deve ser equacionada e perspectivada em concordância com uma mentalidade que pode, em muitos aspectos, não perfilhar com a mentalidade de quem nasceu e vive no Continente. Mais de 90 por cento dos portugueses do Continente não conhecem a Madeira e aqueles continentais que conhecem a ilha, na sua grande maioria, foi por curtos períodos de férias.
Até a consagração da Autonomia, por via da mudança do regime em 1974, eram muito poucos os continentais que residiam ou que manifestavam desejo em trabalhar e fixar-se na Madeira. Os próprios madeirenses, sempre que surgia oportunidade de emigrar, pegavam nas malas e embarcavam nos navios que os levavam para países então quase desconhecidos como África do Sul, Venezuela, Austrália e outros, numa situação vista como de “fuga à miséria”.
Da ilha que os continentais dantes rejeitavam – vir para a Madeira – passou a ser uma Região com muito interesse em todos os capítulos. O número de continentais a trabalhar e a residir na Madeira e no Porto Santo cresceu em flecha nos últimos vinte anos. E quem quiser pesquisar o porquê desta “invasão continental” na Madeira vai rapidamente concluir que o que terá pesado (e assim continua) assenta na qualidade de vida, no bem-estar social, na segurança, na estabilidade governamental e, nos últimos anos, no europeísmo que os madeirenses souberam conquistar.
A Madeira - do ponto em que então se encontrava ao ponto onde hoje se encontra – foi a parcela do território português que mais se desenvolveu nos últimos trinta anos. E mais a Madeira não evoluiu porque foi bloqueada, nalgumas iniciativas e projectos de desenvolvimento, pelo governo da República, em Lisboa. Quando hoje vemos as estatísticas da União Europeia dizerem que Portugal foi o Estado membro que menos cresceu, quedando-se, há vários anos, como dos países mais pobres da Comunidade Europeia, devia ser orgulho português saber-se que a Madeira foi das regiões da ultraperiferia europeia que mais evoluiu e que melhor soube investir os fundos comunitários.
O simples equacionar destes dois dados – Portugal pouco evoluiu; Madeira a região que mais evoluiu – transpondo-se para outros patamares concluiríamos que a Madeira teve maior desenvolvimento que Portugal. Aquilo que devia ser orgulho para os governos de Portugal torna-se num pesadelo para os governantes em Lisboa ao ponto de tudo fazerem para que a Madeira fique asfixiada e impedida de manter o seu índice internacional de desenvolvimento. Só por desconhecimento ou pobreza intelectual estas questões são empurradas para o generalismo da independência como se está fosse uma tirania para Portugal e um empobrecimento para os madeirenses.
O que sempre dizemos e defendemos é que quem deve decidir os destinos da Madeira devem ser os madeirenses. Quem cá nasceu, quem cá vive, quem cá trabalha, quem aqui nasceu e daqui partiu para outros países (comunidades). Sempre defendemos a criação de novas Nações, novos Estados, dentro dos direitos e deveres da democracia.
Vejo, também, que o único modo de aproximar e alcançar ou não esta meta reside num Referendo, cujo resultado deve ser soberano. A esmagadora maioria dos madeirenses é quem deve decidir o futuro da Madeira. A própria história deu-nos imensos exemplos durante o século XX, nomeadamente após terminada a II guerra mundial, finais dos anos 40, com a “criação” de novas nações. Num mundo cada dia mais global a medição dos países deixou de ser feita pelo tamanho e sua localização. Todos são países do mundo em mudanças!

