quinta-feira, 27 de abril de 2006

Abrilada dos oportunistas

Na Madeira ainda vimos alguns “amigos e amigas de ocasião” a chupar na teta pública e a andar de mãos dadas com a oposição. Fazem questão de aparecer ao lado dos partidários da esquerda, de aconselhar procedimentos contra o poder eleito democraticamente, riem-se dos outros e de si próprios, são uma espécie de camaleões feitos heróis e heroínas do nada.


Gostava de saber o que pensam os falsos heróis e as falsas heroínas acerca do poder político, dos partidos, das ideologias, das guerras entre facções, da cultura e dos intelectuais, dos que militam e defendem acerrimamente a esquerda e são protegidos pela direita. Dizem que a liberdade não tem cor, nem palco, nem obediência, nem se vê submetida à sinceridade e lealdade aos eleitos democraticamente, aos que estão no Governo por via do voto.
Voltei a ver no palco, este ano, na cidade de Machico, os mesmos heróis e heroínas de todos os anos, os mesmos que clamam por alternância, com cravos vermelhos, gritos pela liberdade, cassettes repetidas, canções a um tempo, e muita, muita ânsia em protagonizar aquela valentia do antes quebrar que torcer a fazer remelas aos que são leais aos seus ideais.
A esquerda, anda de rastos em Portugal, só o PCP perdeu 30 mil filiados nos últimos anos, mas dá jeito aparecer no palco dos comícios e das cantigas, desafiar os não alinhados, comer a mesma peça e beber pelo mesmo gargalo. Que se lixe o patrão, o Estado, o Governo e as Autarquias, que são dos partidos que não entram nestas fantochadas, mas são quem garantem o pão nosso de cada dia.
Na Madeira ainda vimos alguns “amigos e amigas de ocasião” a chupar na teta pública e a andar de mãos dadas com a oposição. Fazem questão de aparecer ao lado dos partidários da esquerda, de aconselhar procedimentos contra o poder eleito democraticamente, riem-se dos outros e de si próprios, são uma espécie de camaleões feitos heróis e heroínas do nada.
Gostava de saber o porquê de haver em determinadas áreas, com boas avenças pagas pelos orçamentos públicos, quem tanto faz oposição ao poder democrático madeirense. Quem tanto mal diz, escreve e fomenta calúnias. Quem faz o giro de ida e volta, como se mas ninguém houvesse para fazer mais e melhor do que tais criaturas fazem. Chegaram de mão a abanar, empoleiraram-se à custa do PSD e, com a mesma cara, sentem-se à mesa da oposição e de quem está no poder em Lisboa. São estas as pessoas sem personalidade própria que se foram acasalando no colo dos que nunca fizeram da política um campo de guerra, de lutas tribais e muito menos vomitaram ódios contra os vencedores dos actos eleitorais.