01.02.2008

Identidade Madeirense

Quando hoje vemos as estatísticas da União Europeia dizerem que Portugal foi o Estado membro que menos cresceu, quedando-se, há vários anos, como dos países mais pobres da Comunidade Europeia, devia ser orgulho português saber-se que a Madeira foi das regiões da ultraperiferia europeia que mais evoluiu e que melhor soube investir os fundos comunitários



Não há, como se sabe, um ainda generalizado sentimento independentista na Madeira. Mas há, como se sabe (…) um verdadeiro sentimento de revolta contra os governos da República que, de tempos em tempos, agravam a prepotência e desconsideração com que sempre agem para com os madeirenses. Entre o Continente e as Regiões Autónomas (ilhas no Atlântico) existem diferenças que devem ser assumidas com identificações próprias e atitudes distintas.
O ser português, por si só, pouco representa num universo físico e social com peculiaridades próprias. Está provado que Portugal continental (governo) fracassa sempre que entende governar o “todo” nacional como se o todo fosse igual: a independência dos ex-territórios portugueses no continente africano é disso exemplo. O governo português falhou na governação das suas ex-colónias por entender que a “letra de lei” no Continente tinha de ter a mesma “força de lei” nos territórios situados em áreas geográficas diferentes e a milhares de milhas de Lisboa.
A Madeira não é a “mesma moeda” que o Continente, nem o Funchal é Lisboa. Entenda-se. A própria evolução sócio-política madeirense deve ser equacionada e perspectivada em concordância com uma mentalidade que pode, em muitos aspectos, não perfilhar com a mentalidade de quem nasceu e vive no Continente. Mais de 90 por cento dos portugueses do Continente não conhecem a Madeira e aqueles continentais que conhecem a ilha, na sua grande maioria, foi por curtos períodos de férias.
Até a consagração da Autonomia, por via da mudança do regime em 1974, eram muito poucos os continentais que residiam ou que manifestavam desejo em trabalhar e fixar-se na Madeira. Os próprios madeirenses, sempre que surgia oportunidade de emigrar, pegavam nas malas e embarcavam nos navios que os levavam para países então quase desconhecidos como África do Sul, Venezuela, Austrália e outros, numa situação vista como de “fuga à miséria”.
Da ilha que os continentais dantes rejeitavam – vir para a Madeira – passou a ser uma Região com muito interesse em todos os capítulos. O número de continentais a trabalhar e a residir na Madeira e no Porto Santo cresceu em flecha nos últimos vinte anos. E quem quiser pesquisar o porquê desta “invasão continental” na Madeira vai rapidamente concluir que o que terá pesado (e assim continua) assenta na qualidade de vida, no bem-estar social, na segurança, na estabilidade governamental e, nos últimos anos, no europeísmo que os madeirenses souberam conquistar.
A Madeira - do ponto em que então se encontrava ao ponto onde hoje se encontra – foi a parcela do território português que mais se desenvolveu nos últimos trinta anos. E mais a Madeira não evoluiu porque foi bloqueada, nalgumas iniciativas e projectos de desenvolvimento, pelo governo da República, em Lisboa. Quando hoje vemos as estatísticas da União Europeia dizerem que Portugal foi o Estado membro que menos cresceu, quedando-se, há vários anos, como dos países mais pobres da Comunidade Europeia, devia ser orgulho português saber-se que a Madeira foi das regiões da ultraperiferia europeia que mais evoluiu e que melhor soube investir os fundos comunitários.
O simples equacionar destes dois dados – Portugal pouco evoluiu; Madeira a região que mais evoluiu – transpondo-se para outros patamares concluiríamos que a Madeira teve maior desenvolvimento que Portugal. Aquilo que devia ser orgulho para os governos de Portugal torna-se num pesadelo para os governantes em Lisboa ao ponto de tudo fazerem para que a Madeira fique asfixiada e impedida de manter o seu índice internacional de desenvolvimento. Só por desconhecimento ou pobreza intelectual estas questões são empurradas para o generalismo da independência como se está fosse uma tirania para Portugal e um empobrecimento para os madeirenses.
O que sempre dizemos e defendemos é que quem deve decidir os destinos da Madeira devem ser os madeirenses. Quem cá nasceu, quem cá vive, quem cá trabalha, quem aqui nasceu e daqui partiu para outros países (comunidades). Sempre defendemos a criação de novas Nações, novos Estados, dentro dos direitos e deveres da democracia.
Vejo, também, que o único modo de aproximar e alcançar ou não esta meta reside num Referendo, cujo resultado deve ser soberano. A esmagadora maioria dos madeirenses é quem deve decidir o futuro da Madeira. A própria história deu-nos imensos exemplos durante o século XX, nomeadamente após terminada a II guerra mundial, finais dos anos 40, com a “criação” de novas nações. Num mundo cada dia mais global a medição dos países deixou de ser feita pelo tamanho e sua localização. Todos são países do mundo em mudanças!

01.02.2008

Falar ao País

A mensagem de ano novo do senhor Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, nada de novo revelou para além daquilo que já era do conhecimento dos portugueses. Um ano de 2007 que ficou muito aquém do prometido pelo Governo socialista sobre o qual o Chefe de Estado se limitou a fazer reparos nalgumas áreas e a passar ao lado de muitas outras áreas que puseram o país a marcar passo. Uma mensagem que soou a muito pouco, não deixou válidos auspícios e defraudou expectativas. Nem sabemos se foram muitos ou poucos os portugueses a ouvir o presidente neste “falar ao País”.
Com tanto vazio de conteúdo quando Portugal atravessa uma crise cada dia mais profunda, vendo-se os responsáveis pela governação às avessas e a tomarem decisões muitas das quais sem terem em atenção os reflexos negativos que caem sobre as populações, a mensagem ficou longe daquilo que seria importante abordar com firmeza. O Chefe de Estado falou com extrema prudência, rodeou tudo quanto pode, evitou levantar polémica ou criar hostilidades, optando por dar “nota positiva” ao Governo para que este pudesse passar de ano. Por defeito de profissão académica (Cavaco Silva é professor), terá seguido o princípio do “falso porreirismo” em que todos os alunos têm direito e passar de ano, mesmo com disciplinas cambadas ou chumbadas. Mensagens que visam satisfazer tudo e todos só desiludem.
Para quem ainda estava à espera de uma mensagem a falar de um “novo Portugal” decepcionou-se. As verdadeiras causas foram postas de lado e foram mais as observações simples do que as chamadas de atenção com firmeza. Nem a citação dos vencimentos faraónicos praticados por alguns gestores de bancos e empresas com tutela privada como pública vieram revelar algo de novo. Pelo contrário, o Chefe de Estado deixou passar políticas seguidas pelo Governo que têm sugado ao Orçamento do Estado muitos milhões. Como deixou passar os usos e abusos do Governo da República sobre os cortes financeiros à Madeira assim como as atitudes totalitárias contra os madeirenses. Atitudes que nos fazem recordar que o agora Chefe de Estado foi, para a Madeira, o pior Chefe de Governo da República que os madeirenses conheceram no pós 25 de Abril.
Portugal não é só Lisboa e o Prof. Cavaco Silva, enquanto Presidente da República, deve atender a todos os portugueses, estejam no Continente, nas Regiões Autónomas e nas Comunidades de emigrantes. É fastidioso ouvir um Presidente ou um governante da República falar dos portugueses e em nome dos portugueses quando não os conhecem, nunca os viram e nem sabem o que fazem pelo País. Durante o anterior regime o Chefe de Estado e o Presidente do Conselho de Ministros eram acusados de falarem em nome dos portugueses sem os conhecerem. Estava o País numa ditadura. Intolerável é que parecidos procedimentos surgem agora no regime democrático.
Portugal tem esta sina do fado que aceita os males como ironia do destino e fica bem alinhar pelo lado dos que fazem das derrotas eufóricas vitórias. O Chefe de Estado e o Primeiro Ministro de Portugal têm mostrado até agora serem “fadistas” em fado castiço e em fado gingão, em nada os diferencia da social democracia ao socialismo marxista. Vivem em sintonia: um faz e o outro aprova; um decreta e outro assina por baixo. Procedendo assim quase que seria dispensável haver um governo e um presidente. Uma só figura dava para governar o País e sempre se pouparia alguns milhões.
Portugal está a seguir por um caminho tortuoso e cheio de buracos. A governação socialista em 2007 foi notoriamente desastrosa. A “nota alta” dada pela condução da presidência europeia é manifestamente por delicadeza e simpatia. Não custa nada dar umas palmadinhas nas costas ao “pequenino” Portugal, já que os seus governantes fizeram o que os grandes da Europa mandaram fazer e tiveram verbas à disposição para darem boas recepções. Foi tão em grande a presidência portuguesa da União Europeia que o culminar, ou seja, a passagem de testemunho para Eslovénia não podia ser mais perfeita: o velho Cais da Cidade do Funchal, com pouca gente a assistir, uns passos de dança nómada e o brilho fingidor nos olhos dos intervenientes. Foi a cena do ano Europeu. Para toda aquela “palhaçada” não precisavam vir para o cais da Cidade do Funchal. Faziam em Lisboa e de certeza teriam muito mais gente a assistir.
Portugal afunda-se e não se aprofunda no que de mais precisam os portugueses. Se o Governo falha o Presidente da República dá-lhe a cobertura necessária. Governo e Chefe de Estado parecem ignorar o crescimento da pobreza que se alastra, o meio milhão de desempregados, o crescente aumento do número de empresas na falência e aparecimento de novos bairros de lata. Na sua mensagem de ano novo o Prof. Cavaco Silva preferiu falar dos vencimentos chorudos dalguns gestores esquecendo os salários de miséria que são praticados no País.
Uma oportunidade perdida na mensagem de ano novo. “Falar ao País” sem nada ou pouco dizer, a fazer-se repetir, é pactuar com o deixar-se ficar. Ainda ficam surpreendidos por o Governo Regional e os madeirenses discordarem da actuação do poder central. É o fado português!