Estes “amigos e amigas da onça” são iguais àqueles milhares de continentais que aplaudiram de pé, no estádio de Alvalade, o Prof. Marcello Caetano e oito dias depois pediam a sua prisão, a sua morte. São capazes de aplaudirem de pé o Dr. Alberto João, fazerem por serem vistos a aplaudir, e de seguida estarem na gamela dos opositores. Há muita falsa intelectualidade, muita desonestidade e muita cobardia.
Fazem o jogo duplo, prostituem-se com a maior desfaçatez e vão usufruindo benesses através das instituições do poder. São os guerrilheiros das emboscadas à falsa fé, que convivem e pegam nas armas do inimigo para combater quem lhes dá o que o inimigo não tem para dar.
As festividades do 25 de Abril que a esquerda promoveu na Região Autónoma da Madeira foram de ofensa aos bons sinais da democracia. Fizeram arraiais com democracia, ofenderam os ideais democráticos e invocaram factos que tão cedo apareceram como cedo se esfumaram nos primeiros meses do golpe de Estado levado a cabo por alguns militares descontentes, porque nunca consideramos o acto do 25 de Abril como de uma verdadeira revolução se tratasse.
Cabe aqui interrogarmo-nos se alguns dos tão celebrados militares “heróis” de Abril, em 74 gozassem das mordomias especiais hoje existentes, nomeadamente em altos salários quando em missões no estrangeiro e facilidades impares no acesso ao ensino superior, teriam também pegado em armas para um golpe militar...
É lamentável o aproveitamento que a esquerda política portuguesa faz do golpe de 25 de Abril, uma abrilada à força das armas e demagogicamente idealizada para colocar no poder um regime comunista. Uma revolução não se faz com cravos no cano das armas automáticas, com ameaças, prisões e atentados violentos e que causaram mortes. Com assaltos à propriedade privada, com nacionalizações abruptas e perseguições sem rei nem roque.
O golpe de Estado em Portugal tem muito por desvendar, de ser contado pela verdade, porque os “heróis e heroínas” não chegaram a viver cheiro das casernas nem ouvir o eco das metralhadoras. A esquerda tomou o poder e logo começaram as ameaças e a ruína económica, financeira e intelectual do país.
Onde estão os Fernando Pessoa, Eça de Queiroz, Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Antero de Quental, Vitorino Nemésio, Miguel Torga, Horácio Bento de Gouveia e tantos outros que se diziam com idênticas capacidades mas que estavam impedidos de escrever no antigo regime? Tudo era censurado!
Festejar Abril, nos moldes em que faz a esquerda e os seus lacaios, é uma ofensa à democracia.
Nem se respeita, como devia ser, a “passagem de testemunho”, a Autonomia, o desenvolvimento da Madeira, a entrada de Portugal na CEE/UE e a adesão à moeda única europeia. A esquerda festejou Abril à boa maneira provinciana, como se ainda estivéssemos a viver no Portugal atrasado do antigamente, da Madeira dos senhorios sob as ordens de Lisboa. Que falta de visão.