03.01.2008

Os menos Mais e os mais Menos

Portugal vai entrar em 2008 com as mesmas crises e as mesmas canseiras políticas que se arrastam há mais de três décadas. Os menos vão continuar a ser os Mais (com mais poder, mais riqueza e mais intervenção, independentemente da capacidade), os mais vão continuar a ser os Menos (nas hierarquias do poder, nas lides económicas e na política, por muita idoneidade que possam ter). As excepções (porque também existem) são em número muito inferior na subtracção Mais-Menos. O retrato social e económico de Portugal, à entrada do oitavo ano do século XXI, é de um país não desenvolvido mas em vias de desenvolvimento.
Os menos vão continuar a ser os Mais, os auto-Mais, os mandões de um Portugal que a Europa não considera como país desenvolvido, que as grandes referências para os europeus e outros povos estrangeiros continuam a ser o futebol (primeiro Eusébio, depois Figo e agora o madeirense Cristiano Ronaldo), o Fado e Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Os ingleses consideram Portugal um destino turístico barato, com um povo hospitaleiro, onde há sol, praia e paisagens. Os hotéis portugueses, com relevo para as unidades hoteleiras madeirenses, são dos melhores da Europa em acomodações, na qualidade do serviço prestado e em preços.
Todo este melhor não tem, todavia, o retorno que mais desejaríamos. Os hoteleiros portugueses passam o ano a lamentar os níveis de ocupação das suas unidades, com as tais excepções, os empregados da hotelaria fazem contas ao apertado salário (o mais baixo da Europa), o sector hoteleiro está sempre a depender de terceiros. Portugal vende serviços e pouco mais e quando a concorrência resolve baixar os preços por idênticos serviços o negócio bate no fundo. O actual governo português considera Portugal “um paraíso” e por isso convida os países asiáticos a investirem em Portugal por reconhecer que o país tem os mais baixos salários da EU.
Pensava-se (e os governantes apressaram-se a fazer prognósticos) que com a guerra no Iraque e a instabilidade no Médio Oriente (cuja hotelaria sofreu um rombo histórico, passando do oitenta para menos do oito), bem como com o 11 de Setembro nos EUA, a Europa, e de um modo particular as ilhas mais próximas do centro da Europa, seria grandemente beneficiada com a opção dos turistas por serem regiões estáveis. Foram vaticínios falhados.
O crescimento do turismo português faz-se por convulsões. Ainda assim, fora este sector, pouco mais se vê noutros sectores económicos. Não há investimento português multiplicador, os grandes grupos empresariais estão a sair do país, o número de empresas na falência não pára de aumentar e Portugal chega a Dezembro de 2007 com mais de meio milhão de desempregados. Portugal é o país da União Europeia que nos últimos anos mais pobreza tem registado, com mais famílias a sobreviver e não a viver, com os governantes a olhar para o umbigo quando o caos social está bem à vista. Donde vem a violência, a insegurança, os aumentos do consumo da droga e da prostituição?
É neste quadro social que os responsáveis “fecham os olhos” que Portugal vai assistindo a uma sociedade mais vulnerável, corrompida e agressiva. Chegamos ao fim de 2007 com um balanço pouco ou nada animador, pouco ou nada auspicioso para 2008. Nem as mensagens que vão desde Sua Santidade o Papa aos governantes políticos, desde os lideres da economia mundial aos “donos” da alta finança, dos mais badalados nos mass media aos anónimos de todo o universo, todos, sem excepção, a pronunciar um Feliz Natal e Próspero Ano Novo conseguem tirar de cima das costas o fardo de dificuldades que os portugueses suportam quando comparados com os povos de outros países que entraram para União Europeia quando era constituída apenas por doze países (hoje 27). Todos se manifestaram a favor da paz no mundo, ao combate à pobreza e aos excluídos, à solidariedade e a uma humanização que seja fraterna e saudavelmente aceite e partilhada por todos. Paroles!
Na prática, o que vemos é que as sociedades parecem estar cada dia mais doentes, doentiamente egoístas, destruindo-se em picardias e fomentadoras de ingratidão. Os homens refugiam-se em coisas do nada, os políticos trocam galhardetes como se a política fosse um jogo de futebol sem regras, os governantes governam com defesas argumentadas sem convicção e os que fazem (ou estão) oposição aos governos agarram-se a todas as fissuras para apresentá-las como deficiências da governação.
O mais é reduzido ao Menos e o menos é promovido ao Mais. Criou-se nas sociedades actuais o gosto pelo pecado, pelo mal feito, pela aldrabice, pela mentira e pelo oportunismo, abrindo alas para a passagem e subida aos pontos mais altos dos que fazem mais ruído ou dos que se movimentam como répteis traiçoeiros. Como escreveu Pierre Daninos: “as lemas estão sempre presentes mesmo quando não as vemos nem se dá pelo rasto que deixam à sua passagem”. As lemas deixam rasto mas há outra lesmas que fazem mais estragos, destroem muito mais, e passam mais despercebidos que a mais pequena das minhocas.
Os governantes portugueses andam há mais de três décadas a falar ao povo que faça poupança, que aperte o cinto, que os impostos têm que aumentar, os vencimentos não podem subir, as carreiras têm de ser congeladas e os anos de trabalho vão ser mais prolongados. Tudo em nome das dificuldades financeiras que o país atravessa…há 30 anos! Paradoxalmente, há dinheiro para obras duvidosas (no timing e na necessidade), há dinheiro para dar a países africanos, há dinheiro para desvarios governamentais, só não há dinheiro para investir nas áreas que possam contribuir para tirar os portugueses do fosso em que os governantes os colocaram em nome da democracia.
Enquanto os menos continuarem a ser os Mais do poder e enquanto não se pedir responsabilidades efectivas aos governantes (gestores dos bens públicos) não podemos esperar por um Portugal melhor. Não é pessimismo, não. É o somatório da idade, da experiência vivida, de uma realidade palpável. 2008 não será diferente.

27.12.2007