quinta-feira, 13 de abril de 2006

Revoltas mal contadas

Alguém escreveu recentemente que a Revolta da Madeira, de 4 de Abril a 2 de Maio de 1931, está mal contada, e nós acrescentamos que ainda mais mal contada está a Revolta de 25 de Abril de 1974. Os factos parecem viver enquanto vivem os seus intérpretes directos (vencidos e vencedores, sejam quais forem), depois aparecem a escarafunchar uns tantos historiadores e escritores, comentaristas e palestrantes, sobre as revoltas e as guerras que não conheceram nem lá estiveram.
A guerra colonial que é tomada como causa para derrubar o Estado Novo está mil vezes contada, acrescentada e descontada. Os heróis são sempre os mesmos, os colonos, as guerrilhas, as reuniões às escondidas na capela do Rato cheia de boas vontades e com a presença de algumas alegadas ratazanas, e outros que não se sabe bem o que fizeram no antigo regime nem de onde vieram, são transformados em “cabeças inteligentes” que com a sua coragem (...) restituíram a liberdade a Portugal!
Basta ver algumas condecorações, o passado de alguns condecorados e como se condecoram os (ditos) melhores por via de verdades e mentiras para que se fica facilmente a saber como todos estes cozinhados são feitos. Temos condecorados que deviam ter vergonha de ostentar a medalha e temos condecorados que deviam orgulhar-se da medalha merecida mas evitem falar no assunto. Para além destes, temos milhares de não-condecorados que mereciam as mais distintas condecorações e foram e são esquecidos, apesar dos actos que praticaram em prol do país e do povo português. Os heróis frustados como alguém já os adjectivou.
Nós tivemos a oportunidade de falar com um dos combatentes madeirenses, entretanto falecido, que participou activamente na Revolta da Madeira de 1931. Fardado, de mauser e baioneta. Não teve medo de enfrentar o exército vindo do Continente, com mais homens, melhores armas, mais balas e apoiados pela artilharia e navios de guerra. Não morreu nas encostas de Machico, onde alguns foram abatidos pelos militares vindos do Continente, porque soube como se movimentar, montar emboscadas rudimentares e ficar sempre foram do alcance dos atiradores continentais que tinham ordens para matar quem lhes fizesse frente.
A Revolta da Madeira está mal contada porque, de tempos em tempos, aparecem uns cavalheiros a escrever sobre aquilo que foi escrito na altura da revolta, usando inclusive as mesmas fotos, e não podemos acreditar que os escritos da época tenham tido a liberdade para relatar toda a verdade dos factos. Muita coisa foi escamoteada, branqueou-se informação e as notícias eram as que eram possíveis, desde que tivessem a concordância do poder. Um escrito esfarrapado, contista, para não dizer nada de nada, apenas que a Revolta de facto existia e que as tropas portuguesas estavam a dominar perfeitamente a situação rebelde.
Um pouco à imagem das notícias que saíam nos jornais editados no Continente, na Madeira e nos Açores, sobre a guerra do ex-Ultrmar (Guiné, Angola e Moçambique). Se numa emboscada ou num confronto de tiros morriam cinco militares portugueses e um “turra”, tropa inimiga, dava-se a notícia que as tropas portugueses infligiram pesada derrota ao inimigo que levou à morte de cinco guerrilheiros (turras) e apenas um soldado português sofreu alguns ferimentos. Eram assim narradas as “verdades” da guerra. Estamos a falar de coisas sérias. Sabem quem fez o 25 de Abril de 1974? Sabem quem fez a Revolta da Madeira 1931? Sabem quem foram os responsáveis pela guerra civil em Angola e em Moçambique depois de ter sido dada a independência a estes países? Sabem o que fizeram aos comandos da Guiné, que lutavam lado a lado com as tropas portugueses, mal foi adquirida a Independência da Guiné-Bissau? Sabem como decorreu o fuzilamento dos militares portugueses em Timor? Sabem porquê houve necessidade de haver uma FLAMA, na Madeira, e uma FLA, nos Açores?
São muitas histórias muito mal contadas. Mas pensamos ter chegado à altura, sem ódios, de alguém contar a verdadeira história. Da Revolta da Madeira, da FLAMA, da FLA, dos partidos políticos no 25 de Abril de 1974 e das pessoas que tudo fizeram para transformar a Madeira à imagem da pobre e isolada ilha de Fidel de Castro (Cuba).
O que se fez contra a Madeira e contra o povo madeirense, a maneira como se apoderaram dos ficheiros da PIDE/DGS, na rua da Carreira, e dos ficheiros e de todo o património da UN/ANP, na avenida de Zarco, está por contar. Se um dia for feita a história destes factos objectivamente haverá quem ficará com vergonha de ostentar condecorações e talvez de sair à rua.
Que não se deixe a história dos factos ser deturpada nem os nossos jovens sem saber a verdade dos factos. A Madeira ultrapassou os obstáculos do comunismo e de toda a outra denominada esquerda folclórica e está como está, porque houve Homens que souberam enfrentar as violentas ameaças e combateram a ditadura que a esquerda queria a todo o custo impor.
Voltaremos ao tema.

Boas Páscoas, a todos.

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Universidade da Madeira merece respeito

Os intérpretes destas desagradáveis cenas, que não estão apenas a pôr em causa o bom nome da Universidade da Madeira, possivelmente, ainda não se aperceberam do impacto negativo que tais confrontos (alguns a roçar a brejeirice) tem na comunidade madeirense, na família e particularmente nos estudantes de hoje e do futuro, pela imagem negativa que transmitem para o exterior, para todo o meio académico.




É urgente por um ponto final às desavenças e ter o maior respeito pela Universidade da Madeira. A confusão só favorece os detractores e os menos capazes e a história diz-nos que o saber não tem proprietário, nem nome. É necessário usar a razão.
O caso da Universidade da Madeira tem dado lugar a um chorrilho de disparates por parte de pessoas que deviam respeitar em primeiro lugar a Universidade, em segundo lugar a comunidade académica e em terceiro lugar a Região Autónoma e o País no seu todo.
Estamos a falar de uma instituição de ensino superior, de funcionários públicos independentemente do seu grau académico, de uma área que deve merecer todo o respeito por parte de todos os que nela trabalham, do contínuo ao Reitor, dos estudantes e da comunidade em geral. Colocar desabridamente a UMA na praça pública, como veio a acontecer, é degradante para quem integra a nobre instituição de ensino superior.
É completa falta de senso, haja ou não razão desta ou daquela parte.
Uma Universidade, não é um qualquer estabelecimento de ensino como não é lugar para lutas de poleiros, indignidades intempestivas e abordagens públicas como o lavar de roupa suja, algumas das quais claramente exibicionistas, não respeitado aquilo que é o segredo ou sigilo devido por qualquer instituição credível.
Os intérpretes destas desagradáveis cenas, que não estão apenas a pôr em causa o bom nome da Universidade da Madeira, possivelmente, ainda não se aperceberam do impacto negativo que tais confrontos (alguns a roçar a brejeirice) tem na comunidade madeirense, na família e particularmente nos estudantes de hoje e do futuro, pela imagem negativa que transmitem para o exterior, para todo o meio académico.
Quando alguém, com responsabilidade de docente da universidade, vem para a comunicação social afirmar que pode estar em causa o futuro da UMA é dar uma de derrotismo, desconhecer, desrespeitar e estar completamente alheio à luta titânica das entidades governamentais da Região para conseguir que a Madeira viesse a ter uma universidade, (embora não seja a UMA a primeira universidade criada na Região!).
Sabemos que a Universidade da Madeira tem opositores e que nunca foi bem recebida ou acarinhada por certos sectores políticos, situação que se enquadra na recusa doentia de dotar a Região de tutela sobre a nossa Universidade.
Posicionamentos contrários de opiniões acontecem em todas as universidades e institutos de ensino superior, em todos os estabelecimentos académicos, em todos os governos, ministérios, repartições e em todo o mais, no país e no estrangeiro.
A única diferença está na forma e no modo como as diferenças são geridas, com respeito mútuo e com a clara noção que, fora de todas as opiniões, é sempre o chefe quem tem a última palavra.
Enganam-se aqueles que pelo facto de discordarem ou virem para a comunicação social, e por outros meios “atirar pedras” num determinada direcção para atingir um seleccionado objectivo, que saem vencedores, que pretensamete mostraram ser os melhores, que são os mais competentes. Estamos fartos de ver cenas semelhantes na política, nos governos e em todos os partidos, em Portugal e no estrangeiro, o resultado final pende sempre negativamente para os opositores.
Fico desencantado com todo este alarido em redor da “nossa” Universidade. Fico eu e ficam todos os madeirenses que sabem o muito que custou a criação da UMA, dos seus antecedentes até agora.
Os esclarecimentos que foram sendo dados era melhor que tivessem ficado calados. Prejudicaram seriamente a UMA, abriram um grave precedente e deixaram manchas que não serão esquecidas facilmente, como é, a opinião e eco de grande parte ou totalidade, dos madeirenses com quem falamos sobre a situação da UMA.
O falatório à volta da “nossa” universidade desceu muito baixo, chegou ao miserabilismo, e há que tomar medidas para que estas cenas não venham a acontecer. A Madeira não é uma região qualquer no quadro da Comunidade Europeia, não pode permitir esta “má língua” ou tudo quanto possa manchar o bom nome da região, seja a que nível for.
Gostaria que a Região Autónoma da Madeira, podesse um dia, orgulhar-se de ter um verdadeiro Polo Universitário Universal que, pela excelência dos Cursos e dos respectivos Docentes, viesse verdadeiramente constituir um Polo de Ciência de renome internacional. Julgo que este desiderato, a médio ou longo prazo, poderá ser muito mais que um mero sonho ou desejo.